Se com Eu, Lúcifer, o autor já me tinha despertado para o fascínio da sua obra, foi com Um Dia e Uma Noite e Um Dia, uma obra tão diferente, mas tão marcada pelo seu estilo pessoal, que me conquistou definitivamente.
Num tom completamente sério (em oposição ao humor mordaz de Eu, Lúcifer), este livro conta-nos a história de Augustus Rose, improvável terrorista, confrontado com um terrível interrogatório às mãos de Harper. Situado em três tempos diferentes, vemos como Augustus se refugia nas suas memórias e nos seus próprios hábitos, para resistir a um interrogatório que se torna progressivamente mais insuportável. E, à medida que vislumbramos aquilo que esconde, as suas paixões, as suas memórias, os seus medos, não podemos deixar de nos surpreender com a profundidade emocional e real que este livro atinge.
Simultaneamente história de amor, relato de horror e doloroso retrato de uma sociedade que queremos ignorar, este é um livro que entra directamente na mente e no coração do leitor. Profundo, perturbador, chocante e terrivelmente real, transporta-nos para os recantos mais sombrios da capacidade humana, do que um homem pode fazer com poder. E todas as restrições serão quebradas e a resistência apagada. Tudo pode acontecer no espaço de um dia e uma noite e um dia.
Há bastante tempo que um livro não me marcava tanto. Fica a ressalva: não é uma leitura para mentes/estômagos sensíveis, apesar da sua capacidade de, ao mesmo tempo que perturba, comover com a sua profundidade emocional. É, sem margem para dúvidas, um livro impressionante e uma leitura que, entranhada na mente durante muito tempo, se torna inesquecível.
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