domingo, 16 de outubro de 2011

Minotauro: A Batalha do Labirinto (Gabriel García de Oro)

Longe vão os tempos da batalha que opôs humanos e minotauros e, agora, os humanos vivem numa paz conquistada através da suposta extinção da espécie inimiga. Mas há lendas que falam de terras para lá do mar do abismo, onde os minotauros se terão refugiado, e de um herói destinado a surgir para criar uma aliança entre as duas espécies. É por isso que, quando uma criança com um olho de cada cor consegue abrir uma misteriosa caixa, os mecanismos do destino são postos em funcionamento e o caminho para o poder do Labirinto da Aliança começa a desenhar-se. Um caminho repleto de dificuldades.
Considerando o ponto de partida desta história - um herói destinado a mudar o rumo dos acontecimentos - , é apenas natural que haja um grande foco no protagonista deste livro. Ainda assim, em parte devido a este destaque de uma única personagem e em parte devido à necessidade de alguma contextualização na introdução ao mundo deste livro, o início é um pouco irregular, sendo percorridos bastantes acontecimentos de forma um pouco apressada, na fase em que Yaruf é apenas uma criança e, como tal, bastante dependente dos que o rodeiam.
Mas tudo muda a partir do momento em que a personalidade de Yaruf se revela e é nesse ponto que o equilíbrio da narrativa se começa a definir. Com o desenvolvimento das capacidades de Yaruf e com o definir dos contornos do seu destino, os acontecimentos começam a definir-se numa sequência mais sólida, tendo em vista o objectivo final que é, de certa forma, a demanda de Yaruf. Surge, além disso, uma certa medida de crescimento através das experiências do protagonista, revelando-se na forma como comportamentos mais infantis dão lugar a um sentido de dever progressivamente mais definido.
Fica, por vezes, a impressão de que mais poderia ser dito, nalgumas situações. Centrado na figura e no destino de Yaruf, há algumas personagens interessantes que são desenvolvidas apenas na medida em que interagem com o herói, deixando sobre elas alguma curiosidade insatisfeita. Há, ainda assim, o suficiente sobre as relações entre Yaruf e cada um deles, para que nada se perca do fio essencial da narrativa.
Eis, portanto, uma história cativante, onde a linha de acontecimentos se destaca acima do desenvolvimento das personagens, mas onde a base envolvente e as várias surpresas apresentadas ao longo de percurso bastam para criar curiosidade em ver o que virá depois. Gostei.

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