Quando Lexy Ransome é encontrada morta depois de cair de uma árvore, a vida do seu marido fica de pernas para o ar. Tudo aponta para que tenha sido um acidente, mas, ao entrar na casa, Paul depara-se com alguns sinais de uma alteração na rotina da esposa. E a única testemunha é Lorelei, uma rhodesian ridgeback que levará Paul numa improvável missão: ensinar a sua cadela a falar.
Os Cães de Babel é um livro que, nas suas pouco mais de 200 páginas, consegue transmitir toda uma diversidade de sentimentos. Com uma escrita cuidada e envolvente, e um enredo que, apesar de algumas explicações necessárias, nunca se torna maçador, a autora conduz-nos através das memórias de Paul, ao mesmo tempo que nos relata os progressos da sua investigação, lembrando-nos também a que ponto pode chegar alguém quando mergulha demasiado numa obsessão. Além disso, os momentos comoventes e a forma como tudo se desenrola até ao final assumem uma forma muito emocional, para, ao virar da última página, nos deixar a pensar, durante algum tempo, no que acabamos de ler.
Um único aspecto que devo referir, e que não é propriamente um defeito, mas que poderá ser um problema para alguns leitores, diz respeito à investigação animal. A dada altura, é-nos apresentada uma organização que, pretendendo descobrir nos animais o dom da fala, recorre a cirurgias e maus-tratos, e a forma como esses procedimentos nos são apresentados, apesar de brevemente, pode ser um pouco perturbadora. Assim, fica esta ressalva: pessoas mais sensíveis a este tipo de circunstância poderão ficar chocadas com este aspecto do livro.
Para mim, foi um livro comovente, uma leitura capaz de apelar ao lado mais emocional, e também muito bem escrita. Com a excepção dos casos referidos anteriormente, não posso deixar de recomendar.
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