O Passado que Seremos (Inês Botelho)

Num fim-de-semana no Caramulo, Alexandre conhece Elisa. São jovens, com estilos de vida e círculos de amigos completamente diferentes. Ainda assim, estabelece-se um sentimento e uma relação nasce, uma ligação estranha e inexplicável, feita de crescimento e de descoberta, em busca de uma identidade própria e de uma verdade pessoal.

Partindo de uma história aparentemente simples, mas onde os sentimentos são tudo e formam uma teia surpreendentemente complexa, este livro é uma descoberta surpreendente. Com uma escrita bela e de uma intensa profundidade poética, é incrivelmente fácil sentir como próprios os sentimentos e dúvidas das personagens. Elisa, com as suas constantes perguntas, o seu mundo complexo e pessoal, as mágoas do seu passado. Alexandre com a sua descontracção face ao futuro. As amizades e ligações familiares de ambos, os momentos partilhados, as dúvidas e as certezas de cada um...

É fundamentalmente uma história de evolução, de crescimento mental e emocional, e, contada pelas vozes de ambos os protagonistas, com uma constante passagem entre as memórias e o presente, as imagens mentais e a realidade, é um livro que envolve e apela à emoção. As metáforas que a autora cria para nos transmitir a sua mensagem são belas e quase palpáveis e até nos gestos mais simples há traços de um mundo pessoal, imagens com que nos podemos identificar.

O Passado que Seremos é, portanto, na sua essência, um retrato poético do crescimento de uma geração, com as suas diferenças e particularidades, e de uma passagem para o futuro, da ilusão à responsabilidade, dos sonhos à realidade. É, sem dúvida, um livro que vale a pena ler, com uma história profunda e uma escrita magnífica. E é por todos estes motivos que o recomendo sem reservas.