terça-feira, 31 de maio de 2011

Mein Kampf - História de um Livro (Antoine Vitkine)

Chamaram-lhe a bíblia nazi e, contudo, muitos houve que apenas levaram a sério os conteúdos do Mein Kampf quando já era demasiado tarde. De um obscuro manifesto escrito na prisão, o livro de Hitler transformar-se-ia num sucesso de vendas, numa obra essencial para os seguidores de Hitler e, por fim, num livro "maldito", proibido em vários países, mas ainda fonte de inspiração para grupos extremistas em certos países. Como nasceu, que influência exerceu e o que é, hoje, para o mundo, o Mein Kampf, são algumas das perguntas a que este livro pretende responder.
Em pouco mais de 200 páginas, Antoine Vitkine traça um percurso bastante preciso e detalhado não só da vida de Hitler em relação com a sua obra, mas principalmente da obra em relação com o mundo em volta e com as políticas e acções do seu autor. Baseando-se noutros estudos sobre a obra, bem como na sua própria investigação, Vitkine apresenta o essencial da história do Mein Kampf, de uma forma acessível, mas bastante abrangente, dando especial ênfase ao papel que a obra desempenhou em diferentes épocas e países.
Ao traçar um paralelismo entre a forma como a visão e as acções de Hitler marcaram o seu tempo e a influência da sua obra num mundo árabe onde o extremismo e o anti-semitismo parecem marcar presença, o autor levanta ainda algumas questões interessantes, nomeadamente ao nível de quanto conhecem realmente do livro esses milhares de pessoas que obtiveram o Mein Kampf e que influência exerce afinal o conteúdo do livro (quer pelas palavras, quer pela História que motivou). Perguntas que, no final desta leitura, deixam também a sensação de que muito mais haveria a investigar sobre o tema e que este livro é apenas uma base muito geral sobre a história e os efeitos de um livro que, pelas piores razões, marcou a História.

Novidade Bertrand

Um Dicionário de Coisas Práticas que é sobretudo um mosaico do nosso mundo e do nosso tempo, organizado em três unidades e por ordem alfabética, junta entradas tão diferentes quanto Comida de Natal, Estado Social, Linha do Tua, Ortografia, Palavras, Religião, Rock in Rio, Tropa de Elite e Vida Dupla.

Uma selecção de textos quase todos publicados na coluna diária “Blog”, que Francisco José Viegas mantém no Correio da Manhã desde Janeiro de 2008. Neles transparece a curiosidade e a riqueza de pensamento do autor temperadas pela vertigem da hora de fecho.
Os textos apresentam-se, segundo a sua temática, em três unidades: paisagens, pessoas, esquecimentos; cultura, memórias, despedidas; política, combates e confrontos.

Novidades Saída de Emergência para Junho

Os “sombriamente fascinantes” romances das Joias Negras de Anne Bishop, autora de sucesso consagrada no top do New York Times, têm cativado igualmente leitores e críticos devido à mescla de fantasia, intriga e romance.
Com o presente Despertar do Crepúsculo, Bishop regressa ao reino dos Sangue com quatro inéditas e fascinantes novelas.
Prendas de Winsol
Daemon, Príncipe dos Senhores da Guerra de Joias Negras de Dhemlan, está ainda a adaptar-se ao seu primeiro ano de casado com a sua Rainha Feiticeira, Jaenelle. Porém, com a aproximação da celebração do Winsol que se prolonga por treze dias, Daemon tem de lidar com demasiadas solicitações ao mesmo tempo que se assume como anfitrião da sua admirável família.
Cambiantes de Honra
Ainda a recuperar da provação que a deixou ferida e furiosa, Surreal regressa a Ebon Rih sob as ordens do Príncipe Lucivar. Quando o seu antigo amante Falonar desafia impiedosamente a autoridade da família à qual ela pertence, Surreal poderá, por fim, sucumbir às trevas que ardem no seu âmago.
Família
Quando alguém arma uma cruel cilada à Rainha Sylvia e aos seus filhos, as sequelas consomem por completo as vidas da família reinante de Dhemlan. Terão de desvendar a identidade do Senhor da Guerra conhecido somente como Sem Rosto antes que regresse para terminar o que começou.
A Filha do Senhor Supremo
Após a perda das duas pessoas mais importantes da sua vida, Daemon assumiu o papel de seu pai, Saetan, como Senhor Supremo do Inferno, construindo um muro em redor do seu coração. Porém, ao estabelecer inadvertidamente uma nova relação, bastará ela para o libertar da sua vida desprovida de amor?

A Casa da Noite aguarda-te. Num mundo igual ao nosso mas onde os vampyros não só existem como são tolerados, esta é a escola de referência. Um local cheio de perigos e segredos onde os jovens marcados têm dois destinos: ou se transformam em vampyros ou morrem destroçados.

Zoey Redbird, vampyra destinada a ser Alta Sacerdotisa, perdeu o seu caminho. Os imensos poderes que detém foram insuficientes para salvar uma das pessoas mais próximas de si, despedaçando a sua alma e coração. Agora o seu grupo de amigos tem de lutar para que ela regresse e ponha um fim às trevas que se apoderam da Casa da Noite.
Mas o mal tem os seus próprios planos e estes não esperam por Zoey. Os vampyros enfrentam a maior ameaça de sempre e precisam de toda a força da jovem para lidar com problemas muito para além de novas raças de vampyros, imortais caídos em desgraça ou namorados.
A escuridão apodera-se do mundo e apenas Zoey poderá lutar por um caminho ao encontro da luz… se não se queimar…

Esta é a história de homens em guerra, das escolhas que são forçados a fazer e os dilemas que sofreram. Uma das melhores obras de Bernard Cornwell.
No verão de 1779, no terceiro ano da Guerra da Independência dos Estados Unidos, uma força britânica de 750 homens, liderada por Francis McLean, navega em direção à costa desolada e brumosa da Nova Inglaterra. A sua missão é estabelecer uma base naval numa posição crucial para dar abrigo a americanos lealistas. Apoiado por três pequenos navios, Mclean inicia a construção de um forte.
Em resposta, o estado de Massachusetts envia uma frota de 40 navios e mil soldados de infantaria para “capturar, matar ou destruir” os invasores. O segundo em comando é Peleg Wadsworth, um antigo
combatente no regimento de George Washington e um homem que sabe o que tem de ser feito para expulsar os invasores.
E embora os britânicos estejam em inferioridade numérica, a batalha que se seguiu é um exemplo clássico de como planos bem elaborados podem ser arruinados por líderes incompetentes ou política mesquinha, e de como a guerra destaca o melhor e o pior em todos os homens.

Novidade Casa das Letras

A Décima Segunda Revelação, é a muito esperada continuação da série das profecias de James Redfield. Este mais recente livro abre com a descoberta de fragmentos de um outro manuscrito antigo e misterioso - uma nova e secreta abordagem à espiritualidade -, que invade silenciosamente a segunda década do século XXI, e leva o herói John Woodson e o seu fiel amigo Wil a mais uma fantástica viagem.
Para compreenderem o seu verdadeiro significado para a Humanidade, terão, no entanto, de ter acesso ao manuscrito inteiro. Iniciam, então, uma busca aventurosa para encontrar a mensagem completa. À medida que abraçam o poder da sincronicidade e iniciam a sua busca, são confrontados por poderosas forças políticas e extremistas religiosos que os tentam impedir de alcançar tais revelações espirituais.
Utilizando aquilo a que chama o «efeito parábola», James Redfield explora as similaridades e discrepâncias que existem entre as várias religiões, revelando as mensagens essenciais sem as quais não poderemos canalizar a nossa experiência de espiritualidade e produzir uma nova onda de integridade e renovação que poderá transformar não só as nossas vidas, como também o mundo.

James Redfield nasceu em 1950, no Alabama. Licenciado em Sociologia e Mestre em Assistência Social, em 1975. Trabalhou, durante quinze anos, com adolescentes psicologicamente fragilizados e respectivas famílias.
Aos 43 anos publicou A Profecia Celestina, tendo-se tornado rapidamente numa obra de culto. Foi um dos livros mais vendidos em todo o mundo, tendo sido traduzido em quase todas as línguas. Durante três anos consecutivos manteve-se na lista de bestsellers do New York Times. Seguiram-se A Décima Revelação e o Segredo de Shambhala (que nos apresenta a décima primeira revelação), obras que continuam e complementam as revelações iniciadas em A Profecia Celestina. Actualmente, James Redfield conta já com mais de dez livros é um dos mais prestigiados autores metafísicos.

Novidade Porto Editora

Istambul, 1838. No seu palácio no Bósforo, o sultão Mahmud II, arquitecto da reforma otomana, está à beira da morte e a cidade agita-se com rumores e sobressaltos.
A chegada inesperada de um arqueólogo francês decidido a encontrar os tesouros bizantinos perdidos provoca grande alarido entre a comunidade grega. Yashim Togalu, o detetive sagaz e diligente, que brilhantemente resolveu os misteriosos homicídios em O Fogo de Istambul, é de novo chamado para investigar a situação. Mas quando o corpo mutilado do arqueólogo é encontrado à porta da embaixada francesa, eis que apenas se perfila um único suspeito: o próprio Yashim.
Com o número de mortos a aumentar, Yashim terá de lutar contra o tempo para provar a sua inocência e desvendar o enigma que se oculta por detrás das ruas escuras e exóticas de uma Istambul que guarda segredos de muitos séculos.
Neste segundo volume protagonizado pelo detetive Yashim Togalu, Jason Goodwin entrelaça com mestria os sentimentos das várias comunidades que compunham o prodigioso mosaico cultural da Istambul otomana.

Jason Goodwin apaixonou-se por Istambul quando estudou História Bizantina na Universidade de Cambridge. Depois do sucesso do seu primeiro livro, decidiu fazer uma peregrinação a pé da Polónia até Istambul, e o relato dessa viagem, On Foot to the Golden Horn, valeulhe o Mail on Sunday Prize, que lhe foi atribuído em 1993. Intrigado com a influência do Império Otomano na Europa de Leste, e depois de uma investigação exaustiva, publicou o livro de referência Lord of the Horizons: A History of the Ottoman Empire. O Fogo de Istambul, primeiro livro desta série alcançou o reconhecimento da crítica e do público internacional, foi galardoado com o Edgar Award for Best Novel e traduzido para trinta e oito línguas.

Novidade Bertrand

No dia em que foi raptada, Annie, de 32 anos, tinha três tarefas a cumprir: vender uma casa, esquecer uma discussão infeliz que tivera com a mãe e ir jantar com o namorado… mas de repente todos os seus planos ficaram suspensos. Durante um ano foi prisioneira de um psicopata numa casa perdida nas montanhas. Através do relato que faz desse período à sua psiquiatra, ficamos a saber a história decorrida nesse ano mas também o que se seguiu à sua fuga…

“Sentei-me tão repentinamente que quase desmaiei. Sentia a cabeça a andar à roda e tinha vontade de vomitar. De olhos abertos e com os ouvidos em esforço para captar qualquer som que se fizesse sentir, perscrutei o ambiente à minha volta. Estava numa cabana de madeira (…). Ele não estava ali. O meu alívio durou apenas um instante. Se não estava ali, onde estava ele?”

Chevy Stevens trabalhou a maior parte da sua vida adulta como vendedora numa loja e depois como agente imobiliária. Entre paredes vazias à espera de potenciais clientes, passou horas a pensar naquilo que um dia lhe poderia acontecer. O cenário mais aterrador foi o sequestro, e daí surgiu a ideia de escrever Continua Desaparecida. Seis meses depois, Chevy vendeu a sua casa e deixou a agência imobiliária para poder acabar o livro e hoje é escritora a tempo inteiro.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Outlander - Nas Asas do Tempo (Diana Gabaldon)

Terminada a guerra, é tempo de regressar a uma vida normal e, para Claire Randall, isso significa recuperar a sua vida familiar. Mas, durante uma viagem na companhia do marido, o contacto inesperado com um antigo círculo de pedras transporta-a literalmente para uma outra época. Subitamente só em plena Escócia do século XVIII, Claire vê-se na necessidade de se enquadrar num mundo que lhe é, em grande parte desconhecido e, de mais formas que as que poderia imaginar, o seu refúgio e a sua nova vida estarão num homem cuja vida também se encontra ameaçada.
Contada pela voz de Claire e, por isso, com uma visão bastante clara do contraste entre o tempo de onde esta vem e aquele onde se encontrará, esta é uma história que, apesar de um ritmo bastante pausado, surpreende pela intensidade dos momentos mais interessantes. Há momentos em que a autora se demora em pequenas situações que, mais que contribuir para o desenvolvimento da história, funcionam principalmente como contextualização da época. Da mesma forma, ao apresentar de forma progressiva e sem pressas a evolução da relação entre Jamie e Claire, acabam por se criar alguns momentos algo repetitivos. É, por isso, algo lento o desenrolar dos acontecimentos, ainda que este seja compensado pela intensidade e força emocional de vários dos momentos mais relevantes.
É na caracterização de algumas personagens que se encontram alguns dos aspectos mais cativantes deste livro. No estranho antagonismo entre Jack Randall e Jamie Fraser (e nas razões que, afinal, o justificam) é possível descobrir, de forma gradual, os melhores e os piores traços da personalidade de ambos. Randall, violento e sádico, dificilmente suscitará empatia, mas há algumas revelações particularmente intrigantes a seu respeito. Já Jamie, teimoso e corajoso, mas marcado pelo passado em mais formas que as que ousaria admitir, torna-se, a cada novo vislumbre do seu verdadeiro ser, uma figura um pouco mais cativante.
Interessante no geral, ainda que, nalguns momentos, o ritmo lento torne a leitura um pouco cansativa, este livro cativa principalmente pela força emocional dos momentos mais relevantes, mas também pela visão bastante clara dos cenários e costumes da época que retrata e ainda pelas questões levantadas pela possibilidade da viagem no tempo. E é também por isso que, apesar dos momentos mais parados, não deixa de ser uma leitura agradável.

Novidade 1001 Mundos

Esta é a pergunta aparentemente estranha que o criador de “Heroes” faz em “A Viagem”, o romance que dá o pontapé de saída para um macro-relato de conspiração e intrigas relacionadas com a história recente dos Estados Unidos, e que abordará também, nos dois próximos livros, o caso Watergate e os atentados do 11 de Setembro. «Estes acontecimentos são pontos de inflexão, não só na cultura americana, mas também na nossa própria consciência. Mudaram a forma como nos vemos e como vemos o mundo», diz Tim Kring, que «queria fazer um thriller histórico para contar uma versão alternativa da morte de JFK» e, por acaso, tropeçou no programa MK-Ultra. Perseguindo os “rastos” de LSD no assassinato do presidente John F. Kennedy, Kring, com a colaboração do crítico literário e escritor Dale PecK, estreia-se na ficção com um romance que combina na perfeição a história e o sobrenatural, com uma dose alucinogénica q.b..

Tim Kring é um dos contadores de histórias mais originais da comunidade criativa que usa todos os meios de comunicação – cinema, televisão, banda larga, computadores, dispositivos móveis e a página impressa – para atrair a atenção das audiências de todo o mundo para arcos narrativos e de natureza imersiva. São 76 milhões os fãs que, em todo o mundo, o conhecem como criador e produtor executivo da saga épica da NBC, Heroes, nomeada para os prémios Emmy, que conta a vida de pessoas normais que se descobrem possuidoras de capacidades extraordinárias.

Novidade Bertrand

Um livro que junta influências tão distintas quanto o Direito Constitucional norte-americano, Freud e Shakespeare. O resultado é um thriller sobre o terror, a guerra e os segredos mais obscuros da alma humana.
A 16 de Setembro de 1920, sob um céu azul-claro, um quarto de tonelada de explosivos é detonado num ataque mortal em Wall Street. O medo vem para as ruas de Nova Iorque. Testemunham a explosão Stratham, um veterano de guerra, o seu jovem amigo James Littlemore do Departamento de Polícia de Nova Iorque, e a bela francesa Colette Rousseau. Com eles partimos numa emocionante viagem que vai de Paris e Praga, desde a casa do Dr. Sigmund Freud em Viena até aos corredores do poder em Washington e que, finalmente, nos conduz para as profundezas ocultas dos nossos instintos mais primitivos.

Jed Rubenfeld é professor de Direito na Universidade de Yale e um dos maiores especialistas em Direito Constitucional dos Estados Unidos. Escreveu a sua tese de licenciatura sobre Freud e estudou a obra dramática de Shakespeare. Instinto de Morte integra elementos de todas as suas paixões. Vive em New Haven, Connecticut, com a mulher e as duas filhas.

Passatempo A Redenção

O blogue As Leituras do Corvo, em parceria com a Editorial Presença, tem para oferecer um exemplar autografado da edição especial do livro A Redenção, de Rafael Loureiro. Para participar basta responder às seguintes questões:

1. Como se chama o protagonista desta trilogia?
2. Quais os outros livros que a constituem?
3. A que colecção da Presença pertencem os livros da trilogia Nocturnus?


Regras do Passatempo:
- O passatempo decorrerá até às 23:59 do dia 5 de Junho. Respostas posteriores não serão consideradas.
- Para participar deverão enviar as respostas para carianmoonlight@gmail.com, juntamente com os dados pessoais (nome e morada completos);
- O vencedor será sorteado aleatoriamente entre as participações válidas;
- Os vencedores serão contactados por email e o resultado será anunciado no blogue;
- Só se aceitarão participações de residentes em Portugal e apenas uma por participante e residência.

domingo, 29 de maio de 2011

Dizes-me Coisas Amargas como os Frutos (Paula Tavares)

Breve, quer no número de páginas, quer nos versos que constituem a maioria dos poemas. E, contudo, de uma nitidez marcante nas imagens, de uma voz com algo de pessoal, mas também com uma visão de um mundo em volta, onde as emoções se entrelaçam nos acontecimentos e um pequeno gesto pode evocar sentimentos ou reflexões inesperadas.
De aparente simplicidade nas palavras, sem grandes elaborações de nível estilístico, há, ainda assim, algo de profundo na impressão que cada poema deixa no leitor. É como se cada verso, por mais simples e breve que seja, transmitisse uma imagem maior que, mesmo sem grandes detalhes, se insinua na memória.
De referir ainda a forma como muito de amor e algo de melancolia se cruzam nessas imagens tão nítidas para evocar emoções. Este é também um aspecto que cativa na leitura de cada poema, tornando-o mais próximo do leitor ao apresentar algo de sentimento com que este se pode identificar.
Uma leitura breve, mas onde a beleza singela de palavras que, sem grandes artifícios de estilo, apela, na força dos seus momentos, ao imaginário e à emoção. E onde é precisamente o contraste entre a leveza formal e a força do conteúdo que torna estes poemas tão cativantes.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Viagem ao Mundo da Droga (Charles Duchaussois)

Um percurso pelo mundo em direcção à decadência. Da curiosidade, à descoberta, até à dependência, depois o desespero e a destruição. Neste livro, Charles Duchaussois conta a história da sua imersão no mundo da droga, e de como esse percurso, feito de ilusão em ilusão até à total imersão no vício, o levou a um ponto de total insanidade.
Sendo uma história verdadeira, e contada por quem a viveu, algo que transparece desde o início é que toda a narrativa surge ao ritmo da memória. Se há uma linha temporal definida ao longo da história, são também frequentes as vezes em que a mente do narrador divaga para acontecimentos posteriores, evocando a sua posterior decadência ou mesmo os vislumbres de salvação que, por vezes, surgirão no seu caminho. Na fase inicial, isto pode criar uma certa confusão, que se desvanece, ainda assim, a partir do momento em que a história e os seus intervenientes se tornam familiares.
Há uma visão progressivamente mais dura das consequências à medida que se avança na história e se o tom da narrativa é, por vezes, um pouco distante na fase inicial do percurso, cedo esta quase ausência dará lugar a uma visão de destruição (pessoal, mas não só), à medida que Charles avança mais e mais na sua "viagem", descobrindo momentos de puro horror, mesmo enquanto se julga rodeado de companheiros.
Escusado será dizer que é pela visão dura e directa das consequências de uma entrada quase descontraída no mundo da droga (e de uma saída quase impossível?) que esta leitura fica na memória. Contada com a clareza de alguém que viveu cada um dos acontecimentos estranhos, angustiantes, dolorosos que este livro desvenda, toda esta história é uma mensagem de alerta para os seus leitores. E é isso que realmente marca neste livro.

Novidade Esfera dos Livros

As mãos estão fechadas em posição de oração. Fechada no Mosteiro da Esperança, Maria Francisca de Sabóia suplica a Deus que a proteja, olhe por si neste momento de aflição e lhe perdoe os seus mais terríveis pecados. Está em marcha, na corte portuguesa, um plano imparável e de consequências imprevisíveis. E ela é a personagem principal desta história de intriga, desamor e traição. A decisão estava tomada. Não poderia voltar atrás. Terminaria o casamento com D. Afonso VI, rei de Portugal, um homem deformado, gordo, de personalidade irada que nunca a havia procurado no leito conjugal. O próximo passo deste plano minuciosamente traçado seria pedir a Roma, com a ajuda do seu bom amigo e conselheiro, o duque de Cadaval, a anulação deste casamento falso que a havia tornado infeliz durante um ano e meio. Por fim, deposto o marido, casaria com o infante D. Pedro, seu cunhado e assim veria concretizados os seus desejos de poder. Uma afronta nunca antes vista, um pecado que pedia, sem piedade, o castigo divino. Mas Maria Francisca de Sabóia não havia nascido para ser um fantoche. Nasceu para ser rainha. Contudo, a vida reservava-lhe ainda algumas surpresas. Diana de Cadaval regressa à escrita com um romance que nos leva até à corte portuguesa do século XVII, num momento em a ameaça espanhola é uma realidade, para nos contar a história de Maria Francisca de Sabóia, uma princesa francesa que, aos 20 anos, se torna rainha e protagoniza um dos episódios mais curiosos da História de Portugal.

Diana, duquesa de Cadaval, nasceu em Genebra, na Suíça, e vive em Portugal, entre o Estoril e Évora. Formou-se em Comunicação Internacional na Universidade Americana de Paris e trabalhou na leiloeira Christie's, em Londres. Tem a seu cargo a actividade cultural do Palácio Cadaval, em Évora, o berço da família ducal há mais de seis séculos. Da agenda do palácio destaca-se o Festival Évora Clássica, um Festival de Músicas do Mundo, as mostras anuais de Arte Contemporânea e o Museu e a Igreja, abertos ao público. Com o marido, o príncipe Charles-Philippe d'Orléans, duque d'Anjou, tem participado em missões humanitárias na Etiópia, Camboja, Sérvia e Egipto.

Novidades Planeta

Catalina Solís usando o charme e a astúcia levará a cabo a sua grande vingança, numa das cidades mais ricas e importantes do mundo, a Sevilha do século XVII. Cumprirá desse modo o juramento feito ao pai adoptivo, de acabar com os Curvo, donos de uma fortuna sem igual, conseguida com a prata roubada nas Américas.
A sua dupla identidade – como Catalina e como Martín Olho de Prata – e uma enorme astúcia permitir-lhe-ão desenhar uma vingança sem precedentes, baseada no engano, sedução, força, surpresa, duelo, medicina e intriga.
Nesta arriscada aventura, conta com a companhia de amigos e de uns malandrins com um forte instinto de sobrevivência, dispostos a dar a vida por esta lendária personagem tão extraordinária.

Uma violenta rivalidade entre dois reinos ameaça evoluir para um estado de guerra. No meio deste conflito, uma princesa voluntariosa encontra-se dividida entre o dever e o desejo. Obrigada a casar com o homem que o pai escolheu para lhe suceder no trono, a jovem princesa Alera de Hytanica vê-se forçada a enveredar pelo pior dos destinos, o casamento com o arrogante e colérico Steldor. Quando o misterioso e sedutor Narian chega a Hytanica, vindo do território inimigo trazendo segredos e noções inconcebíveis acerca do papel das mulheres na sociedade, os desejos de Alera põem em causa o futuro do reino. A descoberta do terrível passado de Narian mergulha Alera num mundo obscuro de intrigas palacianas e conflitos pretéritos, a ponto de não saber em que acreditar, nem em quem confiar.
Alera - A Princesa Herdeira é um lindo conto de fadas com príncipes, princesas, amor, dever, inimigos, intrigas, profecia e todo um universo que nos prende.

Está um dia luminoso de Primavera, quando o Commissario Brunetti e o Inspettore Vianello decidem fazer uma pausa na Questura para ajudar um amigo de Vianello, Marco Ribetti, que foi detido enquanto se manifestava contra a poluição química da lagoa de Veneza. Mas não foi Marco quem revelou o segredo vergonhoso das fundições de vidro poluidoras da ilha de Murano, nem é dele o corpo que foi encontrado diante dos fornos que ardem a 1400 graus, de noite e de dia. A vítima deixou pistas num exemplar de Dante e Brunetti tem de descer a um inferno para descobrir quem está a sujar as águas da lagoa…

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Dexter - Um Pesadelo Raiado de Negro (Jeff Lindsay)

Dexter Morgan, técnico de laboratório... e serial killer. Para os seus colegas de trabalho, a sua conduta está acima de suspeitas. Meticuloso, eficiente, cordial e discreto. Mas tudo pode mudar a partir do momento em que um cadáver retalhado e sem uma única gota de sangue é descoberto, num caso que pode ser o empurrão necessário para a carreira da sua irmã... ou a mudança que abalará o mundo frio e sem emoções de Dexter.
É o tom quase descontraído com que, pela voz do próprio Dexter, os acontecimentos são apresentados que torna a narrativa intrigante desde cedo. Com laivos de humor negro, mas também com uma visão bastante completa do que é a duplicidade na mente do protagonista - a necessidade de uma aparente normalidade em oposição às suas compulsões de morte -, há algo em Dexter que cria uma estranha, desconfortável empatia. E isto deve-se tanto à forma como Dexter lida com a sua humanidade (ou falta de), questionando a sua própria situação à medida que o caso em mãos se torna mais e mais complicado (e também mais fascinante), como ao código em que baseia a escolha das suas presas e ao passado que o transformou naquilo que é.
O tom da narrativa é intrigante, alternando situações invulgares, uma certa medida de introspecção, traços de macabro e algum humor negro, numa narrativa envolvente, estranhamente leve (tendo em conta a temática geral) e com algumas surpresas que culminam num final intenso, ainda que algo abrupto, deixando algumas questões em aberto.
Uma boa história, um protagonista cativante e alguns momentos de particular intensidade são os elementos essenciais que tornam esta leitura algo de viciante. Fica também a curiosidade em ler mais deste autor, já que tudo indica haver ainda muito a desenvolver sobre Dexter e os seus segredos.

Novidade Porto Editora

Toda a gente mente. Os polícias mentem. Os advogados mentem. As
testemunhas mentem. As vítimas mentem. Um julgamento é um concurso de mentiras.
Após um interregno de dois anos, Michael Haller regressa à barra dos tribunais. O seu colega Jerry Vincent foi assassinado e Haller herda o seu maior caso de sempre: a defesa de um famoso produtor de Hollywood, acusado de ter matado a mulher e o amante desta.
Enquanto se prepara para o julgamento que o poderá levar à ribalta, Haller descobre que o assassino de Vincent está agora no seu encalço.
É então que surge Harry Bosch, um detective da polícia disposto a tudo para resolver o caso de Vincent, e que não hesita em usar Haller como isco. À medida que o perigo aumenta, estes dois lobos solitários rapidamente percebem que a única saída é trabalharem em equipa.
O Veredicto foi considerado pela crítica internacional um dos romances mais marcantes de Michael Connelly, um dos maiores mestres de thrillers jurídicos da atualidade.

Admirado por Stepehn King e com 50 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, Michael Connelly é um dos nomes incontornáveis da literatura policial e uma presença constante nos tops de vendas mundiais. Autor da série de livros protagonizados pelo detetive Harry Bosch, alguns dos quais já adaptados ao cinema, está traduzido em 36 línguas e recebeu alguns dos mais importantes prémios literários, quer nos Estados Unidos, quer em diversos países estrangeiros.

Final da trilogia Nocturnus chega a 2 de Junho

Chega a 2 de Junho às livrarias A Redenção, último volume da trilogia Nocturnus, da autoria de Rafael Loureiro, editada pela Presença. Esta obra encontrar-se-á também disponível numa edição especial, acompanhada de um DVD.

Este volume da trilogia Nocturnus põe fim a uma interessante saga de ambiente gótico.
Num mundo onde a Luz e as Trevas de digladiam sem tréguas, Daimon DelMoona regressa agora para junto da sua amada, Lília, devastado pelas trágicas consequências dos acontecimentos que se desenrolaram no volume anterior. Daimon, não estará sozinho na sua demanda final, mas conseguirá ele alguma vez libertar-se da trágica dualidade que o destroçou?





«Foi um privilégio trabalhar com cada um destes artistas e ver o meu mundo ser recontado com as suas artes. Creio que é impossível não se surpreenderem.»
Rafael Loureiro

Esta edição especial do Tomo 3 – A Redenção, o capítulo final desta trilogia, será acompanhada de um DVD Nocturnus. Neste, podemos encontrar a visão e a voz deste mesmo universo contadas através de três diferentes artes: Cinema, Música e Banda Desenhada.

Cinema: Apresentação Nocturnus: Novo Nascimento
Pelo génio de Alexandre Cebrian Valente, produtor de Crime do Padre Amaro, esta curta-metragem, que conta a história de Daimon e o seu Novo Nascimento após a morte de Lília, ganha vida com um elenco de luxo, contando entre vários actores com Alexandre Ferreira e Catarina Jardim.

Música: Banda Sonora: In Memoriam Nocturnus
Pela fantástica banda Witchbreed, a Banda Sonora Nocturnus é composta por quatro temas; um deles inspirado no Prólogo e os outros em cada um dos Tomos. Cada frase é uma gota de sangue vertida pelos personagens, cada acorde a expressão dos seus sentimentos...

Banda Desenhada: BD Nocturnus: Génesis
Em escala de cinzentos se conta a história da génese Nocturnus pelo traço de Carlos Dias. É a história de Tiriel, um anjo caído pelo ciúme da humanidade que se tornou o Pai e criador de todas as Descendências de vampiros.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Natureza das Coisas do Ponto de Vista da Eternidade (João Carlos Silva)

De uma ou duas frases a umas dezenas de páginas, reflexões, aforismos e divagações filosóficas sobre toda uma variedade de temáticas e possibilidades constituem este interessante livro. E interessante nos mais diversos aspectos.
Primeiro importa referir a multiplicidade de possíveis pontos de vista que surgem. Alguns dos textos estão relacionados, outros passam para uma temática completamente diferente. Todos têm isto em comum: a capacidade de fazer reflectir sobre os seus temas, independentemente do maior ou menor desenvolvimento daquilo que nos é apresentado como base. Assim, há toda uma vastidão de pensamentos a descobrir. Algumas respostas, mas, principalmente, muitas perguntas, ficando, quase de forma inconsciente, o estímulo a aprofundar mais o tema a partir das premissas que o livro apresenta.
Não se trata de um livro de leitura compulsiva, nem tal seria de esperar. Na verdade, parece-me que a melhor forma de apreciar este livro será lentamente, lendo alguns aforismos por dia e depois parando para reflectir sobre o que se leu. Com temas tão diversos e tão complexos, partindo de algo tão aparentemente simples como uma relação pessoal mas roçando o limiar do universo (in)finito, há muito para ponderar a cada novo texto. E é provavelmente esse o grande ponto forte deste livro.
Interessante, complexo, por vezes, mas escrito de forma acessível, uma leitura estimulante e propícia à reflexão. Um bom livro para uma viagem pelo mundo da filosofia.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mil Dias em Veneza (Marlena de Blasi)

Durante uma visita em Veneza, a curiosidade de um estranho muda a sua vida. Ele, que, anos antes, captara um vislumbre do seu perfil, criara uma atracção por essa imagem e, ao reencontrar a mulher que, nesse dia, apenas vira à distância, mostra-se decidido a conquistá-la. Assim, alguns encontros casuais cedo se transformam em algo mais sério. Sério ao ponto de fazer com que Marlena deixe toda a sua vida para ir viver com o estranho em Veneza.
O grande aspecto positivo deste livro está, sem dúvida, na forma muitíssimo detalhada como a autora apresenta Veneza. Quer na descrição dos lugares, quer nas tradições, mas principalmente na comida (onde a autora é particularmente exaustiva nas descrições), a autora apresenta, com todo o pormenor, uma visão bastante clara dos locais que marcaram a sua experiência na cidade. Isto é um aspecto interessante principalmente porque, em conjugação com os momentos mais contemplativos, em que a autora reflecte sobre os significados de alguns locais e experiências, cria uma certa curiosidade em conhecer os lugares referidos ao longo da narrativa.
Já a história parece ser contada de um tom algo distante, o que causa uma certa estranheza, principalmente devido ao facto de esta ser, efectivamente, uma experiência vivida pela autora. As decisões parecem surgir no nada, e há situações e opções que acabam por parecer incompreensíveis, tendo em conta que, apesar da grande mudança drástica que terá sido deixar tudo para ir viver com o homem da sua vida, a emoção e o amor parecem não ter mais que uma presença discreta ao longo deste livro. Torna-se, por isso, difícil compreender as motivações de cada um dos intervenientes nesta história e o que se supõe ser uma história de amor acaba por se mostrar essencialmente como o retrato de uma estranha (mas não particularmente apaixonada) convivência.
Interessante para conhecer um pouco mais de Veneza, é pena que não haja uma história mais envolvente para se aliar à detalhada descrição das coisas e lugares do percurso do casal. Fica, ainda assim, uma visão cativante de um cenário, apesar da impressão de que, nesta história, demasiado ficou por aprofundar.

Novidade Porto Editora

Tudo começa por acaso: Leo recebe por engano alguns emails de uma desconhecida chamada Emmi. Educadamente, responde-lhe, e Emmi
retribui.
Esta troca de e-mails desperta uma curiosidade intensa entre os dois e, quase de imediato, Emmi e Leo começam a partilhar confidências e desejos íntimos.
A tensão erótica aumenta e o encontro entre ambos parece iminente. Mas Emmi e Leo adiam o momento. Porque, afinal de contas, Emmi é casada e feliz.
Serão os sentimentos que nutrem um pelo outro suficientemente profundos para sobreviver a um encontro real? E depois desse momento, o que os espera?
Quando sopra o vento norte é um romance divertido, animado e irresistivelmente cativante, cheio de reviravoltas, sobre um caso de amor vivido exclusivamente por email.

Daniel Glattauer nasceu em 1960, em Viena. Desde 1985 trabalha como escritor e jornalista, e desde 1989 escreve para o diário austríaco Der Standard.
Quando sopra o vento Norte, foi editado na Alemanha em 2006 e tornou-se um enorme best-seller, vendendo mais de um milhão de exemplares; foi traduzido em 32 línguas e entrou para os tops de vendas em países como a França, Espanha, Itália e Áustria. A Porto Editora publicará brevemente a sequela deste divertido romance, que foi igualmente alvo do entusiasmo da crítica e do público internacionais.

Novidade Esfera dos Livros

«O fundamental neste livro é que, através daquilo que os protagonistas descrevem, nós, os portugueses de hoje, temos acesso à história dos anos da guerra como ela ficou gravada naqueles que a fizeram. Não é pouca coisa.»
Coronel Matos Gomes in Prefácio

O médico Abílio Alves esteve um ano e meio em Nambuangongo, Angola, a tentar salvar vidas, com poucos meios e sob ataques constantes. António Lobato foi o primeiro piloto a despenhar-se na Guiné, o chamado Vietname português, e aquele que mais tempo esteve preso nas mãos do PAIGC – sete anos. Maria Arminda Lopes Pereira dos Santos pertenceu ao primeiro grupo de enfermeiras pára-quedistas e durante dez anos percorreu vários cenários da guerra colonial. António José Freire foi atingido, em Angola, por um estilhaço que lhe arrancou uma parte do crânio. Ao todo, foi operado 18 vezes à cabeça. José Vicente decidiu arriscar a vida ao volante de um Unimog para a companhia não ficar uma noite inteira sem água. Sofreu um acidente e ficou paraplégico. O jornalista Nuno Tiago Pinto ouviu cada um dos 50 testemunhos que fazem parte deste livro e captou o momento mais dramático da sua experiência nos três cenários da guerra colonial – Angola, Guiné e Moçambique. São relatos impressionantes, feitos na primeira pessoa, de actos de coragem e de amizade, de medo, heroísmo, desespero, de soldados, médicos, enfermeiras que combateram, de diferentes formas,
em nome da pátria. Ao todo, foram mobilizados para os três teatros de guerra entre 800 mil, e um milhão de portugueses. Destes, mais de nove mil morreram em combate ou num dos muitos acidentes que, por descuido, falta de preparação ou infortúnio acabaram por causar vítimas. Os outros milhares de portugueses regressaram a casa com marcas físicas ou psicológicas de uma guerra que os transformou e marcou para sempre. Esta é a sua história.

Nuno Tiago Pinto nasceu em 1978, em Lisboa. Licenciou-se em Relações Internacionais e tirou o curso de especialização em jornalismo no CENJOR. Passou pela redacção da Sic Notícias e foi jornalista e editor de Internacional e de Sociedade no semanário O Independente. Está desde 2006 na revista Sábado onde é sub-editor da secção Portugal.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Paranormalidade (Kiersten White)

Ao trabalhar para a Agência Internacional de Contenção Paranormal, Evie já viu muito de estranho e de improvável. Mas, mesmo com o seu dom de ver através de todos os disfarces, nunca poderia estar preparada para a forma como o seu mundo muda com a captura de um ser invulgar. Ela não sabe o que ele é. A AICP não sabe o que ele é. Tudo o que sabem é que Empresta (Lend, no original) consegue adoptar a imagem de outros humanos. E a sua presença irá abalar as certezas de Evie, mesmo enquanto uma ameaça bem mais clara parece atingir os seres paranormais.
O mais interessante neste livro é a abordagem aos diferentes tipos de seres paranormais e a forma como o mundo lida com eles. A autora não se limita aos sobrenaturais conhecidos, misturando aos vampiros, bruxas, lobisomens e fadas a presença de seres mais complexos. Empresta e a própria Evie, dois dos principais elementos desta história, fogem, eles próprios, aos seres mais comuns e isso torna a história bastante mais intrigante. Além disso, todo o sistema de contenção, bem como a sua necessidade e alternativas, acaba por levantar algumas questões interessantes relativamente à forma como cada um lida com a diferença.
É de esperar num livro deste género uma certa componente de romance, que existe, de facto, e que, à primeira vista, tem muito em comum com outras histórias. Ainda assim, há algo de inesperado na forma como o possível triângulo amoroso que é insinuado na fase inicial acaba por se tornar algo de diferente, já que Reth acaba por surgir mais como um possível vilão que propriamente como um verdadeiro adversário na luta pelo interesse de Evie.
Quanto à escrita, é bastante directa e sem grandes descrições. Na verdade, é aqui que surge o ponto fraco deste livro. Se a história é contada de forma envolvente e com um ritmo bastante intenso, fica ainda assim a sensação de que poderia ter sido mais desenvolvida no que toca a pormenores. Tanto o sistema da AICP como as suas alternativas são apresentadas de forma muito geral e fica a sensação de que haveria mais a dizer nalguns momentos.
Deixando várias possibilidades e ainda bastante de potencial inexplorado, Paranormalidade é um início de série bastante interessante, com uma história cativante e de leitura agradável, mas que deixa bastante por esclarecer. Fica, por isso, a curiosidade em saber mais sobre o mundo de Evie e sobre aquilo que a espera em Supernaturally, a sua próxima aventura.

domingo, 22 de maio de 2011

Na Sombra do Dragão (J.R. Ward)

Há algo de atormentado em Rhage. A sua ânsia por uma luta feroz ou por uma noite passada com uma mulher humana (qualquer mulher humana) é algo que lhe conquistou uma reputação entre os da sua raça. Mas os seus motivos são bem mais sombrios que um simples apetite insaciável. Há uma maldição dentro de si, um monstro que, caso não consiga controlar, ameaçará todos aqueles que o rodeiam. Mas a sua forma de vida vai mudar e, com ela, os aspectos de si mesmo que tentou esconder ou que ele mesmo ignorava. Porque, quando a frágil, mas estranhamente corajosa Mary Luce entrá na sua vida, o guerreiro compreende que ela é mais que simplesmente outra mulher no seu caminho.
É de esperar que, neste tipo de livro, haja uma certa predominância do aspecto sensual da relação entre os protagonistas. E é isso que, de facto, acontece. Mas o mais interessante é que, não só esses episódios estão bem enquadrados no ritmo da narrativa, como acabam por não ser o aspecto mais relevante da história. Tal como já acontecera no livro anterior, há toda uma série de elementos a descobrir ao longo deste livro: desde as relações e protocolos da Irmandade da Adaga Negra aos novos planos dos seus inimigos, passando pela forma de vida dos vampiros fora da Irmandade e até pelos seus contactos com humanos normais. Além disso, e ainda que a história seja centrada na evolução da relação entre o casal (e consequentes dificuldades), há elementos que vão sendo introduzidos e que permitem uma visão mais global da série. Neste livro em concreto, há já alguns acontecimentos que preparam a história de Zsadist e também, em menor grau, a de John.
O que mais fascina neste livro, ainda assim, é a forte carga emocional, devida não apenas ao passado atormentado e marcado por diferentes tipos de dificuldades de Rhage (e um dos pontos de interesse em cada livro é a forma como as cicatrizes do passado moldam a personalidade de cada guerreiro), mas também pela dura história de vida de Mary Luce (e a sua luta contra a doença), bem como pela forma como a descoberta um do outro condiciona as suas histórias. Há momentos de dúvida e, principalmente, de sacrifício que são de uma intensidade devastadora e a forma directa como a autora os apresenta deixa marcas na memória.
Não é muito difícil adivinhar, de uma forma vaga, como acabarão as coisas para os protagonistas deste livro. E, ainda assim, a autora consegue criar tensão e semear dúvidas na mente do leitor, criando um percurso onde as dificuldades são tantas que se torna difícil, por momentos, vislumbrar alguma ideia de salvação. Mas é também neste percurso de dificuldades que a autora apresenta os momentos mais emotivos, não apenas na vertente romântica, mas em toda uma visão de amizade e lealdade que confere aos outros sentimentos uma maior força.
Um livro viciante, com um sistema bastante interessante e uma história onde as emoções (que não se resumem ao amor) são soberanas e o passado tem sempre um papel fundamental nos gestos e nos valores dos seus protagonistas. Cativante. Comovente. Muito bom.

Aventuras de Sherlock Holmes III (Sir Arthur Conan Doyle)

Três mistérios invulgares, tornados simples pelas capacidades dedutivas de Sherlock Holmes, constituem mais este livro das suas aventuras, narradas pelo fiel (ainda que, segundo o próprio detective, um pouco fantasioso) Watson.
O primeiro caso trata d'A Liga dos Cabela Vermelha, e a história é a de um emprego simples e bem pago, mas destinado exclusivamente a candidatos ruivos, e que serve de base aos meandros de um plano bastante mais complexo. Trata-se, como habitual, de um conto interessante, envolvente e com uma ideia invulgar, ainda que deixe a impressão de uma resolução algo apressada.
Segue-se O Solteirão Nobre, onde um cliente da nobreza e uma noiva que desaparece do almoço de casamento são a base de mais um teste às capacidades dedutivas de Holmes. Mais uma vez, o que começa por parecer uma situação deveras estranha acaba por se revelar muito simples, numa história bastante interessante, mas onde o tom da narrativa parece ser algo distante.
E, por fim, As Faias Cor de Cobre, onde uma mulher que hesita em aceitar um emprego invulgarmente bem pago procura Sherlock Holmes para afastar as suas dúvidas, que, ainda que não o saiba, fazem todo o sentido. Misterioso, sombrio e envolvente, este conto cativa mais pelas circunstâncias do caso em si que propriamente pelas deduções do detective e é a forma como estes dois elementos se conjugam num final bastante intenso que torna este conto particularmente cativante.
De leitura agradável e com alguns momentos particularmente interessantes, um livro pequeno, mas bastante intrigante, quer pela força particular do último conto, quer pelos pequenos detalhes que, de conto em conto, vão sendo revelados sobre os seus sobejamente conhecidos protagonistas.

sábado, 21 de maio de 2011

Beijo do Ferro (Patricia Briggs)

Depois de ter contado com o auxílio de alguns objectos dos seres feéricos, Mercy Thompson tem agora uma dívida a pagar. Mas as coisas complicam-se quando o que parecia uma simples investigação para descobrir os culpados de algumas mortes na Fairyland acaba com Zee, amigo e ex-chefe de Mercy, preso por um assassínio que não cometeu e com os Senhores Cinzentos a quererem que ele pague com a vida pela existência discreta dos seres feéricos. O problema é que Mercy não é propriamente do tipo obediente, principalmente quando é o bem-estar de um amigo que está em jogo...
É nos seres feéricos que se concentra a acção deste livro e, portanto, há muito que é revelado sobre o seu mundo. Relações, comportamentos, objectos de poder, ligações e hierarquias vão sendo desvendadas à medida que Mercy tenta descobrir o mistério por detrás das mortes que foi investigar e, principalmente, o culpado do crime pelo qual Zee foi preso. Tudo isto de uma forma progressiva, em que a informação é dada na medida em que é necessária e por entre uma intensa sucessão de acontecimentos e algumas surpresas ao longo do percurso.
Também particularmente interessante é a forma como a relação de Mercy com os dois lobisomens da sua vida evolui, de uma tensão que se vinha tornando evidente desde o primeiro livro para algo de mais profundo. Aqui, torna-se importante referir o momento de grande impacto emocional que surge na fase final deste livro que, além de revelar algo de muito marcante sobre uma personagem secundária, mostra também muito da verdadeira natureza de Adam.
Falta mencionar a forma como a personalidade de Mercy é aprofundada neste livro. Para além da figura forte, teimosa, e insubmissa que, desde O Apelo da Lua, se vinha a meter em sarilhos progressivamente mais complicados, surge agora o seu lado vulnerável, na forma de aspectos mais sensíveis que não a tornam menos cativante (já que os seus pontos fortes continuam presentes em toda a sua glória), mas sim mais complexa e mais humana.
Viciante, com uma história cativante e com momentos particularmente intensos, um livro que acrescenta ainda mais alguns aspectos de interesse a uma série já muito interessante e que deixa muita curiosidade em saber o que virá a seguir. Muito bom.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Damon, Almas Sombrias (L.J. Smith)

Agora que sabem onde se encontra Stefan, o passo seguinte para Elena, Damon e Matt é percorrer o caminho até à Dimensão das Trevas e encontrar as duas partes da chave escondida pelos kitsune. Mas o percurso é longo, as dificuldades são várias... e há sentimentos confusos a florescer entre Elena e o misterioso irmão do seu amado. Confusos ao ponto de levantar algumas dúvidas: mesmo que consigam libertar Stefan da sua prisão, será a normalidade possível?
É um pouco confusa a fase inicial deste livro, primeiro pelo início um pouco lento, mas principalmente pela forma como as acções das personagens parecem ser apresentadas. Há, nas primeiras cem páginas do livro, um destaque um pouco excessivo para a confusão emocional na mente de Elena que, mais que demorar o enredo em elementos de pouca relevância para a história, parece apontar para mudanças estranhas na personalidade dos protagonistas. Elena parece ter perdido grande parte da segurança que era a sua maior força. E Damon, através de umas quantas acções inexplicáveis, passa, por momentos, a impressão de que todas as experiências marcantes dos livros anteriores foram inúteis.
Felizmente há um ponto a partir do qual o livro parece retomar o ritmo dos anteriores e, a partir da chegada à Dimensão das Trevas, a acção passa a dominar, criando um ritmo de leitura mais envolvente (quer pelas situações de perigo, quer pela apresentação de novos elementos) e alguns momentos de grande intensidade. Continuam a surgir algumas atitudes um pouco estranhas da parte de algumas personagens, mas estas parecem agora fazer algum sentido, apontando para a possibilidade de revelações futuras.
Falta referir, por último, o final um pouco brusco, mas que desperta muita curiosidade para saber de que forma irá a autora resolver as várias situações que deixou em aberto, bem como toda a situação de Fell's Church que, pouco aprofundada neste livro, revela, ainda assim, um grande mistério por resolver.
Comparativamente aos volumes anteriores, tenho de admitir que este livro ficou um pouco aquém das expectativas. Ainda assim, passada a confusão da fase inicial e um ou outro momento mais forçado, o enredo torna-se bastante mais fluído e cativante e, por isso, o balanço final desta leitura é positivo.

Novidades Casa das Letras para Junho

Os arquivos da Torre do Tombo guardaram até hoje um se­gredo que este livro desvenda: a PIDE/DGS acreditava que havia uma conspiração do Opus Dei para dominar o regime do Estado Novo. A polícia política estava convicta de que, tal como já conseguira na Espanha de Franco, José Maria Escrivá, o polémico fundador da Obra, queria conquistar as elites que apoiavam o regime de Oliveira Salazar.
Esta investigação histórica é o relato de uma tese conspi­rativa que envolveria a Irmã Lúcia, o domínio do poderoso Banco da Agricultura e uma aliança tácita, mas que acabou frustrada, com o cardeal patriarca Gonçalves Cerejeira.

Nas livrarias a 13 de Junho

O Pregado tem como ponto de partida um conto dos irmãos Grimm, «O pescador e sua esposa», e a partir deste, Grass tece um interessante e hilariante estudo antropológico da cultura germânica desde o período neolítico até a década de 70.

Nas livrarias a 13 de Junho




A fabulosa odisseia dos marinheiros portugueses que percorreram todos os oceanos de encontro a um mundo desconhecido, escrita por um romancista, escritor e antigo jornalista, que vive em Portugal há cerca de 12 anos.

Nas livrarias a 13 de Junho

Novidade Porto Editora

A londrina Rachel de trinta e nove anos descobre que tudo na vida pode dar uma volta enorme quando e como menos se espera.
Tudo começa num momento conturbado: na mesma semana Rachel perde o namorado, o emprego, descobre o primeiro cabelo branco e é acusada pela irmã de ser egoísta por se ter esquecido do aniversário do sobrinho.
Como se não bastasse, de repente tem de se mudar de Londres para uma pequena cidade de província, no fim do mundo, onde uma tia lhe deixou em herança um canil a abarrotar de cães, uma casa enorme e uma montanha de dívidas.
Mas nem tudo é o que parece e nem só de problemas se fará este novo percurso de Rachel; graças aos amigos de quatro patas, muitos corações solitários vão descobrir valiosas lições sobre lealdade, companheirismo e amor incondicional.

Lucy Dillon (1974) é uma escritora de origem escocesa que atualmente
reside em Londres O seu sonho de criança era ser bailarina, facto ao qual não será alheio o tema do seu primeiro romance: The Ballroom Class (2008). Sempre na onda do romance sentimental, em 2009 publica Corações sem dono, com o qual confirma o próprio publico, predominantemente feminino e consegue o reconhecimento de Romantic Novel of The Year.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Danças Malditas

Romance, sobrenatural e... bailes. São estes os elementos comuns aos cinco contos que compõem este livro. E se todas as histórias têm alguns elementos de interesse, algumas há a que parece faltar alguma coisa...
A Filha da Exterminadora, o conto de abertura, é da autoria de Meg Cabot e apresenta a história de Mary, a filha de uma caçadora de vampiros que foi, ela própria, convertida em vampira. O objectivo de Mary é, ao atingir o filho do vampiro que atacou a sua mãe, fazer com que esse ser abandone o seu esconderijo. O problema é que Sebastian Drake tem poderosos encantos que lhe permitem controlar a única amiga de Mary e, por isso, esta vai precisar de ajuda. A ideia geral da história é bastante interessante e a escrita é agradável. Mas a história é demasiado centrada na química entre Adam e Mary, levando não só a que a situação dos vampiros seja pouco desenvolvida, mas também a que, depois de uma conclusão quase "acidental, fique demasiado por explicar.
Segue-se O Buquê, de Lauren Myracle. Três amigos que visitam uma vidente para resolver um problema de timidez acabam por descobrir que o que julgavam uma divertida farsa se converteu num sério problema de maldições e desejos insensatos. O início do conto parece ser um pouco forçado, demorando um pouco a alcançar os aspectos importantes da história. Ainda assim, toda a situação em volta do buquê e dos desejos concedidos cria alguns momentos marcantes de tensão e o final é de grande intensidade.
Madison Avery e a Morte serve de prequela a uma série da autoria de Kim Harrison. Aqui, uma mudança de escola e um baile não muito cativante acabam por se transformar numa situação de vida ou morte... com algumas opções inesperadas. Também com um início um pouco lento, acaba por evoluir de forma interessante. Ao deixar bastante em aberto, desperta curiosidade para os livros da série, mas fica também a sensação de algo em falta.
Beijos e Segredos, de Michele Jaffe conta a história de uma rapariga dotada de poderes invulgares e de como a sua vida se vê em perigo em consequência do que deveria ser apenas mais um trabalho. Aqui, é o início um dos momentos mais poderosos do conto, já que parte da sua força se perde com as excessivas divagações da protagonista. Há, ainda assim, alguns momentos fortes, apesar de algumas circunstâncias levemente irritantes. Melhora, na fase final, mas fica, ainda assim, demasiado sem resposta.
Por último, O Inferno na Terra, de Stephenie Meyer, tem como elementos essenciais um baile onde ninguém parece divertir-se, um rapaz com apurados instintos protectores e uma rapariga invulgarmente malévola. Leve, envolvente, com um início ligeiramente confuso, mas ganhando intensidade com a progressão dos acontecimentos, uma história bastante interessante, ainda que um pouco previsível, e com uma visão peculiar da hierarquia demoníaca.
Com alguns contos mais cativantes que outros, este Danças Malditas acaba por ser, apesar de tudo, uma leitura agradável e que entretém, com os seus momentos de interesse e com algumas ideias curiosas. Tenho de admitir, apesar disso, que esperava um pouco mais.

Novidade Bertrand para Junho

Laura tem de abandonar um quotidiano parisiense, agitado e elegante, para tratar da mãe. Pensa que a sua vida amorosa chegou ao fim, mas reencontra Ben, o seu grande amor dos tempos de faculdade. Mas Ben é casado. Terão eles a coragem de aproveitar esta segunda oportunidade?
Esta é a história agridoce de um amor perdido e reencontrado. Um livro repleto de ternura, inteligência e sensibilidade.

Patrick Gale nasceu na Ilha de Wight em 1962. Passou a sua infância na Prisão de Wandsworth, que era dirigida pelo seu pai, e depois cresceu em Winchester. Vive actualmente numa quinta perto de Land’s End.

Novidade Porto Editora

Gudlaugur, o velho porteiro de um dos mais famosos hotéis de Reiquiavique, é encontrado seminu e apunhalado no seu miserável quarto na cave do hotel. Mas Gudlaugur é muito mais do que um simples porteiro que também se disfarça de Pai Natal para as festas das crianças – ele é um completo mistério. Ao fim de vinte anos a trabalhar no hotel, ninguém parece conhecê-lo verdadeiramente.
À medida que a investigação prossegue, uma teia de más intenções, avidez e corrupção começa a emergir. Toda a gente - entre funcionários e hóspedes - tem algo a esconder. Mas o segredo mais chocante reside no passado da vítima, no qual o inspector Erlendur tem de mergulhar para encontrar o assassino.

Arnaldur Indriđason (Reiquiavique, 1961) é historiador, jornalista e crítico literário e de cinema. Durante vinte anos trabalhou para o Morgunbladid, o mais importante diário da Islândia, antes de se dedicar à escrita a tempo inteiro. Publicados em vinte e seis países, os seus romances rapidamente se transformam em bestsellers.
A sua obra tem recebido vários prémios, entre os quais se destacam o Prémio Chave de Vidro (2002 e 2003), atribuído pela Associação Escandinava do Romance Policial, e o CWA Gold Dagger (2005).

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A Mulher que Amou o Faraó (Helena Trindade Lopes)

Algumas memórias dispersas evocadas em conversa com a sua neta levam Ísis a reviver o seu passado e, com ele, um período atribulado da história do Egipto. Agora uma mulher distinta, rodeada de conforto e preocupada apenas com a felicidade da neta, Ísis foi, em tempos, uma mulher apaixonada, alguém que descobriu a força de um amor intenso e a angústia da traição, na sua história de amante, de amiga e de mulher. Mas, passados demasiados anos, os segredos parecem ganhar uma vontade própria de surgir...
O mais interessante neste livro é a forma como, ao mesmo tempo que introduz diferentes aspectos da história e da cultura egípcias, a autora cria uma aura de mistério através das oscilações entre diferentes pontos na vida de Ísis. Ao alternar entre as conversas da mulher com a sua neta e as memórias de um passado que parece muito distante, há uma envolvência que se cria, uma vontade de saber mais sobre o passado, mas também de como reagirá Tity quando os segredos se tornarem conhecidos.
Um outro aspecto marcante é a intensa e constante presença da emoção ao longo do enredo, com grande predominância no amor entre Ísis e os homens da sua vida, mas também nas amizades, na fidelidade, nas desilusões. Criam-se assim alguns momentos bastante comoventes, principalmente a partir de uma fase do enredo em que as personagens se tornam, de certa forma, familiares.
Nem tudo é perfeito, claro, e, principalmente na fase inicial, há algo nos diálogos que causa uma certa estranheza. Na necessidade de transmitir ao leitor uma certa medida de informação (quer de cenários, quer de costumes) e ao fazê-lo através do diálogo, há algumas conversas que soam um pouco forçadas. Há, ainda assim, uma tendência para que esta estranheza diminua ao longo do enredo, quando as informações essenciais são já conhecidas e, portanto, há menos de aspectos descritivos a serem apresentados.
Fica ainda a curiosidade em saber mais sobre a história de Akhetaton de um ponto de vista mais global e menos centrado nos protagonistas do livro. Ainda assim, é nas relações que reside o essencial desta história e, nesse aspecto, os grandes acontecimentos são claros e marcantes.
Com uma escrita directa e agradável e uma história interessante, este é um livro que, apesar de algumas fragilidades, não deixa de ser cativante e, em certa medida, marcante do ponto de vista emocional. Deixa ainda, sem dúvida, a vontade de saber um pouco mais sobre a época histórica apresentada neste enredo e as figuras que a marcaram.