quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Novidades Papiro para Outubro

Daniel Costa, por natureza tímido, sempre sentiu necessidade de escrever para expressar ideias e sente o acto como, necessariamente solitário, ao mesmo tempo a conversar com uma vasta plateia.
A partir daí, pensa mais nos outros, no que gostarão de ler. Embora se sirva da sua experiência de vida, para expor ideias. Sem isso lhe importar, acaba mesmo por a reflectir.
Porque ama o mundo, em si, é sempre no outro que pensa. Esse é o seu modo de estar na vida. O que escreve pode por vezes parecer ficção, mas a incrível realidade pode ultrapassá-la.
José Augusto Roussado Pinto, um jornalista e escritor multifacetado, seu amigo pessoal, por este uma vez questionado sobre certos assuntos a parecer inverosímeis, tratados no Jornal “O Incrível” que criou e dirigia respondeu: - “Limito-me apenas a escrever a realidade!...”
Na verdade, Daniel Costa chegou também à conclusão não ser necessário ficcionar. A sua escrita reflecte a sua vida, as suas observações, parecendo ficção.
No entanto o realismo está sempre presente.

«Desde os clássicos — veja-se a Odisseia de Homero — que o papel do cão no mundo humano é salientado como uma presença benéfica. Sabem também disso as crianças através dos seus livros, onde quase sempre surge uma personagem divertida e protectora, de quatro patas e focinho molhado. (…) Acima de tudo, na literatura o cão tem uma função de suporte à personagem principal, quer como fiel companheiro dotado de capacidades de sobrevivência superiores às humanas, quer assumindo — não raras vezes — um valor simbólico ou até hiperbólico, ao salientar determinado sentimento ou ponto de vista. (…)
Mais ou menos amigo, o cão de Jorge Neto de Melo continua a ser o reflexo inocente das nossas vergonhas, da velha miséria humana — a qual é tão obscenamente solitária que, até quando transposta para a literatura, necessita de um companheiro.»

Em 1971 inicia a sua actividade literária, só tornada realidade em 1982. Durante vários anos foi colaborador da imprensa regional, inclusive algarvia, entre os quais se destaca «A Avezinha». Em 1983 filia-se no Movimento de Escritores Novos (MEN), e participa nas colectâneas «Madrugada 3 e «Madrugada 4» e publica Retalho do Infinito (Ed. Autor). Em 1987 participa numa Antologia da Editora Minerva e, em 1990, na VII Antologia de Poesia Contemporânea, que contou com a participação de 135 autores de 40 países distintos, organizada por Luís Filipe Soares. Em 1998 edita Pontos Poéticos. Em 2001 edita A Cor do Silêncio (Ed. Hugin). Em 2003 escreve a peça de
teatro Farrapos de Guerra, estreada no Auditório da Câmara Municipal de Albufeira a 15 de Novembro de 2003, integrada na II Conferência Sobre a Guerra Colonial e as Suas Consequências Sociais, com a organização da responsabilidade do Clube Escolamizade de Albufeira.
Em 2005 tem no prelo Pomar de pó e de mar (Poesia), em 2007 publica o romance O Evangelho da Savana e em 2008 colabora na II Antologia de Poetas Lusófonos (Ed. Folheto de Leiria).
Obteve uma Menção Honrosa em poesia livre nos Jogos Florais da Festa da Pinha Estói (2009).
A Canção da Amizade é um conjunto de contos que agora vem a lume sob a chancela da Papiro Editora.

Estonteante como imperceptível essa rapidez com que passam os dias e os anos, consumindo vorazmente o tempo que, connosco, se vai interpondo entre o berço e a tumba. Mas as memórias… ah! Essas ficam e vão passando de geração em geração, na tentativa de se eternizarem e dar testemunho das razões que subjazem à evolução que o mundo experimenta na permanente busca de fórmulas e de verdades que nunca, ou dificilmente, serão plenas e finais.
Assim sendo, é no espírito dessa missão que o presente romance se assume e, como condutor de imaginário veículo, se propõe a transportar o leitor, num interessante percurso temporal e transversal à vida portuguesa nos conturbados anos de profunda transição política, em que se vivia procurando libertar as últimas amarras da ditadura e ensaiar os primeiros passos em democracia. Terá valido a pena? A dúvida persiste nos que são cépticos, até perante a maior evidência, porém, não poderão ignorar que o bem‑estar do presente – se é que ele existe – é, também, fruto das terríveis dores e angústias já sofridas por uma sociedade que avança corajosa sobre o chão movediço que percorre.

Álvaro Góis (pseudónimo) nasceu em Novembro de 1947. Considerado um autodidacta de relativo sucesso, é um amante do conhecimento; de literatura e poesia – área onde é autor do livro Pontos de Fuga e co-autor de Da Luz e da Sombra, antologia publicada por iniciativa da Papiro Editora.
Experimentando a acalmia da vida mais madura, e numa firme vontade de prosseguir, apresenta agora o seu primeiro romance, Nuvens Cinzentas de Maio.

Estes Sítios da Memória situam-se entre a Figueira da Foz e o Algarve.
A morte de um golfinho numa praia deserta, uma conversa no piano-bar, um papagaio improvisado num jardim de bairro ou uma noite na discoteca servem aqui de pretexto para Isabel Bracourt escrever o efémero, a solidão e o insólito que acontecem à sua volta, fazendo um contraponto entre o presente e passado.

Isabel Bracourt nasceu na Figueira da Foz. É licenciada em Filologia Germânica pela Universidade Clássica de Lisboa, tendo frequentado a Faculdade de Letras em Coimbra. Leccionou em várias escolas do Ensino Básico 2º e 3º ciclos, desde S. Miguel, Açores, até ao Algarve, passando pela sua terra natal. Terminou há pouco tempo a sua carreira docente em Portimão, onde reside. A sua ânsia de conhecimento levou-a a viajar por vários lugares do mundo, como Malta, Sicília, Cuba, Brasil e Índia. Sítios da Memória é o seu primeiro livro publicado, agora, sob a chancela da Papiro Editora.

«Desde a sua criação até hoje, o nosso planeta e outros do nosso sistema solar receberam visitas celestes de várias partes do Universo. Visitas que deram origem ao aparecimento de religiões, lendas e mitos, e até de povos que se autoclassificam como visitantes da Terra.
Com eles, chega também um verdadeiro conhecimento tecnológico que fornece aos povos da Terra a evolução de que tanto necessitavam.
É minha pretensão divulgar algumas lendas, mitos e escrituras sagradas de todo o mundo que falam destes seres das estrelas como missionários da evolução da humanidade, dando exemplos de civilizações que escolheram esta Terra com o intuito de a colonizar ou permanecer nela por algum tempo.»

António José Rato Alves, 43 anos, natural do Vimieiro — Alto Alentejo —, dedica-se desde os 13 anos de idade ao fenómeno da Ovnilogia.
Viaja para os Estados Unidos da América em 1987, onde reside até 1998 no Estado de Connecticut, na cidade de Danbury, ano em que regressa a Portugal.
Membro do MUFON (Mutual UFO Network) até hoje, contacta a APO (Associação de Pesquisa OVNI — Objecto Voador Não Identificado, onde dá uma entrevista com o actual presidente da associação, Luís Aparício. Tem-se dedicado à investigação deste fenómeno toda a sua vida.

Lisaha versa sobre o amor e a perda dele. Centra-se num casal separado, e na falta de interesse pela vida quando se deparam com o vazio. Aqui, enquanto seguimos Pedro numa viagem que muda radicalmente a sua vida, vamos sabendo de outra, a de Leonor, colateral mas semelhante. São viagens às suas próprias profundezas, ao (re)conhecimento do amor e à tomada de consciência de que tudo se tinha dissolvido, parecendo que já nada fazia sentido.

Miguel Esteves Pinto nasceu em Lisboa e conta 29 anos. Cedo desenvolveu um gosto pelas artes em geral e pela música em particular, muito influenciado pela estética do Rock ‘n´Roll dos anos 60 e 70. Ao longo do seu percurso académico, demonstrou uma aptidão fora do comum para as línguas, e uma afinidade crescente com a literatura por um lado, e com a fotografia por outro. Depois de uma breve passagem pelo curso de Direito, concluiu a sua licenciatura em Jornalismo, tornando-se ao longo desse período hábil fotógrafo amador, e voraz audiófilo.
Posteriormente, fascinado pela fotografia, frequentou o curso de fotografia do IPF, tendo já exposto em vários palcos das artes e noites lisboetas.
Um dia decidiu escrever. Deu-se bem. Escreveu mais. Esta obra é a face visível de um processo de aperfeiçoamento técnico e maturação desde esse dia, a par do progressivo aprofundamento intelectual que tem vindo a revelar em diversas disciplinas. Lisaha falará de si, por si, ao leitor.

Escrever não é fácil. Escrever poesia é muito difícil. Mostrar a poesia que se escreve é, além de delicado, um acto de coragem. Mas a coragem, a força, o ânimo, o entusiasmo e o arrojo só são possíveis quando algumas pessoas estão ao nosso lado. E foi graças a essas pessoas que este livro nasceu! Das palavras do seu autor vê-se o seu retrato, porque nelas estão espelhadas várias situações vividas em diferentes fases de uma vida bem cheia. Das palavras do seu autor nasceu este livro de poemas que mais não são do que fragmentos de memória, pedaços da sua própria existência, transparências da sua própria alma.
É, pois, através da palavra poética que o autor se mostra: despido de vergonha, ausente de receios, capaz de mostrar aquilo que ao longo de toda uma vida foi guardando nos mais diversos suportes de escrita.
Neste livro que agora nasce, nasce também um libertar dos sonhos, pois é de diferentes temáticas que este livro vive: do sonho, do medo, da morte, da natureza, da ausência, do amor, em suma, da vida!

José Luís Cordeiro nasceu a 13 de Abril de 1963, em Santarém.
Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, Variante de Estudos Portugueses e Franceses. Ingressou na carreira docente no ano lectivo 1989/90.
É professor de Língua Portuguesa e de Português no Quadro do Agrupamento de Escolas José Relvas, em Alpiarça, onde desenvolve – em parceria com outro docente – um projecto de escrita criativa e lúdica.
Pai de dois filhos, reside actualmente na vila ribatejana de Alpiarça.

Novidade Civilização para Outubro

Título: Heresia
Autor: S. J. Parris
Título Original: Heresy
Tradução: Isabel Baptista
Páginas: 448 pp.
Preço PVP: 18,90 €
Lançamento: Outubro 2010

SINOPSE
A estreia do monge Giordano Bruno, mágico, cientista e herege, numa nova série de thrillers históricos para fãs de C. J. Sansom e da Inglaterra da época de O Nome da Rosa.
Inglaterra, 1583. Um país inundado pela paranóia e pela conspiração, mas um porto de abrigo para um monge radical em fuga. Giordano Bruno, com as suas teorias de astronomia, fugiu da Inquisição para a corte de Isabel I. Ali, atrai as atenções de Francis Walsingham, chefe dos espiões e inimigo dos conspiradores católicos. Bruno é infiltrado na Universidade de Oxford, que se crê ser um antro de dissidentes franceses. Rapidamente Bruno dá por si envolvido nas intrigas do colégio universitário e distraído por uma bela jovem. Pouco depois, começa a investigar uma série de assassinatos horríveis, relacionados entre si por cartas com pistas. As cartas sugerem que as vítimas eram culpadas de heresia. Mas estará Bruno a ser ajudado ou induzido em erro, ou será ele o próximo alvo? Perseguindo um assassino astuto e determinado pelos claustros sombrios de Oxford, Bruno apercebe-se de que nem sempre os sábios conseguem distinguir a verdade da heresia. Mas alguns estão prontos a matar por ela!

“Um thriller histórico evocativo de uma época e bem escrito.”
The Guardian

“Parris entrelaça factos históricos e compreensão da psicologia humana quando Bruno, um humanista perigosamente avançado para o seu tempo, principia a sua demanda para acender as luzes do Iluminismo na Europa.”
The Times

“Uma história rica, sombria e absolutamente cativante, com um ritmo perfeito e povoada por um magnífico elenco de personagens.”
Mark Mills

“Fascinante… O período é incrivelmente realista e a história absolutamente cativante.”
Conn Igulden

A Criança em Ruínas (José Luís Peixoto)

Parte inocência, parte obscuridade, parte imagem de algo onírico e surreal. Neste conjunto de poemas, há algo de estranho e de sensível, de trágico e de apaixonado, no reflexo quase impossível de algo que se perdeu, mas que parece deixar marcas em cada passo do caminho. Há imagens peculiares, evocações arrepiantes, sentimentos tenebrosos e ritmos que parecem evocar melodias indistintas. E cada poema parece ser, ao mesmo tempo, pessoal e improvável.
Alguns dos poemas são densos, difíceis de decifrar, tantas são as imagens e os possíveis sentidos por detrás das palavras. Outros são simplesmente intensos, como se trouxessem consigo sentimentos que é impossível ignorar. E, se nem todos me cativaram da mesma forma, o facto é, ainda assim, que vários houve que me ficaram na memória bem depois de terminada a leitura. E é essencialmente por isso que fiquei com vontade de ler mais deste autor. Gostei.

Novidade Guerra & Paz

A primeira tradução portuguesa de Escritos Pornográficos chega esta semana às livrarias. Com ilustrações de Pedro Vieira, esta obra expõe a «Liberdade» – título de um dos textos – de amar sob todas as formas, da dimensão carnal do amor, que revela as suas luzes e sombras.
Esta obra reúne diversos textos, irreverentes e com um apurado sentido de humor, em prosa e poesia, e é precedida de um ensaio sobre a «Utilidade de Uma Literatura Pornográfica».
Cinquenta anos depois da morte de Boris Vian, a Guerra & Paz reinventa um dos livros mais originais do provocador autor que, ainda hoje, inspira e cria polémica.

«Sexualmente, quer dizer, com a minha alma.»
Boris Vian

Boris Vian (1920 – 1959) nasceu em Ville d'Avray, e ao mesmo tempo que foi escritor, foi também músico, cantor, tradutor, actor, inventor e engenheiro. Um dos escritores franceses mais importantes do século XX, deixou-nos uma vasta obra que inclui poesia, romances, contos, entre outros.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A Águia do Império (Simon Scarrow)

Quintus Licinius Cato é um dos novos recrutas da Segunda Legião. É também alguém com protectores poderosos. Ainda que a sua forma de ser, adaptada essencialmente à vida no palácio, não lhe augure um bom futuro na vida militar, Cato traz consigo uma ordem das mais altas instâncias e é essa mesma ordem que lhe garante um lugar pelo qual muitos outros soldados teriam de se esforçar durante anos. Este posto, contudo, não lhe garante uma vida mais fácil e, para provar a sua coragem e um valor que justifique a sua posição, Cato terá de enfrentar várias dificuldades.
Envolvente, com uma escrita e um ritmo muitíssimo agradáveis, este é um livro que, desde muito cedo, transporta o leitor bem para o centro da vida das legiões romanas. O treino militar e, depois, as situações de batalhas, são descritas de forma cativante e, além disso, o aspecto mais pessoal - e, por vezes, emocional - não é descurado. Na verdade, a situação quase constrangedora de Cato, perdido num mundo do qual não conhece praticamente nada (mas, ainda assim, disposto a triunfar) desperta uma simpatia quase imediata para com o jovem. E é o crescimento de Cato, através da sua natureza desastrada, da persistência e de uma crescente coragem que se vai revelando, e de valores estranhamente bem definidos num cenário onde o interesse pessoal parece ser soberano, o elemento que mais desperta interesse em toda esta história.
Mas nem tudo se resume a Cato e há outros que, na sua diversidade de temperamentos, se revelam personagens cativantes. Aqui, o principal destaque irá inevitavelmente para Macro e, principalmente, para Vespasiano, que, sob a sua figura severa de superior, parece esconder um homem de grande nobreza. E se há personagens que fascinam, outros há que despertam ódios quase imediatos (Pulcher) e outros cuja verdadeira natureza permanece durante uma boa parte do enredo como um verdadeiro mistério.
Todos estes elementos dão envolvência e força emotiva a uma história que, apesar da inevitável componente bélica, não se resume às batalhas, reflectindo também intrigas, traições, enganos... e paixões, semeando questões para depois apresentar respostas que deixam ainda outros enigmas por resolver.
Intrigante, viciante, com grandes personagens e um enredo envolvente, A Águia do Império é, em suma, uma bela leitura e o início de uma série que promete ter muito com que surpreender.

Diário de uma Totó (Rachel Renée Russell)

Nikki acaba de entrar para uma nova escola e a sua maior preocupação está em ser popular. Por isso, quando, em vez do telemóvel topo de fama que esperava, a mãe lhe oferece um diário para que possa comunicar os seus sentimentos, ela não acha muita piada. Mas o ano lectivo ainda está apenas no início e as situações constrangedoras, improváveis e até mesmo surreais não vão faltar.
A primeira coisa que chama a atenção neste livro é o aspecto visual, a fazer lembrar, com as linhas, o tipo de letra e as ilustrações ao longo do texto, um verdadeiro diário. Na verdade, é provavelmente este aspecto o ponto mais positivo de todo o livro, que resulta visualmente bastante apelativo tendo em conta o público alvo.
A história de Nikki tem os seus momentos interessantes, principalmente no que toca às amizades (tanto as verdadeiras como as motivadas pelo interesse). Ainda assim, estes momentos mais cativantes, onde uma mensagem importante parece ganhar força, estão intercalados com uma grande centralização na importância de se ser popular e, consequentemente, numa talvez excessiva preocupação da parte da protagonista com objectos e circunstâncias algo fúteis. Também fazem parte da vida, é um facto, mas parecem-me um pouco excessivas e acabam por criar algumas situações um pouco improváveis na história de Nikki.
Destinado a um público evidentemente juvenil, este Diário de uma Totó é um livro que, apesar dos seus pontos positivos, acaba por perder um pouco para as preocupações menos relevantes. Interessante e bastante envolvente, teria talvez beneficiado de um pouco mais de profundidade em certos assuntos.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sem Sangue (Alessandro Baricco)

Do seu esconderijo escuro, Nina ouve a discussão entre o pai e os homens que vieram para o matar. Depois a violência toma posse da situação e apenas a morte parece reinar. Mas quando um dos assassinos abre o alçapão e encontra Nina, acaba por decidir esconder a sua presença e fingir não ter visto ninguém. Este acontecimento marcará a vida de ambos e o que farão depois... até que, passado muito tempo, se voltam a encontrar.
É difícil explicar totalmente os sentimentos que este livro provoca. Constituído por duas partes muito diferentes em tom e intensidade, mas ambas marcadas por uma escrita cativante e plena de sentimento, o caminho de Nina marca intensamente, ainda que a totalidade da sua história se leia em poucas horas.
A primeira parte é violenta, cruel, por vezes arrepiante no impacto com que a morte entra na vida da criança, escondida na escuridão enquanto a fúria e os gritos (e, depois, o silêncio, chegam até si). Na segunda, Nina cresceu. Tornou-se uma mulher em busca dos homens que lhe destruíram a vida. E, na conversa quase calma que ela mantém com o homem que lhe matou o pai, é revelado, com grande poder ainda que de forma sucinta, o efeito que aquela morte distante exerceu sobre a sua vida e a pessoa em que Nina se transformou.
Mas nem só de morte e de ciclos de vingança vive esta história. Se Nina é a força de persistir perante uma vida marcada, Tito, por sua vez, é a oscilação entre extremos de cobardia (que o mantiveram em acção depois de terminada a suposta guerra), actos de uma coragem quase incompreensível e, por fim, uma resignação quase impossível de conceber. E são estes dois, estas duas forças em conflito com a memória do passado, que marcam a intensidade emotiva desta história que, apesar da sua brevidade, deixa na mente do leitor uma impressão duradoura.
Intenso, emotivo e, por vezes, perturbador, um livro que permanece bem depois do virar da última página, e que reflecte, mais que na elaboração das palavras, na força dos sentimentos, o verdadeiro efeito de um acto na vida que continua. Muito bom.

Novidade Sextante

Romance, ficção documentada, relato das errâncias de um narrador europeu do século XX através do universo mental do iluminismo, A Cidade do Homem é a biografia imaginada de António Dinis da Cruz e Silva (1731-1799), magistrado e poeta árcade que viveu, trabalhou e poetou em Portugal e no Brasil. Participante ativo nas polémicas que, durante o consulado de Pombal, agitaram o Reino e a Europa, foi juiz militar em Elvas e autor de O Hissope, sátira à querela protocolar entre o bispo e o deão da Sé da cidade alentejana. Presente desde o início no imaginário do protagonista, o Brasil torna-se o cenário da narrativa com a transferência de Cruz e Silva para a Relação do Rio de Janeiro em 1776. A partir desse ano, servidor da Justiça e de Apolo, julgou e poetou nas capitanias do Sul, sobretudo em comarcas do Rio e de Minas, privando com os juristas e árcades locais. Em 1792, seria membro do tribunal que julgou e condenou na capital do Brasil os inconfidentes mineiros, entre eles os seus companheiros mais próximos nas lides judiciais e na poesia. Numa digressão através da História e das ideias em busca da polis racional, A Cidade do Homem centra-se na condenação dos conspiradores à morte ou ao degredo, evocando uma época que, na Europa, em Portugal e no Brasil nas vésperas da independência, prenunciou os antagonismos e as hecatombes do nosso tempo.

Quando os Vampiros Amam (Rui Sousa)

De temática algo obscura e estrutura bastante variável, este pequeno livro contém um conjunto de poemas que, entre o sinistro, a força de uma paixão e as diferentes expressões de adversidade, engloba, numa diversidade de temas, uma essência bastante negra de uma visão perante o mundo. E o que mais me chamou a atenção foi precisamente a temática, a postura do autor perante as diferentes situações e emoções abordadas em cada poema. Existe uma obscuridade quase constante, de facto, mas expressa de diferentes formas e, apesar de tudo, com algumas conotações positivas por entre o soturno e os pequenos toques de morbidez. Assim, as ideias e o sentimento estão lá e são estes elementos que tornam o livro interessante.
Por outro lado, se a mensagem tem potencial, algumas opções há, em termos estruturais, que parecem limitar a sua expressão. Numa boa parte dos poemas o autor opta pela utilização da rima e, ainda que nalguns dos poemas o resultado seja bastante interessante, outros há em que o ritmo parece ficar um pouco comprometido, passando a sensação de algo um pouco forçado.
Interessante, em suma, e com bastante potencial, ainda que não me tenha cativado por completo, por me ter deixado a sensação de que a temática poderia ter sido mais livremente (e longamente) explorada não fossem as barreiras da rima. Bastante forte, ainda assim, em termos de conteúdo, o que me deixa curiosidade em conhecer futuras obras do autor.

Em Chamas: segundo volume da série Os Jogos da Fome a 6 de Outubro

Título: Em Chamas – Os Jogos da Fome – Livro II
Autora: Suzanne Collins
Título Original: Catching Fire – The Hunger Games – Book 2
Tradução: Jaime Araújo
Páginas: 268
Colecção: Via Láctea Nº 90
PREÇO COM IVA: 14,90€
Código de Barras: 978972234425
Data de Publicação: 6 de Outubro 2010

Pela primeira vez na história dos Jogos da Fome dois tributos conseguiram sair da arena com vida. Mas o que para Katniss e Peeta não passou de uma estratégia desesperada para não terem de escolher entre matar ou morrer, para os espectadores de todos os distritos foi um acto de desafio ao poder opressivo do Capitólio. Agora, Katniss e Peeta tornaram-se os rostos de uma rebelião que nunca esteve nos seus planos. E o Capitólio não olhará a meios para se vingar…

Suzanne Collins é autora de literatura infanto-juvenil e argumentista de programas televisivos infantis, nomeadamente para a Nickelodeon. O primeiro volume desta trilogia esteve no top de bestsellers de diversos jornais e revistas norte-americanos durante várias semanas consecutivas e foi considerado o melhor livro de ficção infanto-juvenil de 2008 pela Publishers Weekly e pelo New York Times.
Mais informações em http://www.suzannecollinsbooks.com.

«Em Chamas não só correspondeu às minhas expectativas, como as superou. É tão emocionante como o anterior volume desta série, mas é ainda mais arrebatador, agora que as personagens nos são familiares e que partilhámos as suas aflições.»
Stephenie Meyer

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O Santuário Perdido (Raymond Khoury)

Nápoles, 1749. Raimondo di Sangro confronta o marquês de Montferrat com o conhecimento do seu segredo e a necessidade de o revelar, se quer continuar a viver. Bagdad, 2003. Um laboratório clandestino, local de experiências macabras, é descoberto pelo exército norte-americano. Líbano, 2006. Evelyn Bishop é abordada por um antigo conhecimento de trabalho que tenta vender-lhe um livro antigo. Na capa, a forma do Ouroboros anuncia uma relação com o passado. Mas o livro esconde um mistério maior do que poderia apresentar e são demasiados os que querem o livro. Estando dispostos a tudo para o alcançar.
Pequenos elementos históricos, o amplamente explorado mito da busca dos alquimistas pela juventude eterna e uma situação onde a necessidade de revelar um segredo que poderia mudar o mundo colide com o medo ante as consequências de tal revelação. São estes os pontos base desta intensa aventura, de ritmo quase compulsivo e onde a acção é praticamente constante. Na verdade, se esta já desempenhava um papel importante em Scriptum - O Manuscrito Secreto, o outro romance do autor publicado por cá, neste livro a acção é quase incontornável, sendo menor a contextualização em termos da lenda e dos elementos místicos que estão na base da busca e maior a série de perseguições e confrontos que se vão sucedendo ao longo do enredo.
Os momentos mais cativantes, em termos de desenvolvimento de personagens, são, por isso, os recuos até ao passado, quando o autor faz uma pausa na frenética aventura de Mia Bishop para mostrar um pouco do percurso de Montferrat e Di Sangro, com os seus antagonismos e tentativas frustradas de conseguir cada um os seus objectivos. Acaba por ser esta relação de longa e persistente (mas não exaustivamente detalhada) perseguição de um segredo o aspecto mais envolvente, principalmente se comparado com a relação - que vai sendo insinuada, mas que só na fase final é revelada - entre estes dois homens e as duas forças em conflito da história principal (Kirkwood e o hakeem).
Ainda um aspecto a referir no que toca à estranha oposição entre os dois homens que, ao longo de grande parte do enredo, acompanham o percurso de Mia Bishop. Tanto Corben como Kirkwood têm planos maiores que o que dão a entender e os atritos entre eles, bem como a dificuldade em compreender as suas verdadeiras intenções, dão à história uma nova vitalidade, já que nenhum dos supostos protectores de Mia é tão heróico como seria de esperar neste tipo de livro.
Uma leitura agradável e bastante envolvente, ainda que deixe, por vezes, a sensação de que mais poderia ter sido dito sobre a tão importante busca da juventude eterna que é, no fim de contas, a força que move grande parte dos intervenientes nesta história. Gostei.

Novidades Saída de Emergência para Outubro

Género: Ficção Científica
Tradutor: David Soares
Formato: 16 x 23 cm
Páginas: 288
PVP: 18,85€
Data de Lançamento: 01 de Outubro de 2010

Estamos em 1962. A Segunda Guerra Mundial terminou há dezassete anos e a população já teve tempo de se adaptar à nova ordem mundial. Mas não tem sido fácil: o Mediterrâneo foi drenado, a população de África foi eliminada e os Estados Unidos da América divididos entre nazis e japoneses.
Na zona neutra que divide as duas superpotências vive o homem do castelo alto, autor de um bestseller de culto, uma obra de ficção que oferece uma teoria alternativa da história mundial em que o Eixo perdeu a guerra. O romance é um grito de revolta para todos aqueles que sonham derrubar os invasores. Mas poderá ser mais do que isso?
Subtil e complexo, O Homem do Castelo Alto permanece como o melhor romance de história alternativa jamais escrito.

Género: Lit. Fantástica
Tradutor: Teresa Martins de Carvalho
Formato: 16 x 23 cm
Páginas: 368
PVP: 19,85 €
Data de Lançamento: 1 de Outubro de 2010

Terre d’Ange é um lugar de beleza sem igual. Diz-se que os anjos deram com a terra e a acharam boa… e que a raça resultante do amor entre anjos e humanos se rege por uma simples regra: ama à tua vontade.
Phèdre nó Delaunay foi vendida para a servidão em criança. O seu contrato foi comprado por um fidalgo, o primeiro a reconhecê-la como alguém atingido pelo Dardo de Kushiel, eleita para toda a vida experimentar a dor e o prazer como uma coisa só. Ele adestrou Phèdre nas artes palacianas e nos talentos de alcova — e, acima de tudo, na habilidade de observar, recordar e analisar.
Quando tropeçou numa trama que ameaçava os próprios alicerces da sua pátria, ela abriu mão de tudo o que lhe era mais querido para salvá-la. Sobreviveu, e viveu para que outros contassem a sua história, e se eles embelezaram o conto com tecido de mítico esplendor, não ficaram muito aquém da realidade. As mãos dos deuses pousam pesadamente sobre a fronte de Phèdre, e ainda não deram a sua missão por terminada. Embora a jovem rainha que jaz sentada no trono seja bem amada pelo povo, há quem creia que outro deveria usar a coroa… e aqueles que escaparam à ira dos poderosos ainda não acabaram as suas tramas de poder e vingança.

Género: Literatura Fantástica
Tradutor: Ana Mendes Lopes
Formato: 16 x 23 cm
Páginas: 400
PVP: 19,61€
Data de Lançamento: 01 de Outubro de 2010

Rio Mississípi, 1857. Abner Marsh, respeitável mas falido capitão de barcos a vapor, é abordado por um misterioso aristocrata de nome Joshua York que lhe oferece a oportunidade única de construir o barco dos seus sonhos. York tem os seus próprios motivos para navegar o rio Mississípi, e Marsh é forçado a aceitar o secretismo do seu patrono, não importando o quão bizarros ou caprichosos pareçam os seus actos.
Mas à medida que navegam o rio, rumores circulam sobre o enigmático York: toma refeições apenas de madrugada, e na companhia de amigos raramente vistos à luz do dia. E na esteira do magnífico barco a vapor Fevre Dream é deixado um rasto de corpos… Ao aperceber-se de que embarcou numa missão cheia de perigos e trevas, Marsh é forçado a confrontar o homem que tornou o seu sonho realidade.

Género: Horror / Lit. Fantástica
Tradutor: Renato Carreira
Formato: 16 x 23 cm
Páginas: 288
PVP: 17,85 €
Data de Lançamento: 1 de Outubro de 2010

Traída pelo seu namorado vampiro de longa data, Sookie Stackhouse, empregada de bar do Louisiana, vê-se obrigada não apenas a lidar com um possível novo homem na sua vida (Quinn, um metamorfo muito atraente), mas também com uma cimeira de vampiros há muito agendada. Com o seu poder enfraquecido pelos estragos do furacão em Nova Orleães, a rainha dos vampiros locais encontra-se em posição vulnerável perante todos aqueles que anseiam roubar o seu poder. Sookie vê-se obrigada a decidir de que lado ficará. E a sua escolha poderá significar a diferença entre a sobrevivência e a catástrofe completa...

Género: Romance Histórico
Tradutor: Ester Cortegano
Formato: 16 x 23 cm
Páginas: 272
PVP: 18,85€
Data de Lançamento: 01 de Outubro de 2010

Após o seu regresso do Afeganistão como herói de guerra, Flashman vê-se envolvido com a bela e perigosa Lola Montez e o malévolo Otto Von Bismarck numa batalha de engenhos que irá decidir o destino de um continente. Dando início a uma aventura épica, o nosso galã embrulha-se numa sucessão desesperada de fugas, disfarces, encontros amorosos e combates singulares que atravessam os salões de jogo e masmorras de Londres para culminar nas salas de trono da Europa.
Será que os talentos de Flashman irão salvar o nosso sortudo cobarde das garras de Otto Von Bismarck e da bela Lola Montez?

Primeiras novidades Alfarroba a 2 de Outubro

“Um Brinquedo para Aglael e Daimon, parte 1 e 2”, de Eugénio Bernardes, explora, através de pequenos fragmentos da biografia de Eugénio Bernardes, temas maioritariamente relacionados com o amor, o sexo, o medo, a doença e a morte, apresentando ao leitor uma panorâmica da vida social e estudantil em meados do séc. XX, a qual permite a elaboração de um retrato psicológico do seu protagonista.

“O Clube dos Exploradores”, de Marina Santos e com ilustrações de Filipa Cabral, é uma história sobre um grupo de sete jovens. Pretende ser o primeiro livro de uma saga de mistério, aventura e amizade. Destacam-se as características educacionais deste livro, pontuadas nas
acções dos seus protagonistas. O jovem leitor terá oportunidade de se identificar com estes heróis, viver as suas histórias e os locais onde a acção de desenrola.

EVENTOS:
lançamento “Um Brinquedo para Aglael e Daimon”: 2 Outubro – 11h30
Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves
(Avenida 5 de Outubro 6-8, Lisboa)

lançamento “Clube dos Exploradores”: 2 Outubro – 17h00
Biblioteca Municipal da Ericeira
(Rua Mendes Leal, Ericeira)

Concurso literário "Conto por Conto"

Está a decorrer desde hoje o primeiro concurso literário promovido pela editora Alfarroba. Os interessados poderão participar com um conto em língua portuguesa, com um máximo de 24 páginas A4, em tipo de letra Arial, corpo 12, espaço 1,5. As inscrições estão abertas até dia 15 de Dezembro.

Para mais informações, poderão visitar o blogue da editora.

Primeiras novidades Clube do Autor, a 7 de Outubro

Dama de Espadas – Crónica dos Loucos Amantes, de Mário Zambujal, o escritor que ao longo dos anos tem conquistado várias gerações de leitores é uma obra singular sobre as conturbadas relações entre homens e mulheres, um livro bem-humorado e despretensioso, escrito no registo único e inconfundível inaugurado com a Crónica dos Bons Malandros.


De Takiji Kobayashi, Kanikosen – O Navio dos Homens, é um clássico japonês convertido em bestseller internacional com mais de 1.600.000 exemplares vendidos só no Japão. Classificado pelo Le Monde des Libres como “uma obra-prima”, Kanikosen surpreende pela actualidade do tema (a precariedade laboral e as inevitáveis consequências sociais) e pela força e crueza do relato.

domingo, 26 de setembro de 2010

Novidade Livros D'Hoje

Este livro, da autoria do famoso apresentador de televisão Jorge Gabriel, conhecido por ser um apaixonado pelos Avós, é uma colectânea de divertidos jogos com ilustrações e diversas histórias, para que possa partilhar em família, e acima de tudo, é o livro que permite que todos os avós possam passar tempo de qualidade com os seus netos.

Jorge Gabriel foi o apresentador do programa semanal «Roda dos Milhões», da SIC. Durante muito tempo a sua grande paixão foi a rádio. Começou em 1984, no "Musicomania", na Antena 1. Mais tarde entra para o desporto da Comercial e colabora no desporto da TSF. Em 1992, foi seleccionado para jornalista de desporto da SIC. Começa a colaborar no concurso "Donos do Jogo", integrado no programa diário "Donos da Bola", onde chegou a apresentador. Em 2003, apresenta "O Preço Certo em Euros", a gala "Pirilampo Mágico" e participa como actor na série "A Minha Sogra é Uma Bruxa". E até 2004 é o rosto do "Quem Quer Ser Milionário”. Torna-se imagem de diversas campanhas publicitárias e vence o Globo de Ouro para melhor apresentador. Em 2005 integra o trio de comentadores do programa "Trio de Ataque", apresenta o concurso "O Cofre" e o programa "Música no Ar". Entre 2007 e 2008 apresenta os concursos "Sabe Mais Que Um Miúdo de 10 anos" e "Quem Quer Ser Milionário". Em 2010 conduz o concurso "O Cubo". Desde 2002, diariamente, apresenta o programa das manhãs da RTP "Praça da Alegria” com Sónia Araújo.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Reis que Amaram como Rainhas (Fernando Bruquetas de Castro)

Desde as antigas lendas e através do tempo até bem perto da actualidade, um percurso da homossexualidade através da história, e da sua presença entre os importantes e poderosos. Tanto nas alturas em que o preconceito não existia como nos tempos em que tais relações eram consideradas crimes de morte, personalidades houve entre as figuras reinantes e as grandes famílias cujas relações homossexuais são conhecidas, ainda que, por vezes, esta parte da História acabe por ser ignorada e, por isso, relativamente desconhecida.
Após uma breve introdução às formas como o preconceito relativo à homossexualidade foi sendo abordado ao longo da história, o autor apresenta para cada personalidade uma explicação global - ainda que, nalguns casos, bastante breve - da sua vida e, principalmente, das suas relações, bem como das consequências que daí vieram. E, ainda que seja possível ficar com uma visão bastante clara do que terá sido cada forma de vida e a imagem que cada um dos referidos neste livro teria aos olhos da gente da época, o que de mais interessante fica desta leitura é mesmo a imagem global de como se alterou ao longo dos tempos o preconceito para com a homossexualidade, sendo particularmente marcado nos momentos de maior poder da Inquisição, quando até alguns dos poderosos se viram perante consequências desagradáveis.
Interessante, bastante completo no que respeita ao tema, e com uma linguagem bastante acessível, um livro que desperta bastante curiosidade relativamente à vida de várias personagens históricas, mas que também revela aspectos menos conhecidos das suas vidas.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A Maldição do Anel - O Sono do Dragão (Édouard Brasey)

No silêncio da sua gruta, acompanhado pelo seu imenso tesouro e pelo anel amaldiçoado do nibelungo, Fafnir, o dragão, dorme e espera. Espera pelo herói que, segundo as profecias, há-de pôr fim à sua vida. Este herói é Siegfried, o último descendente da linhagem humana de Odin, e o seu percurso será, desde a hora do seu nascimento até à consumação dos seus objectivos, uma estrada de lutas e de aventuras.
Continua neste livro a história iniciada em Os Cânticos da Valquíria, uma história com uma forte base das lendas e mitologias nórdicas, mas que ganha uma vida diferente ao ser transposta para romance. E o autor demora-se a apresentar os cenários e a caracterizar cada um dos intervenientes nos acontecimentos, tanto fisicamente como em termos de personalidade. Isto é particularmente notório, como não poderia deixar de ser, no desenvolvimento do herói. Ainda que não tão cativante como Brunilde (no primeiro volume), Siegfried é dado a conhecer, desde as estranhas circunstâncias do seu nascimento, nas diversas oscilações de personalidade. Com alguns é cruel, com outros impaciente. Por vezes, sábio para lá dos seus anos, outras vezes absolutamente egoísta. E se esta estranheza de carácter dificulta, de certa forma, uma simpatia para com o herói, não deixa de despertar emoções na sua interacção com outras personagens.
Bastante denso e descritivo, dificilmente será um livro de leitura compulsiva. Exige o seu tempo para assimilar as características de locais e personagens, bem como as intrigas e conspirações dos diferentes intervenientes. Porque é também de traição que este livro trata, de uma obsessão incontornável pelo anel amaldiçoado que, no seu fascínio inexplicável, desperta nos que o cobiçam toda uma série de enganos ao longo da sua conduta.
Interessante, com uma história vasta e muito bem construída, ainda que exija algum esforço para acompanhar todos os detalhes do enredo. Cativante, ainda que não tanto quanto a história de Brunilde, uma leitura agradável, em suma. E, principalmente, uma boa história.

Novidade Guerra & Paz

Entrevista com a República, o novo livro de António Simões do Paço, é lançado no dia 1 de Outubro, às 18h30 na Livraria Leya na CE Buccholz, em Lisboa. A apresentação está a cargo do Professor Dr. Luís Farinha, investigador do Instituto de História Contemporânea.
Através de títulos como o Diário de Notícias, A Capital ou O Século, mas também de debates parlamentares, editoriais e depoimentos, o jornalista António Simões do Paço dá voz aos protagonistas que há 100 anos mudaram o rumo de Portugal.
Um livro único na área inclui também um dicionário de figuras da República – como João Chagas, Afonso Costa, Brito Camacho ou Amélia Santos –, a composição de todos os seus Governos, os Presidentes entre 1910 e 1926 e uma cuidada cronologia.

António Simões do Paço nasceu em Lisboa, em 1957. É jornalista, editor e historiador. Foi editor da revista História, em 2001. Coordenou a edição de mais de uma dezena de colecções e obras de História, área em que prepara actualmente o seu doutoramento. É autor de Salazar, o ditador (Bertrand, 2010) e de Francisco Louçã – Biografia (Bertrand, 2009). É, também, coordenador e co-autor de Os Anos de Salazar, um retrato da sociedade portuguesa durante o Estado Novo, em 30 volumes (Planeta de Agostini, 2008).

Novidade ASA (12 de Outubro)

Em plena Guerra Civil de Espanha, Rogelio – um jovem galego de ideais republicanos – e alguns dos seus companheiros de guerrilha entram em Portugal clandestinamente com o propósito de apanhar, na cidade do Porto, um navio que os leve aos Estados Unidos e os liberte para sempre da ameaça do fuzilamento e da prisão.
Porém, no momento em que Rogelio se afasta do grupo para testar a segurança da próxima etapa da viagem, desconhece que virou do avesso o próprio destino: doravante completamente só num país que desconhece, o jovem sofrerá uma experiência pró-xima da morte que, paradoxalmente, o fará renascer como homem no seio de uma comunidade algo visionária, visitada e admirada por grandes intelec-tuais – a aldeia de Vilarinho da Furna. Aí encontrará o amor, de muitas maneiras.
Exaustivamente investigado, narrado com mestria e beleza e com uma galeria de personagens admiráveis (entre as quais não podemos deixar de reconhecer, por exemplo, Miguel Torga), Rio Homem cruza duas histórias magistrais – a de um refugiado que perdeu todas as suas referências e a da aldeia comunitária que o acolheu e que hoje jaz submersa na albufeira de uma barragem.

André Gago nasceu em Lisboa, em 1964. Estreou-se com actor profissional 20 anos depois. Pelo caminho, e desde cedo, desdobrou-se em múltiplas aventuras relacionadas com as artes: sempre gostou de música, de desenhar, de representar, de escrever e, sobretudo, de pensar de forma multidisciplinar. A passagem pela Escola de Artes Decorativas António Arroio é um momento em que se perspectiva um percurso na arquitectura ou no design, mas o teatro fala mais alto. No teatro aprende a gostar de tudo, da montagem à encenação. A relação com a palavra é, no entanto, uma constante. Nos primeiros anos, adapta Aquilino Ribeiro e Jorge de Sena para o palco. Entretanto, descobre as máscaras e o poder da improvisação. Forma uma colecção de máscaras tradicionais que organiza em exposição e passa a dar aulas de Técnica da Máscara e Commedia dell’Arte. Nos anos 90 concebe e produz uma série de espectáculos em que é tradutor, adaptador ou autor: em Recitália, experimenta pela primeira vez um conceito teatral próprio que irá desenvolver nos anos seguintes. Interpreta Gardel a solo, num texto de José Jorge Letria. Em 2001 publica o conto O Circo da Lua, prémio Revelação da Associação Portuguesa de Escritores, escrito como base para um espectáculo de circo, que irá dirigir em 2003. No mesmo ano, traduz e encena A Orquestra, de Jean Anouilh. Em 2004 cria o Teatro Instável, onde continua a criar espectáculos com base em montagens de textos de vários autores e originais seus. Em 2006 termina a tradução de Hamlet, que encenará no ano seguinte. Nos últimos anos, como actor, a palavra poética passou a ocupar um lugar cada vez mais importante nas suas actuações.

Novidade Porto Editora

O primeiro amor pode matar...
Durante a adolescência, Poppy Carlisle e Serena Gorringe foram as únicas testemunhas de um trágico acontecimento. Entre aceso debate público, as duas glamorosas adolescentes viram-se a braços com os tribunais e foram apelidadas pela imprensa de "As Meninas do Gelado".
Anos mais tarde, tendo seguido percursos de vida muito diferentes, Poppy está decidida a trazer ao de cima a verdade sobre o que realmente sucedeu, enquanto Serena, esposa e mãe de dois filhos, não pretende que ninguém do presente desvende o seu passado. Mas é impossível enterrar alguns segredos - e se o seu for revelado, a vida de ambas voltará a transformar-se num inferno...
Emocionante e enternecedora, esta história fará com que nos perguntemos se alguma vez poderemos conhecer verdadeiramente aqueles que amamos.

Dorothy Koomson escreveu o primeiro romance aos 13 anos. Chamava-se There's A Thin Line Between Love And Hate e foi escrito ao ritmo de um capítulo por noite, que depois circulava entre as colegas de escola, todas as manhãs. «E elas adoravam!», confessa.
Cresceu em Londres e, mais tarde, durante a faculdade, em Leeds. Acabou por regressar a Londres, para fazer um mestrado, e ficou por lá durante alguns anos. Passou por vários empregos temporários, até conseguir a grande oportunidade no mundo da escrita, colaborando com várias publicações femininas e jornais nacionais.
Contar histórias e escrever ficção constituem uma enorme paixão na vida de Dorothy Koomson, pelo que foi aproveitando cada segundo que tem para trabalhar em contos e romances. Em 2001 teve a ideia que inspirou O Amor está no Ar, e, com ele, começou uma carreira de romancista, que, segundo a própria, «tem sido espectacular!». Em 2006, publicou o terceiro romance, A Filha da Minha Melhor Amiga – que registou um enorme sucesso, vendendo quase 90 mil exemplares no Reino Unido, só nas primeiras semanas. Cerca de um mês depois, o livro foi seleccionado para o Richard & Judy Summer Reads Book Club e as vendas aumentaram para mais de meio milhão de livros.
Dorothy viveu dois anos em Sidney, na Austrália, e agora está de volta a Inglaterra, embora não saiba dizer por quanto tempo – diz-se «mordida pelo bichinho das viagens…».

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Ruiva (Fialho de Almeida)

Carolina, a ruiva que dá título a este livro, é a filha do coveiro. Em segredo, aprendeu os primeiros mistérios da sexualidade através dos cadáveres que escolhia entre os mais jovens e belos. Até ao dia em que foi apresentada a João...
O que mais chama a atenção nas características deste livro é, mais que a estranheza da história, a forma como o autor descreve os cenários e as circunstâncias. Com uma certa atenção ao detalhe, a componente descritiva é um elemento de grande presença, tendo em conta a dimensão total do livro, e o resultado é uma visão bastante clara de um cenário decadente, com laivos de repulsa nalguns momentos. As próprias relações entre personagens parecem ser guiadas essencialmente por forças de interesse ou de desejo estritamente físico, o que é notório em várias circunstâncias, desde a razão que leva Marcelina a aproximar Carolina e João à própria atitude de Carolina quando a relação amorosa - se de amor se pode falar nesta situação - começa a esmorecer.
Trata-se, portanto, de um livro onde o cenário é uma imagem perturbadora de decadência e ruína, mas onde a história se desenvolve em termos tão peculiares que se torna difícil criar qualquer simpatia para com as personagens, sendo que o único momento com verdadeiro potencial emotivo se prende com a explicação do passado de João, ainda que este não justifique a estranha forma de vida que se criará entre ele e Carolina.
Uma leitura interessante, com uma escrita impressionante principalmente no aspecto descritivo, ainda que, ao ligar um ambiente demasiado obscuro com algumas situações confusas e uma certa falta de emotividade, não me tenha conseguido cativar por completo.

Novidades ASA para Outubro

Título: Sunset Park
Autor: Paul Auster

O mais recente romance de um dos nomes cimeiros da literatura mundial
Publicado simultaneamente com a edição original
Um romance sobre a América contemporânea e os seus fantasmas, com o colapso económico de 2008 como pano de fundo
Durante os meses sombrios do colapso económico de 2008, quatro jovens ocupam ilegalmente uma casa abandonada em Sunset Park, um bairro perigoso de Brooklyn. Bing, o cabecilha, toca bateria e dirige o Hospital das Coisas Escangalhadas, onde conserta relíquias de um passado mais próspero. Ellen, uma artista melancólica, é assaltada por visões eróticas. Alice está a fazer uma tese sobre a forma como a cultura popular encarava o sexo no pós-guerra. Miles vive consumido por uma culpa que o leva a cortar todos os laços familiares. Em comum têm a busca por coerência, beleza e contacto humano. São quatro vidas que Paul Auster entrelaça em tantas outras para criar uma complexa teia de relações humanas, num romance sobre a América contemporânea e os seus fantasmas.

Título: SMILLA e os Mistérios da Neve
Autor: Peter Hoeg

A primeira obra a despertar o apetite internacional pelos thrillers escandinavos
Publicado em mais de trinta países, tendo vendido mais de 2 milhões de exemplares
Considerado o melhor livro de 1993 pela Time, People e Entertainment Weekly
Adaptado para o cinema por Bille August, num filme protagonizado por Julia Ormond
Smilla Jaspersen tem a neve em muito melhor conta do que o amor. Ela é especialista das propriedades físicas do gelo e vive num mundo de números, ciência e memórias. E, agora, está convencida de que ocorreu um crime terrível cuja vítima é Isaiah, um rapaz de seis anos. Para além da amizade que os unia, Smilla e Isaiah tinham em comum o facto de pertencerem à pequena comunidade de esquimós a viver em Copenhaga. Quando as conclusões do inquérito oficial apontam para acidente, Smilla suspeita. E à medida que reúne informação sobre o caso, apercebe-se das suas sombrias ligações. De uma expedição secreta à Gronelândia a uma estranha conspiração que data da Segunda Guerra Mundial, muito parece estar por explicar. Pelo seu amigo e por si, ela embarca numa jornada arrepiante de mentiras, revelações e violência que a levará de volta ao mundo branco que em tempos deixou para trás e onde um segredo explosivo aguarda debaixo do gelo…

Título: Os Pecados de Lord Easterbrook
Autora: Madeline Hunter
Christian é excêntrico, enigmático, o mais famoso recluso da aristocracia inglesa. Vive isolado, não tem amigos e o seu coração nunca foi tomado por ninguém… com excepção de Leona, uma mulher determinada, exótica, belíssima. Mas isso aconteceu em Macau, naquela que parece ter sido uma outra vida.
As notícias da chegada de Leona a Londres deixam-no aturdido. Christian decide então que nada o impedirá de finalmente a possuir. Não podia saber que entre as famílias de ambos pulsam segredos impossíveis de ignorar… e que o grande amor da sua vida acalenta um mortal desejo de vingança!
Uma viagem no tempo até uma era marcada por escândalos, intriga e desejos secretos, no novo e sensual romance de Madeline Hunter: a história de um homem capaz de arriscar tudo pela mulher que ama – até a revelação do seu mais secreto pecado

Título: Laços Eternos
Autora: Kate Jacobs
O tão aguardado regresso ao terno e hilariante mundo d’O Clube de Tricô de Sexta à Noite.
A época festiva que se aproxima é a altura ideal para a jovem Dakota Walker exibir os seus dotes culinários, isto se não estiver demasiado ocupada a tricotar na Walker & Filha, a mais acolhedora loja de lãs de Manhattan… Graças à família e às amigas do Clube de Tricô, Dakota conhece o verdadeiro valor da amizade. Nos anos que se seguiram à morte da mãe, todos a acarinharam e ajudaram a crescer. Entre confissões, desabafos, novas e antigas paixões, o grupo resiste à dura rotina nova-iorquina e continua a manter os seus hilariantes encontros de sexta-feira. Para Dakota abre-se agora a possibilidade de visitar a família materna, na Escócia, e rever as pessoas e os locais que marcaram a infância e juventude da mãe. Mas algo que pode ser determinante para o seu futuro está a prendê-la a Nova Iorque e a colocá-la perante um dilema que não permite segundas oportunidades…

Título: Um Crime no Expresso Oriente
Autora: Agatha Christie
Pouco depois das doze batidas da meia-noite, um nevão obriga o Expresso do Oriente a parar. Para aquela época do ano, o luxuoso comboio está surpreendentemente cheio de passageiros. A manhã seguinte vai começar da pior maneira. Embora o nevão tivesse isolado o comboio, impedindo quaisquer movimentações, um dos passageiros foi assassinado durante a noite.
Poirot aceita o caso, aparentemente fácil, que acaba por se revelar um dos mais espantosos de toda a sua carreira. É que existem inúmeras pistas e outros tantos suspeitos, sendo que todos eles estão circunscritos ao universo dos passageiros da carruagem. Para mais, o morto é reconhecido como sendo o autor de um dos crimes mais hediondos do século. Com a tensão a aumentar perigosamente, Poirot acaba por esclarecer o caso… de uma maneira a todos os títulos surpreendente!
Título: Anúncio de um Crime
Autora: Agatha Christie
Anuncia-se um assassinato, a ter lugar em Little Paddocks, sexta-feira 29 de Outubro, pelas 18h30. Amigos, aceitem este convite, será o único.
É desta forma que o jornal local apresenta o enigmático anúncio que vai despertar grande entusiasmo em Chipping Cleghorn. Curiosos, todos os amigos e conhecidos de Letitia Blacklock, proprietária de Little Paddocks, decidem não faltar ao convite. Todavia, também Letitia é apanhada de surpresa; mas, como boa anfitriã que é, acha por bem participar na festa. Todos esperavam uma partida ou um jogo – escolhe-se um «assassino secreto», apagam-se as luzes, a «vítima» cai e os jogadores tentam adivinhar quem foi o culpado. Prometia ser divertido, até que é encontrada a vítima… assassinada! Um jogo tão mortífero como este requer o melhor jogador de todos: Miss Jane Marple.