segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Contos Natal

Mais um pequeno livro que reúne contos de diferentes autores, desta vez sob a temática do Natal. Diferentes estilos de escrita e formas de construir uma narrativa, mas que têm em comum, primeiro, a quadra em que decorrem e, depois, um tom estranhamente melancólico.
O primeiro conto é o sobejamente conhecido O Suave Milagre, de Eça de Queirós, história de como os ricos e os poderosos procuram, em tempos de necessidade, o auxílio de Jesus, mas de como este encontra entre os simples aquele que dele necessitava. Marcante principalmente pela mensagem de que nem tudo se consegue com dinheiro ou poder, um conto de ritmo pausado, mas belo e comovente.
Segue-se Missa do Galo, de Machado de Assis. Aqui, um hóspede é abordado pela dona da casa, enquanto espera pela hora da missa. Também pausado, mas com uma escrita cativante, fica por explicar qual o exacto propósito da conversa entre os dois protagonistas, ficando uma inevitável sensação de estranheza.
O Presente dos Magos, de O. Henry, fala de uma mulher que, em tempos de pobreza, sofre por não poder comprar um presente ao marido. Bastante descritivo, mas de leitura agradável e com algo de comovente, é, no fim de contas, com a sua mensagem de espírito de sacrifício, um conto um pouco triste.
O mesmo se passa com A Consoada, de Carlos Malheiro Dias. História de um roubo em noite de consoada, trata-se de uma ideia muito simples, mas construída de forma cativante e com uma grande força emocional. Uma história triste, é certo, mas também feita de uma estranha ternura.
Por último, A Árvore de Natal, de Fiódor Dostoiévski, apresenta uma festa de Natal da casa de um grande homem de negócios. Cativante, ainda que sombrio na visão de uma sociedade onde o interesse comanda a vida, tem também um ponto curioso na forma como os presentes de cada criança reflectem a sua posição social. Marcante, um conto para pensar.
Breve, feito de histórias curtas, mas belas tanto em conteúdo como em forma de escrita, fica destes contos uma certa melancolia, mas também aquela medida de ternura que não é apenas natalícia, mas que pertence (ou assim devia ser) a todo o ano. Gostei.

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