Esta é a história de Lawrence Breavman. Para ele, a vida é feita de jogos. Brincadeiras infantis, jogos de adultos, desafios perigosos... Desde a infância até à idade adulta, Lawrence vive uma vida atribulada, entre memórias de um passado agitado e um presente passado entre amores que talvez não o sejam e a simples adoração que o invade perante o corpo de uma mulher.
Poder-se-ia dizer que este livro é uma história de crescimento, não fosse o estranho percurso de Lawrence deixar, por vezes, a dúvida: Terá ele alguma vez chegado a crescer? E é através de fragmentos da sua história, de um enredo que é tudo menos linear e onde passado e presente se cruzam num emaranhado, por vezes, confuso, que o autor vai contando, de momento em momento, as situações mais marcantes da vida do seu protagonista, ao mesmo tempo que, na estranheza das suas atitudes, define, aos poucos, uma natureza peculiar.
Há um estilo muito próprio na escrita de Leonard Cohen. Por vezes intensamente poética, por vezes precisa e sem rodeios, é como se a própria voz narrativa se adaptasse às oscilações de temperamento do protagonista. Lawrence sente, com toda a intensidade. Conhece o desejo, conhece o impulso da acção nas situações mais improváveis. Por vezes, parece até conhecer o amor, ainda que haja nesse aspecto uma dúvida constante. E se, inicialmente, a constante mudança entre infância, adolescência e idade adulta (não necessariamente por esta ordem) torna a leitura um pouco confusa, a partir do momento em que se assimila o estilo do autor, reconhecendo e situando cada personagem na linha temporal, seguir a estranha história de Lawrence torna-se surpreendentemente fácil. E, ainda que este não seja propriamente um protagonista que inspire empatia imediata, não deixa de ter os seus momentos marcantes.
Marcante principalmente pelo estilo cativante e harmonioso da escrita, O Jogo Favorito é uma história que, passadas as dificuldades do caos inicial, compensa amplamente o esforço de começar a conhecer o seu mundo. Uma história de sentimentos, ainda que não os melhores, e que reflecte, essencialmente, as fragilidades e contradições da natureza humana.
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