Os poderes de dedução de Sherlock Holmes parecem ser ilimitados. E as suas peculiaridades também. Talvez seja essa a razão que leva a que haja, em cada um dos seus casos, algo de interessante para descobrir, quer diga respeito ao mistério principal, quer às características da personalidade do detective. É o que acontece nos três contos que constituem este pequeno livro.
Em O Intérprete Grego, Watson toma conhecimento da existência do Clube Diógenes, ao mesmo tempo que se encontra pela primeira vez com o irmão de Sherlock, ficando a conhecer também o estranho caso que este tem em mãos. Cativante, desde logo, pela forma como Sherlock se refere ao irmão, bem como pelas peculiaridades do clube, destaca-se também, neste conto, o muito bem conseguido momento de desorientação de Watson face aos poderes de observação dos dois irmãos. Também o caso em si tem bastante de cativante, com as circunstâncias delicadas em que se encontram os protagonistas a despertar curiosidade para um mistério que se resolve num final muito bom.
Segue-se O Ritual de Musgrave. Aqui, uma tentativa de fugir a algumas arrumações na casa que partilha com Watson leva Sherlock Holmes a recordar um dos seus primeiros casos. Curioso pela revelação de mais algumas características do detective - desta vez, o desleixo doméstico - e da impressão que estes traços deixam em Watson, trata-se de um conto bastante descritivo, mas sempre envolvente, com um caso que, não sendo particularmente surpreendente, cativa, ainda assim, com o mistério de um desaparecimento a associar-se a um ritual de significado muito interessante.
Por último, O Escriturário da Corretagem trata de uma oferta de emprego boa demais para ser verdade. Abrindo com mais uma interessante - e desconcertante, pelo menos para Watson - exibição dos poderes dedutivos de Sherlock, para passar depois para o desenvolvimento de um caso cativante e algo caricato, trata-se de um conto intrigante e agradável, cativante também pela peculiaridade das circunstâncias, e que culmina numa resolução surpreendente.
Intrigantes tanto pelas peculiaridades do seu protagonista como pelo mistério propriamente dito, também estes três contos - tal como muitos outros do autor - se revelam, mesmo nos momentos mais descritivos, cativantes e de leitura agradável. A estes, em particular, juntam-se também alguns momentos surpreendentes e o toque algo caricato de alguns dos traços de Sherlock. O resultado, como não podia deixar de ser, é muito bom.
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