Depois de um ano dedicado quase exclusivamente a cuidar da filha, Erica Falck regressa ao trabalho no seu novo livro. Cabe agora a Patrik esquecer o trabalho e ficar em casa durante algum tempo a tomar conta de Maja. Mas não é assim tão fácil, quando um novo caso de homicídio surge em Fjällbacka e tudo indica que alguma ajuda poderia ser útil aos seus colegas. A vítima é um historiador com vastos conhecimentos sobre o nazismo e a Segunda Guerra Mundial e tudo indica que já esteja morto há algum tempo. Não há grandes pistas quanto à identidade do seu assassino. Mas a história de Erik Frankel cruza-se também com um outro trabalho de investigação de Erica, que o contactara pouco antes da sua morte para obter informações sobre uma medalha nazi. Não há postas concretas a ligar a morte do historiador às buscas de Erica pelo passado da mãe, mas é certo que eles se conheceram em tempos. E é possível que a visita de Erica tenha despertado memórias e segredos que deveriam ter ficado por rebuscar.
Ainda que, tal como nos volumes anteriores, haja um caso de homicídio para investigar, neste livro a parte de investigação que conduz à descoberta do assassino acaba por ser bem menos desenvolvida que nos anteriores. Isto acontece, em grande medida, porque o mais marcante do mistério está no passado de Elsy, a mãe de Erica, e não propriamente na razão que justifica as mortes. Esta é, aliás, facilmente perceptível, já que tudo gira em torno do segredo que mudou a vida de Elsy e que o seu grupo de amigos quis manter a todo o custo. Segredo que é, de facto, preservado até ao fim, e que está na base de vários momentos intensos, mas cujo impacto se reflecte mais na vida de Elsy e no que dela passou para Erica que propriamente nos passos que conduzem à revelação do culpado. Além disso, fica, por vezes, a impressão de que mais poderia ter sido desenvolvido nos momentos relativos ao passado, tendo em conta a forma como influenciam os grandes acontecimentos do enredo.
No que diz respeito ao mistério, portanto, este livro fica um pouco abaixo dos anteriores. Há, ainda assim, vários aspectos na narrativa que compensam este menor desenvolvimento de algumas partes do enredo. A familiaridade com as personagens, que vem dos volumes anteriores e que permite entrar facilmente no ritmo da leitura, conjuga-se com uma série de novos desenvolvimentos nas suas vidas pessoais, revelando novas e cativantes características das suas personalidades. Além disso, se o mistério em torno do grupo de Elsy é, nalguns aspectos, pouco desenvolvido, há, ainda assim, várias situações de grande impacto, nomeadamente na abordagem às ideologias extremistas de Frans e à forma como estas contrastam com as suas acções, revelando um bom exemplo de como a vida está longe de ser a preto e branco. Até mesmo a experiência de Axel durante a guerra serve para dar forma a grandes momentos e importantes reflexões, mesmo se as marcas da guerra são representadas de forma algo discreta.
Diferente, em alguns aspectos, dos outros livros da série, Os Diários Secretos apresenta um enredo em que a parte de investigação policial passa, por vezes, para segundo plano relativamente às questões pessoais e a um tipo diferente de mistério: ao dos assuntos inacabados do passado. Há, portanto, também um desenvolvimento diferente a nível da história e das personagens. Mas os pontos fortes, a empatia para com as personagens e o retrato preciso do ambiente em que vivem, o ritmo envolvente e feito de momentos intensos e a reflexão sobre preconceitos e mentalidades, esses, continuam bem presentes. O resultado é uma história que, não tendo a mesma intensidade da dos livros anteriores, tem, ainda assim, muito de interessante para revelar. Muito bom.
Adoro esta autora! Os livros desta série são fantásticos e este não parece ser uma exceção! Tenho que comprá-lo...tipo já! x)
ResponderEliminarGostei da review ;)
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