Tendo por base a visita de Himmler à abadia de Montserrat, este romance conta a história de Walter Ebert, destacado por Himmler para investigar o paradeiro do Santo Graal. No seu percurso, contudo, a vida de Walter cruzar-se-á com as de Mariana Barahona e Oriol Turmeda e todas as suas convicções serão abaladas.
Com um ritmo bastante fluído e consideravelmente mais cativante que o de Passageiros da Neblina, neste livro a autora liga detalhe histórico e tensão emocional na medida certa. Ainda que os elementos mais desenvolvidos sejam os históricos e políticos, as situações que marcam a história de cada personagem tornam este livro estranhamente cativante. Tanto nas situações mais globais como a grande Depressão e a vida nos campos de concentração como nos casos mais pessoais como as perdas sofridas por Walter e o casamento infeliz de Marina, a intensidade com que a autora descreve os cenários e cria as situações marca na memória do leitor vários instantes desta história.
Não é um livro de ritmo compulsivo, principalmente devido ao detalhe com que a autora explora as investigações e teorias que terão levado Himmler ao seu interesse pelo Graal. Ainda assim, é possível, através destes mesmos detalhes e da forma como se manifestam enquanto obsessão na mente de Himmler, ficar com uma ideia deveras perturbadora acerca dos seus planos e das estranhas razões que os motivaram.
Ainda uma nota para a forma como as histórias de Oriol, Walter e Marina nos são apresentadas. Inicialmente surgem como três elementos diferentes, sem grandes ligações, e a forma como a autora alterna entre as três histórias distintas, para posteriormente estabelecer entre elas um elo extremamente forte acaba por resultar num progressivo aumento de intensidade que culminará com um final marcante e comovente.
Não é uma leitura leve. Mas, com o detalhado desenvolvimento histórico e com a forma perturbadora como alguns cenários e situações são apresentados, este A Abadia Profanada não deixa de ser, por isso, um livro marcante e intenso. Muito, muito bom.
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