sábado, 13 de agosto de 2011

A Vidente de Sevenwaters (Juliet Marillier)

Antes de proferir os seus votos finais como druidesa, Sibeal é enviada para passar algum tempo em Inis Eala. Mas o que deveria ser algum tempo de descanso na companhia das irmãs acaba por se revelar numa complicada missão, quando um navio nórdico naufraga. Apenas um estranho casal parece ter sobrevivo ao incidente. Mas quando Sibeal salva a vida de um terceiro homem, cuja memória parece ter desaparecido, os segredos da viagem do Freyja acabam por vir à luz do dia. E há uma missão à espera de Sibeal e do homem que salvou.
Regresso ao mundo de Sevenwaters, mas a uma nova geração, há, neste livro, uma magia que, ainda que, de certa forma, diferente da que transparece na trilogia original, não deixa por isso de ser cativante e comovente. A história da viagem amaldiçoada de Felix, e do próprio Felix, em demasia associado ao estatuto de "homem aziago" complementa, na perfeição, a história da calma e ponderada Sibeal. De determinada defensora da vida espiritual, Sibeal evolui para uma mulher mais completa, ao mesmo tempo a voz dos deuses e a mulher humana que sente, que ama e que sofre. E esta evolução é tão definida pela sua convivência com os habitantes de Inis Eala como pela experiência dura (e inesquecível) de conhecer e salvar Felix, de cumprir com ele a sua missão e, por fim, de enfrentar o conflito entre a vocação e o amor. Felix, por sua vez, tem a suposta culpa do passado para resolver e a serenidade de Sibeal funciona, de certa forma, como atenuante para os seus demónios interiores.
Ainda que o centro da narrativa esteja em Felix e Sibeal (até porque a história é contada pelas suas vozes), é particularmente interessante notar que a autora não esquece os outros habitantes do seu mundo. Desde as mais ténues aparições à quase constante presença dos elementos mais próximos, há algo de mágico na forma como a grande família de Sevenwaters continua a manifestar a sua união.
Ainda de referir a forma como a autora relaciona evidentes elementos de magia (as criaturas mágicas, o legado do sangue de Cathal...) de uma forma que encaixa na perfeição com os aspectos mais simples do quotidiano de Inis Eala. O resultado é uma história que, apesar dos elementos mais improváveis, nunca perde aquela impressão de proximidade que torna as experiências e sofrimentos de cada personagem algo com que é fácil criar ligações.
História de amor e de luta, de escolhas e de sacrifícios, A Vidente de Sevenwaters acrescenta a um mundo mágico e cativante uma nova linha de acontecimentos, feita de grandes momentos, mas também dos mais simples sentimentos que definem uma grande personagem. Uma boa história, com personagens cativantes e escrita da forma bela e envolvente que sempre transparece no trabalho de Juliet Marillier. E, por tudo isto, uma boa leitura.

4 comentários:

  1. Como achaste que se comparou às outras obras? Ou preferes não pensar nesses termos?

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  2. Para mim a Marillier é excepcional, assim como a sua escrita. Sem comparação, os seus livros são diferentes mas fantásticos.

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  3. Hmmm. Acho que não têm (nem este nem o Herdeiro) a complexidade da trilogia original (note-se que ainda não li mais nada da autora). Continuo a achar a escrita lindíssima e gostei muito da história, mas o impacto é diferente. Um pouco menos... abrangente, talvez? Ah, e claro, há coisas em aberto, nunca se sabe como vão ser resolvidas.

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  4. Excelente opinião ;) Foi tão bom reencontrar aquelas personagens -secundárias- de livros anteriores, especialmente o Gull e a Biddy. É como se eles existissem mesmo, e andassem a tratar dos seus afazeres normalmente até ao dia em que a Juliet se lembra de nos contar o que é que se passa à sua volta. xD Tenho ideia que o próximo livro vai ser o desfecho deste regresso a Sevenwaters, ou pelo menos o desfecho daquele problema chamado Mac Dara... (o_o)

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