Chegada aos trinta anos e, em parte por opção pessoal, determinada na ideia de que ficará solteira, Ruth vive o amor através das experiências dos que a rodeiam. Sendo a "tia solteirona" da localidade, muitos a procuram para falar de amores e de relações sem amor, de casamentos consumados ou da necessidade de o consumar. E Ruth, na companhia do seu gato, ouve e aconselha. E define as suas opiniões.
O mais interessante desta leitura está no tom leve com que a autora constrói as reflexões da sua protagonista. Contado do ponto de vista de Ruth, o que este livro apresenta não é tanto a sua história, mas simplesmente a sua presença em função da história dos que o rodeiam. Conselheira e observadora, a vida de Ruth parece ser definida pelo acompanhamento das diferentes situações que lhe são apresentadas. E nestas há um pouco de tudo: triângulos amorosos, casamentos por interesse, adultério... Uma visão bastante global das desventuras da vida amorosa.
O problema é precisamente a impressão de não haver mais nada para além dessas aventuras e desventuras amorosas. Da simples coscuvilhice à intervenção activa na situação de um casal, todo o espectro de acontecimentos e pensamentos se baseia na necessidade quase imperiosa de um casamento: por interesse, por questões sociais, por praticamente tudo excepto (salvo raras excepções) amor. E o resultado é uma imagem que, apesar dos seus momentos divertidos e até de uma situação mais comovente, não deixa de parecer demasiado superficial.
Breve e de leitura fácil, há nestes Amores de uma Solteirona alguns momentos bastante interessantes. Fica ainda assim a impressão de faltar um maior desenvolvimento para lá das simples questões de amores e desamores para tornar a leitura realmente satisfatória.
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