quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O Crepúsculo de Avalon (Anna Elliott)

Rainha Suprema e viúva de Constantino, acabado de morrer, Isolda vê-se envolvida num mundo de conspirações. Espera-se do conselho do rei que um novo Rei Supremo seja escolhido para liderar as hostes na guerra contra os saxões. Mas só Isolda sabe, com o seu mundo de memórias e Visões reprimidas, que Marche, o favorito de todos, tem, afinal, outros planos para o poder.
O mito arturiano tem sido explorado por toda uma diversidade de autores, cada um com a sua própria forma de contar a lenda. Anna Elliott, num estilo que, inicialmente, faz recordar "As Brumas de Avalon" (principalmente devido à Visão de Isolda), retoma a história um pouco mais tarde, depois da morte de Artur e Mordred, para nos contar a história de Isolda e do seu lendário amor por Tristão. A escrita é fluída e envolvente, e o enredo, profundamente emotivo, mas também caracterizado por um constante suceder de eventos, quase sem momentos mortos, fazem deste livro uma leitura compulsiva.
Para mim, o ponto mais alto desta obra é a caracterização emocional e psicológica das personagens, tão forte que, desde cedo, é criado um laço entre o leitor e os protagonistas. Este aspecto atinge o seu auge na figura de Tristão, que passou a ser uma das minhas personagens preferidas, com o seu humor descontraído como máscara para uma vida de sombras, mas governada por princípios nobres e uma coragem inegável. Também de referir a forma imprevisível como os acontecimentos se sucedem. Não podendo confiar em ninguém, vemos as personagens que cruzam o caminho de Isolda como se sentíssemos os seus próprios receios, e as opiniões que ela acaba por formar acabam, por vezes, por se revelar erradas, impedindo o leitor de prever, antecipadamente, quem são os intervenientes de muitas das intrigas.
Por último, o final deste livro, sendo o primeiro volume de uma trilogia, deixa muito em aberto, principalmente no que à relação entre os protagonistas diz respeito. Ainda assim, as revelações dos últimos capítulos, juntamente com a insinuação de parte do que fica por dizer, completam este volume de uma forma magnífica.
Para os apreciadores do romance histórico (com laivos de fantasia), da mitologia celta e do romance arturiano, este é um livro a não perder. Pode não ser, em alguns aspectos, a mais original das abordagens ao tema, mas sem dúvida que a sua leitura vale a pena.

3 comentários:

  1. Eu gostei da sinopse mas uma pergunta (já que não sou muito fã de romances históricos) fez-me lembrar talvez um pouco Juliet Marillier (don't ask why) os temas são abordados da mesma maneira? Ou é mesmo romance histórico? :)

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  2. Bem, os aspectos mágicos não estão tão presentes como nos livros da Juliet. Existe alguma magia (a Isolda tem a capacidade de Ver coisas do futuro), mas não está tão presente como, por exemplo, em Sevenwaters. Em comum com a Juliet, tem a escrita emotiva, transporta-te mesmo para os sentimentos da personagem. E, em termos de História, não é nada cansativo.

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  3. Vi este livro à venda antes do Natal, mas como ainda não tinha lido nenhuma opinião preferi esperar. Há tantos livros a abordar os contos arturianos que, apesar de ficarmos de orelha em pé com a sinopse, é sempre de ficar um pouco de pé atrás.
    Obrigado pela tua opinião. Já foi para a minha "wishlist". E Parabéns pelo blog.

    Bom Ano.

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