Não é fácil escrever uma opinião para um livro como este. Porquê? É que há tanto para dizer e, ao mesmo tempo, é tão difícil organizar uma linha de pensamento que reflicta bem o conteúdo deste livro que parece que, independentemente das palavras usadas, há sempre algo que fica esquecido. Mas tente-se, ainda assim.
Importa, antes de mais, referir a diversidade de temas e de imagens que, de poema em poema, se torna mais e mais evidente. Mudam-se imagens e cenários imaginários, percorrem-se diferentes estados de espírito, alinham-se palavras em jogos e metáforas surpreendentes. Há, em cada poema, um mundo para descobrir. E há também uma ligação que se insinua entre os vários poemas, deixando, no final da leitura, uma sólida impressão de unidade, apesar da já referida diversidade temática.
Mais que as imagens ou as impressões emocionais, destaca-se, contudo, a forma como o autor joga com as palavras, misturando vocábulos complexos e palavras do vernáculo, conjugando expressões num jogo de sons e, por vezes, construindo até um arranjo visual adequado ao conteúdo. Também isto contribui para que cada poema seja uma surpresa. E se a leitura por si só é já algo de surpreendente, a experiência de ler alguns dos poemas em voz alta resulta de forma no mínimo interessante.
Fica, pois, a impressão de uma poesia construída num estilo muito próprio e onde cada verso é uma descoberta. Interessante e surpreendente, eis um livro que vale a pena ler.
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