Will Robie é um assassino profissional ao serviço do estado. Não lhe compete questionar as suas ordens. Quando um alvo lhe é atribuído, cumpre a sua missão, sem perguntas e sem deixar pistas. É a sua eficiência que lhe permite sobreviver. Mas tudo muda quando uma missão corre mal. Ao ver as vítimas, Will sente que há algo de errado a acontecer e recusa-se a disparar. Mas alguém cumpre a missão por si e Will sabe que isso o transforma num alvo a abater. O problema é que nem o seu cuidadosamente planeado plano de fuga é assim tão infalível. E tudo muda quando se cruza com Julie, uma adolescente que viu os pais morrer e que está também em fuga. Will e Julia não parecem ter outra alternativa que não tornarem-se em aliados... até porque as suas histórias talvez tenham mais pontos em comum do que imaginam.
Capítulos curtos, um estilo de escrita directo e envolvente e um enredo cheio de acção são alguns dos elementos característicos dos livros deste autor. São também parte essencial do que torna os seus livros viciantes, e este não é excepção. Na história de Os Inocentes, há sempre algo a acontecer, a acção é constante e as personagens estão numa constante corrida contra o tempo. Além disso, há todo um mistério a desvendar na conspiração que, sem que estes a compreendam por completo, se expande em torno dos protagonistas, um enigma cujas motivações é preciso descobrir através de escassas pistas e algumas recordações. Todos estes elementos conjugados servem de base a uma história de leitura compulsiva, rica em momentos intensos e impossível de largar, tal é a vontade em saber o que vai acontecer a seguir - e que razões explicam o que já aconteceu.
A esta história cativante e intensa junta-se uma outra característica importante e que o autor gere da melhor forma: a caracterização das personagens. Tendo em conta o ritmo dos acontecimentos, e a necessidade das personagens de estarem sempre em movimento, a caracterização do que os define é feita de forma gradual, à medida que os seus passados e formas de agir são relevantes para os acontecimentos. É, também, feita mais por acções que por palavras, o que torna maior o impacto dos seus actos. Isto é particularmente evidente em Will. Personagem carismática e surpreendente, tem os traços expectáveis de um assassino profissional, mas tem também uma complexidade de sentimentos e princípios que, revelada aos poucos através da sua interacção com as outras personagens, o torna simplesmente fascinante. O mesmo acontece, ainda que em menor grau, com Julie. Diferente, a todos os níveis, do estereótipo da adolescente comum, consegue ser, ao mesmo tempo, forte e vulnerável, despertando empatia tanto pela sua situação delicada como pela forma como encara as circunstâncias.
É, portanto, o equilíbrio de todos estes elementos o que faz de Os Inocentes a história intensa e viciante que é. Ao conjugar uma intriga nas mais importantes esferas de poder com a acção pessoal (e, por vezes, quase isolada) de Will e dos seus poucos aliados, o autor constrói uma história intrigante e envolvente, capaz de surpreender a cada nova revelação, seja ela respeitante à conspiração em causa ou à história pessoal dos seus protagonistas.
Persnagens carismáticas e um enredo em que acção e emoção são conjugadas nas medidas certas são, pois, os grandes pontos fortes deste livro em que todos os elementos são explorados da melhor forma, para criar uma história intrigante e de ritmo compulsivo. Viciante da primeira à última página, este é um livro que não posso deixar de recomendar. Muito bom.
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