segunda-feira, 4 de julho de 2011

Por Ti, Resistirei (Júlio Magalhães)

Todos pensavam que Paris era um lugar seguro, mas cedo se provou que estavam errados. Por essa altura, Carlos estava já em Lisboa, preocupado com a doença da mãe, mas Nicole, francesa e judia, vê-se na necessidade de procurar uma fuga e aí conta apenas com a sua persistência e o auxílio de Aristides de Sousa Mendes. O destino é Portugal, mas também aí nada é tão fácil como parece e, entre a sua ânsia de servir o país e as maquinações do pai de Carlos, Nicole terá de planear ainda uma nova viagem...
Escrito de forma directa e sem grandes elaborações, o ponto de partida deste livro é algo de bastante interessante. História de amor em tempos difíceis, o que não falta na narrativa são dificuldades no caminho dos protagonistas e ocasiões que lhes permitam provar o seu valor e persistência. É, na verdade, aqui que reside o ponto mais positivo deste livro: no caminho de dificuldades e na força com que estas são enfrentadas, tendo a esperança como constante, apesar do cenário negro e das situações difíceis.
O foco está sempre nos acontecimentos. São acções e decisões aquilo que é apresentado ao longo do enredo, onde, sem pontos mortos, quase sem paragens, há sempre algo a acontecer. E aqui começam os problemas, já que este ritmo algo apressado, centrado principalmente na acção, deixa dois aspectos que poderiam ser mais explorados. O primeiro é, claro, o lado de emotividade e caracterização de personalidade nas personagens. Em termos emotivos, o que transparece é fundamentalmente o amor entre os protagonistas e o choque ante os horrores que têm de viver, mas isto é abordado apenas na medida em que condiciona os acontecimentos, não havendo muito mais a descobrir sobre a personagem de Nicole e Carlos. O outro é, evidentemente, a forma pouco desenvolvida como é abordado um tema tão vasto e complexo como o é a Segunda Guerra Mundial. Mais uma vez, a impressão que fica é a de que a época é explorada apenas na medida em que condiciona a história dos protagonistas, esquecendo, em certa medida, todo o mundo em volta.
Não deixa de ser uma leitura agradável. A escrita directa e os capítulos curtos contribuem para construir uma certa envolvência e manter a curiosidade em saber de que forma acabará a história do casal. Fica, ainda assim, a sensação de que o ambiente e as circunstâncias podiam ser exploradas com maior profundidade e, por isso, a ideia de que muito de importante ficou por contar.

1 comentário:

  1. Olá Carla!

    Eu então vou escrever uma opinião em que casco no autor.
    Respeito todos os gostos, mas, pessoalmente, achei o livro, vá lá, mal escrito... :)

    ResponderEliminar