quarta-feira, 4 de julho de 2012

Não Quero Dizer-te Adeus (David Baldacci)

Jack sofre de uma doença rara, cujas hipóteses de remissão são aparentemente nulas. Agora, frente a frente com a iminência da morte, o seu único objectivo é continuar vivo até ao Natal, ele que, no tempo em que serviu no exército, foi visto como um herói, mas que enfrenta agora a derradeira luta contra as suas próprias fraquezas. Mas tudo muda num instante, quando Lizzie, a esposa, sai de casa para lhe comprar e morre num acidente. Nesse momento, Jack perde tudo o que lhe resta, pois os filhos são levados pela família de Lizzie e ele é deixado num lar para morrer sozinho. Resta-lhe desistir. Ou assim parece... até ao momento em que o milagre acontece e a remissão impossível se manifesta. Então, é a Jack que cabe aceitar a perda para a qual tentou preparar Lizzie... e reconstruir o que sobra da sua família, mesmo quando são os mais próximos quem mais se empenha em levantar barreiras.
Sendo mais conhecido como escritor de thrillers, David Baldacci segue, na temática deste livro, um rumo bastante diferente do das suas outras obras. Ainda assim, o estilo de escrita e a construção do livro são os mesmos. Capítulos curtos, mudanças inesperadas e uma escrita bastante directa, centrada em grande medida nos acontecimentos, são características que se evidenciam desde as primeiras páginas e que, num livro tão diferente do thriller de acção compulsiva, acabam por resultar bem nalguns aspectos, mas não tão bem noutros.
O lado positivo é, claro, que a leitura nunca deixa de ser viciante. A forma como, de um momento para o outro tudo muda, e a intensidade que caracteriza alguns dos grandes momentos, principalmente no início (em que Jack e Lizzie têm de lidar com a iminência da morte) e a fase final (em que uma nova perda parece inevitável e as mais duras batalhas da vida de Jack são descritas com particular intensidade emocional), fazem com que a leitura nunca deixe de ser cativante, havendo inclusive alguns momentos particularmente comoventes, que sobressaem pelo contraste entre a simplicidade da apresentação e a dificuldade das circunstâncias. Por outro lado, há momentos em que tudo parece ocorrer demasiado depressa. Nada de essencial para a narrativa é deixado por dizer, mas fica a sensação de que mais poderia ter sido explorado em aspectos como a recuperação de Jack e as dificuldades e ambiguidades da fama quando o seu milagre se torna conhecido.
A nível da caracterização das personagens, o que as define é apresentado aos poucos, na medida em que se revela necessário para o enredo. Neste aspecto, a exposição gradual destes elementos funciona bastante bem, pois permite explorar aos poucos, à medida que as personagens se tornam mais familiares, o ambiente e a evolução que marca as relações entre elas. Por vezes, são os defeitos que sobressaem, trazidos à acção pelo medo ou pelas marcas da perda. Mas, no fim, são as qualidades que prevalecem e, para cada momento triste ou revoltante (e há alguns que marcam particularmente por serem causados pelas personagens que menos os justificariam) há algo de redentor a surgir, mais tarde. Um equilíbrio pessoal, no fundo, entre forças e fragilidades, que, com o seu sinal de justiça num mundo injusto, culmina num final reconfortante.
Trata-se, portanto, de uma história envolvente e cativante, que, nalguns aspectos, poderia ter sido explorada de forma mais abrangente, mas que proporciona uma leitura agradável e com alguns momentos particularmente comoventes. Gostei.

1 comentário:

  1. Juro que gostei muito , tenho de ler :)

    Já estou a seguir (passa no meu blog sim?) :)

    Beijinhos

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