Habituada à tranquilidade e à vida protegida que levava no campo, Amelia Patton tem dificuldades em sentir-se confortável com a agitação da vida social em Londres. Ainda assim, o seu pai está determinado a conseguir-lhe um casamento vantajoso o mais rapidamente possível e, por isso, Amelia tem de suportar o melhor possível os eventos sociais da temporada. Mas nenhum deles ousaria imaginar que o coração de Amelia fosse conquistado pelo maior inimigo da família. Alexander St. James, além da guerra por declarar entre a sua família e os Patton, tem ainda a comprometedora reputação de libertino que herdou do irmão mais velho. Mas, quando se cruzam em circunstâncias delicadas, Alex e Amelia começam a compreender que as convenções são mais difíceis de respeitar quando a atracção surge. E o mistério que levou Alex a casa dos Patton, em primeiro lugar, será também parte do que fundamentará as bases da sua relação.
Uma das características mais cativantes dos livros desta autora é a forma como há sempre algo de mistério a complementar a história do romance entre os protagonistas. Em Um Homem Imoral, o enigma relaciona-se de forma mais íntima com as personagens, talvez por dizer também respeito a uma relação romântica, mas igualmente envolvente, ainda que, por ser uma situação mais pessoal, não tenha a mesma intensidade de acção da história de Luke Daudet, por exemplo. Ainda assim, o grande segredo de família e a forma como este condiciona as relações entre os Patton e os St. James dá ao lado romântico do enredo uma nova força e a empatia que sempre despertam os amores aparentemente impossíveis, ao mesmo tempo que desperta curiosidade para o porquê da estranha missão de Alex.
Tanto nos segredos dos St. James como na forma como Alex interage com os seus melhores amigos há ainda uma outra qualidade que sobressai. Trata-se do cuidado em explorar os afectos e as relações para lá do romance entre os protagonistas. A guerra entre as duas famílias permite criar situações de tensão e escolhas difíceis. A relação entre Alex, Luke e Michael permite conhecer a força das suas personalidades, quer através da amizade que os une, quer, e principalmente, nas razões existente para a força dessa união. Teria sido interessante, aliás, ter visto um pouco mais sobre as experiências dos três amigos durante a guerra, bem como da história de Samuel Patton e Anna St. James. Não é que fiquem perguntas em aberto, mas haveria talvez, um pouco mais a explorar nessas situações.
Mas é o romance o foco central da narrativa e também aqui há várias características que contribuem para tornar o enredo cativante. Desde logo, as circunstâncias invulgares em que os protagonistas interagem contribuem para despertar a curiosidade para com a relação e o mesmo acontece com os obstáculos levantados pelas suas diferentes reputações e pelo conflito familiar. O mais importante, ainda assim, está nas suas personalidades. Aparentemente diferentes em muitíssimos aspectos, tanto Alex como Amelia têm, no carácter e na história das suas vidas, algo que contribui para despertar empatia. Além disso, a forma como interagem, revelando, aos poucos, a diferença entre a forma como a sociedade os vê e o que verdadeiramente são, bem como as semelhanças que, na verdade, os unem, mantém vivo o interesse no crescimento da sua relação, um percurso marcado, ao mesmo tempo, pela tensão de situações caricatas e por uma descoberta gradual dos sentimentos.
História de um romance aparentemente impossível, Um Homem Imoral conjuga a emoção e a sensualidade da relação que cresce entre os protagonistas com um enredo que mistura as medidas certas de mistério, conflito e romance - e ainda um leve toque de humor. Tudo isto resulta numa leitura envolvente, com alguns momentos particularmente marcantes e um conjunto de personalidades carismáticas. Gostei de ler.
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