Anna Karénina (Lev Tolstoi)

História de amor proibido, mas fundamentalmente retrato exaustivo dos costumes da sociedade russa, este foi um livro que tive a oportunidade de ler numa leitura conjunta do fórum Estante de Livros (foi também a minha primeira participação numa leitura conjunta). Infelizmente, chegada ao fim do livro, não posso dizer que tenha sido uma obra particularmente marcante.

Comecemos pelos aspectos positivos da obra: Tolstoi é um nome que dispensa apresentações, e deve haver algum motivo para isso. A escrita do autor é magnífica, as descrições muito bem construídas e a abordagem filosófica e social dos assuntos completamente centrada e levada até aos mais pequenos pormenores.

E é aí que começam os problemas. Todos os acontecimentos desta obra parecem funcionar como nada mais que um motivo para exercer essa função de crítica social e, por isso, a acção decorre a um ritmo incrivelmente lento, as personagens contradizem a cada momento a sua natureza, personalidade e sentimentos e a verdade é que, para um ou dois momentos interessantes, há toda uma série de dissertações cansativas e de pouca relevância para a história, e as múltiplas histórias que nos vão sendo apresentadas são, na inconstância inserida pelas personagens, extremamente difíceis de assimilar num ponto de vista de ligação entre livro e leitor.

Parece-me, pois, que, apesar de ser um clássico, Anna Karénina não é, de longe, um livro para qualquer leitor. Quem estiver interessado na história de amor da mulher que dá título à obra vai ficar desiludido. Quem estiver à espera de um enredo concreto e de uma história a seguir, vai encontrar algo bem diferente. E, por isso, apesar de uma escrita magnífica e de uma base histórica impressionante, não posso recomendar este livro senão aos muito interessados na sociedade russa e aos muito pacientes. Pessoalmente, não posso dizer que tenha apreciado este livro.