sexta-feira, 18 de junho de 2010

O Jogo do Acaso (Penny Vincenzi)

Um grave acidente de viação na M4 vai mudar a vida de todos os seus intervenientes. É este o ponto de partida deste livro onde vidas e personalidades aparentemente opostas se cruzam num jogo de possibilidades para criar e quebrar elos e relações. Desde Jonathan Gilliatt, o prestigiado obstetra, a Georgia, a insegura aspirante a actriz, são muitas e complexas as teias de relações que se estabelecem neste livro, ligadas e alteradas por algo tão simples como os momentos daquele acidente que pareceu eterno.
Uma escrita leve e uma forte componente de emoção são as principais características deste livro. Afinal, numa história onde amores e amizades são elementos dominantes, não invocar situações de maior sensibilidade seria quase impossível. E se as histórias que constituem este livro são muitas, criando uma teia complexa de situações imprevistas, o facto é que tudo pode mudar num único momento. Vidas que se salvam quando tudo indicaria o contrário, recuperações improváveis, mortes repentinas, relações que se destroçam com uma simples palavra... Todas estas circunstâncias se unem para proporcionar ao leitor momentos emotivos e, para os mais sensíveis, existem pequenas situações onde é quase impossível conter as lágrimas, principalmente nas circunstâncias que envolvem crianças.
Mas nem tudo é perfeito. Num livro de mais de 600 páginas, este vasto conjunto de personagens com as suas histórias pessoais faz sentido mas o estilo quase fragmentário, oscilando de história em história quase constantemente, pode criar algumas dificuldades ao leitor em conhecer os intervenientes deste tecido de vidas. E se, a partir do ponto em que os conhecemos, é muito fácil simpatizar com as suas circunstâncias, a criação deste elo é um pouco demorada, já que, nas primeiras partes do livro, a oscilação entre personagens é tanta que, por vezes, há uma tendência para esquecer quem é quem.
É, ainda assim, uma leitura bastante agradável. Superadas as dificuldades iniciais, acaba por se estabelecer uma ligação entre leitor e personagens, em grande parte porque muitos dos acontecimentos deste livro poderiam cruzar a vida de qualquer pessoa. E é isso que, apesar de se tratar de uma leitura surpreendentemente leve, tendo em conta a vastidão do enredo, faz com que haja momentos deste livro que nos acompanham bem depois de lida a última página.

3 comentários:

  1. Gostei muito de ler a tua opinião!No entanto, gostaria saber a tua opinião: se acha que este livro é destinado somente para mulheres? Acha bem a apresentação do vídeo sobre este livro que está no meu blog? Eu acho que não tem mesmo nada a ver... é verdade que há relações sentimentais que são mesmo o género de mulheres... confesso que achei desnecessário o epilogo que mais me pareceu para esticar a história... mas a história centra-se mais à volta do acidente, não é verdade? Por isso, na minha humilde opinião, este livro é tanto para homens como para mulheres

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  2. Olá!

    Não acho que seja um livro só para mulheres, apesar de ser talvez mais apelativo a um público feminino. Apesar de dar bastante destaque a relações românticas, não se fica por aí. Por exemplo, o caso do acidente em si, mas também a questão do Jonathan Gilliat e da relação com a Abi (e consequências para os filhos, por exemplo) fazem-me pensar que alguns homens ganhavam muito em ler essa parte do livro, pelo menos.
    Mas fui ver o vídeo e percebo essa opção da apresentação. Provavelmente uma boa parte do público desta autora será feminino, devido a esse desenvolvimento da questão romântica. Mas não, não acho que seja só para mulheres.

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  3. Tens toda a razão em relação ao Jonathan, que alguns homens ganhavam muito a ler essa parte, deixa-me que te diga, fiquei furioso com ele por ter sido tão cruel com a Abi, por a ter usado para os seus prazeres sexuais e tudo, que me apeteceu dar-lhe murros e não sei quantos, e não achei bem a decisão da Laura... Talvez a maioria das mulheres concordarão com a sua decisão, não sei. Mas acho que a Laura devia ser mais forte e independente. Infelizmente, são poucas as mulheres assim.
    Tenho pena que a grande parte do público seja feminino, pois esta autora aborda temas interessantes, como foi o caso do livro "Escandalo", não sei se leste, também é muito bom.
    Obrigado pela tua sincera opinião.

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