Bastou que Clary se afastasse por alguns minutos. Quanto voltou, Jace já não estava lá e, com ele, desaparecera também o corpo de Sebastian. Agora, passaram duas semanas e, no momento em que a Clave começa a afastar as buscas por Jace das suas prioridades, Clary sabe que tem de ser ela a sair à procura. E, tal como os seus amigos, está disposta a tudo. Mas e se o rapaz que ela procura já não for o mesmo? Clary não tarda a descobrir que a situação é bastante mais complicada do que esperava e que, mais uma vez, não é o Jace que ela conhece quem controla a situação. Ligado a Sebastian, o jovem Caçador de Sombras parece ser agora alguém completamente diferente e não se vislumbra qualquer forma de quebrar a influência de Sebastian, já que se um morrer, o outro também morre. Cabe, assim, ao grupo de Clary encontrar uma solução para o vínculo entre os dois e uma forma de impedir um plano que abalará o mundo dos Caçadores de Sombras. E tudo sem que a Clave fique a saber...
Tendo em conta o enredo dos livros anteriores e, principalmente, a fase final de A Cidade dos Anjos Caídos, o ponto onde começa este livro não tem nada de muito surpreendente. Mais uma vez, uma força exterior interpôs-se entre os destinos de Clary e Jace e, mais uma vez, cabe a Clary resolver a situação. Neste aspecto, há situações relativamente previsíveis, como a atitude da mãe de Clary e a sempre presente escolha entre a Lei e o que se sabe estar certo. Também o carácter das personagens se mantém igual a si próprio: Jocelyn com a sua atitude super-protectora, Clary imprudente e disposta a tudo, Simon com a amizade fiel e as sombras do que julga ser a sua maldição.
Curiosamente, estas similaridades com os volumes anteriores não quebram, apesar da previsibilidade de certos momentos, a envolvência da história, já que, às situações mais expectáveis aliam-se momentos bastante inesperados (respeitantes, na sua grande maioria, à situação de Jace). Além disso, o ritmo do enredo, cheio de acção e com cada revelação a causar uma mudança, e a empatia para com as tribulações das personagens contribuem também para manter a curiosidade em saber como evoluirá a história.
Não surpreende, também, que o lado emocional tenha um grande peso para o que torna envolvente esta leitura. Não necessariamente no que diz respeito ao romance entre Clary e Jace, até porque, ainda que os obstáculos entre ambos sejam agora bem diferentes, as tribulações e separações parecem já ser quase uma parte normal da história entre ambos. Mas a história não se resume a eles. Há momentos marcantes no romance entre outras personagens (com a situação entre Alec e Magnus a destacar-se neste aspecto), mas também noutros níveis de afecto, sendo aqui particularmente relevante o papel de Simon em toda a situação. Há também uma interessante capacidade de manipulação da empatia de quem lê, através da revelação gradual das intenções de Sebastian. Identificado como vilão desde o início, revela, ainda assim, comportamentos que criam dúvidas a seu respeito, e também isso contribui para manter o interesse na história e para o impacto dos capítulos finais.
Envolvente, com uma boa história e um conjunto de personagens que continuam a marcar pelas suas melhores características, A Cidade das Almas Perdidas acrescenta ao mundo dos Caçadores de Sombras uma série de desenvolvimentos que, mesmo não sendo totalmente surpreendentes, continuam a dar algo mais de bom à história. O resultado é uma leitura cativante e agradável, que deixa muita curiosidade para o próximo volume.
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