Muitos perderam alguém nos atentados de 11 de Setembro de 2001. Ronnie Wilson, contudo, aproveitou o caos para resolver os problemas de toda uma vida e simplesmente... desaparecer. Começar de novo. Mas, seis anos mais tarde, dois corpos são descobertos e, enquanto todas as pistas parecem apontar para um assassino que já não existe, há uma mulher ambiciosa apanhada numa fuga desesperada. E cabe a Roy Grace resolver estes mistérios.
Com uma história bastante complexa, onde várias linhas de enredo se vão progressivamente cruzando para revelar pontos comuns, este é um livro que, inicialmente, pode parecer um pouco confuso. O autor oscila entre diversos locais e personagens, e até entre 2001 e 2007, de modo a caracterizar, de forma gradual e mantendo o suspense, personagens, situações e elos de ligação. E se isto faz com que demore um pouco mais a criar aquele interesse envolvente no que sucederá a cada personagem, quando os principais intervenientes nesta história se tornam familiares, o elo torna-se intenso e viciante.
Roy Grace, enquanto investigador, é um indivíduo bastante interessante. Não sendo daqueles protagonistas carismáticos que despertam um fascínio quase instantâneo, cativa, gradualmente, pela sua história e, principalmente, pelas barreiras e conflitos que, ao longo desta história, vão surgindo no seu caminho. E esse é um dos factores intrigantes deste livro, ainda que, no surpreendente final acabe por ser revelado o quão pouco foi dado a conhecer sobre a desaparecida Sandy (ex-mulher de Grace). Grace é mais que um detective empenhado. A sua história passada e as lealdades (e inimizades) que foi conquistando fazem parte daquilo que é e, portanto, da sua humanidade.
Interessante, ainda que inicialmente um pouco confuso, misterioso e surpreendente em vários momentos, um livro onde muito pouco é aquilo que parecia inicialmente e onde a resolução do mistério não é o único elemento relevante. Gostei.
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