sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O Beijo Mais Escuro (Gena Showalter)

Possuído pelo demónio da Morte e marcado por um acontecimento doloroso no passado, cabe a Lucien conduzir as almas ao seu destino final. Mas houve algumas mudanças na hierarquia dos deuses e, competindo em simultâneo com Cronos e com os Caçadores pela descoberta da caixa de Pandora, Lucien tem ainda de se preocupar com... Anya. Deusa menor da Anarquia e bastante odiada pelos seus iguais, Anya tem a capacidade de fugir de praticamente qualquer circunstância. Mas há algo de inexplicável que a atrai para Lucien. E as coisas complicam-se, porque este recebeu ordens para a matar.
Não será surpresa nenhuma, principalmente para quem leu o primeiro volume desta série, que o romance seja o elemento predominante neste livro. Bastante centrada no casal protagonista, é principalmente a atracção entre ambos que domina a linha narrativa, desde os primeiros encontros desenvolvidos de forma algo apressada ao papel que a relação física entre Lucien e Anya desempenha no rumo de acontecimentos maiores.
O que acontece, portanto, é que a componente romântica ocupa uma parte (demasiado) significativa do enredo, deixando para segundo plano aspectos bastante interessantes que teriam beneficiado com um maior desenvolvimento. Os conflitos entre os diferentes deuses, por exemplo, bem como as motivações dos Caçadores (que, por vezes, parecem demasiado ingénuos) são elementos sobre os quais haveria bastante mais a dizer. Mas, no que toca a questões pouco desenvolvidas, é a relação entre os guerreiros que se destaca: fala-se de amizades e de lealdades profundas, mas, em parte devido ao pouco destaque dado aos restantes Senhores do Submundo, estas ligações acabam por ser mais constatadas que demonstradas.
Fica, por isso, como maior ponto positivo (e razão que me fez, apesar de tudo, gostar deste livro) a caracterização de Lucien. Também esta podia, nalguns aspectos, ter sido mais explorada, mas o essencial está lá. Demasiado sério, marcado pelo passado, pensativo demais para o seu próprio bem, Lucien representa, em muitos aspectos, o meu tipo de personagem.
Trata-se, portanto, de uma leitura agradável, no geral, mas onde a sensação inevitável é de que muito ficou por desenvolver e que, ao centrar-se no romance entre os protagonistas, o sistema e as personagens circundantes acabaram por ser, em parte, sacrificadas. A nível de entretenimento, ainda assim, foi uma leitura satisfatória e mantém-se a curiosidade em ler os próximos volumes.

2 comentários:

  1. Concordo com tudo o que dizes. Também acho que a autora (neste e noutros livros) se foca demasiado no romance, deixando de lado outros desenvolvimentos que seriam mais interessantes, especialmente se interligados com o romance.

    ResponderEliminar
  2. O que me "saltou" mais aos olhos neste livro foi a má tradução...fiquei com pena. Até agora foi o 2º que li, ainda tenho os outros à espera e vamos ver se não será o mesmo.

    ResponderEliminar