Arturo Adrágon é um jovem de 14 anos com características muito especiais. Desde que nasceu que tem o rosto marcado por umas manchas negras que, nos momentos de preocupação, se movem para formar um estranho símbolo, constituído por um A com uma cabeça de dragão. Este problema peculiar torna-o alvo de troça na escola, mas não é esse o seu maior problema. Enquanto, na Fundação, os problemas ameaçam afastá-lo do lugar histórico que sempre foi a sua casa, nos seus sonhos é transportado para um mundo medieval onde é elemento integrante de uma luta entre alquimia e feitiçaria. E é esta dualidade de mundos que dá início à estranha história do Exército Negro.
Tenho de admitir que, apesar do ponto de partida deste livro ser muito interessante, não foi uma história que me cativou desde o início. E isto deve-se ao facto de termos um livro muito pouco descritivo e tão centrado na acção que, inicialmente, a história parece ser um pouco apressada. À medida que a história se sucede, contudo, o ritmo parece tornar-se mais uniforme e é possível mergulhar na cabeça neste livro que, apesar de destinado a um público mais juvenil, tem, nas suas mais de 600 páginas, uma história bastante complexa, mas agradável de se ler.
Pontos altos desta obra são a constante alternância entre o mundo medieval e o mundo actual, permitindo seguir duas histórias que, inicialmente, parecem ter muito pouco em comum, mas que se ligam numa rede complexa, e também a forma como a História e a arqueologia se interligam com a magia e a alquimia. Além disso, apesar da relativa linearidade das personagens (claramente divididas entre os bons e os maus), temos alguns momentos que nos fazem vislumbrar diferentes aspectos do seu carácter. Isto nota-se particularmente no caso de Demónicus, o Mago Tenebroso, que não hesita em demonstrar a sua preocupação face ao desaparecimento da filha Alexia. De referir ainda o final, completamente em aberto, que deixa o leitor bastante curioso quanto ao que acontecerá no próximo volume.
Aspectos menos bons... Apontaria, talvez, a instabilidade emocional de algumas personagens no que toca ao amor. Se a dualidade de Alexia entre o amor e o ódio é facilmente compreensível, tendo em conta a difícil escolha entre Arturo e Demónicus, já no caso de Metáfora, a oscilação entre a confiança total e a quase certeza de que Arturo enlouqueceu peca por ser ligeiramente incoerente. Ainda assim, são pequenos aspectos, e nada que prejudique particularmente a leitura.
Em suma, não é um livro particularmente inovador na área da fantasia heróica, mas tem alguns momentos muito bons e, tendo em conta o público que se destina (mas não só) é um livro envolvente, interessante e muito bom para uma leitura mais descontraída. Gostei.
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