segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Oscar Wilde e o Sorriso do Morto (Gyles Brandreth)

Mistério, decadência e teatro são os elementos primordiais deste policial em que o principal investigador é o excêntrico escritor Oscar Wilde. E, através de uma estranha trama que envolve o famoso actor Edmond La Grange e a sua companhia de teatro, as extraordinárias capacidades dedutivas de Oscar Wilde são exploradas a fundo para decifrar o mistério por detrás de uma série de crimes? Mas será apenas um assassino que se esconde nas páginas deste livro?
A fazer lembrar o Sherlock Holmes de Arthur Conan Doyle (que é, aliás, um dos intervenientes no enredo deste livro), esta é uma história de mistério onde a dedução metódica e a análise crítica fazem parte dos passos essenciais para desvendar o mistério. Mas há muito mais que um simples policial neste livro e a sua escrita clara e fluída, sem se tornar demasiado simples, são uma forma magnífica de caracterizar, de forma fundamentada, a carismática extravagância de Oscar Wilde.
Talvez não seja um livro em que se entra de imediato, dado que os primeiros capítulos servem, em grande parte, de contextualização, apresentando-nos a figura do mítico criador de Dorian Gray e o ambiente onde se desloca. Ainda assim, à medida que a história se desenvolve e os crimes se sucedem, o ritmo do mistério torna-se progressivamente mais viciante, e o mais fascinante desse desenvolvimento é que não se perde em nada a exploração cuidada da época, dos costumes e da própria personalidade das personagens. Também muito positivas as representações cuidadas da decadência, do preconceito e dos aspectos aceitáveis e insuportáveis da sociedade da época.
Um único aspecto a apontar será uma pequena incoerência na tradução. Ao longo de aproximadamente metade do livro, Liselotte La Grange é referida como "maman", mas a partir daí o termo passa a ser traduzido e todas as personagens passam a referir-se à senhora como a Mamã. Apesar deste pequeno aspecto, contudo, a leitura não é particularmente prejudicada, uma vez que é impossível confundir a personagem em causa.
Por último, e a não esquecer, o final completamente surpreendente. Depois de toda uma série de teorias descartadas, chegamos aos últimos capítulos julgando conhecer a resposta do mistério. Ainda assim, nem tudo é o que parece e se há questões que talvez possamos prever, nunca sabemos exactamente qual das teorias e dos suspeitos serão os verdadeiros.
Em suma, um livro que apreciei muito e que recomendo a todos os fãs da literatura policial. Fiquei também muito curiosa por ler os outros dois volumes deste série (Oscar Wilde e o Jogo da Morte; Oscar Wilde e os Crimes à Luz das Velas) publicados em Portugal e espero fazê-lo assim que possível. Até lá... fica esta recomendação. Para mim, valeu bem a pena a leitura.

Sem comentários:

Enviar um comentário