MacKayla Lane levava uma vida despreocupada, na terrinha provinciana onde sempre vivera. Mas tudo mudou quando um telefonema lhe trouxe a notícia de que a irmã, a estudar em Dublin, fora assassinada. Contra a vontade da família e o conselho das autoridades - que parecem dar pouca importância ao caso - Mac virou costas à sua vida normal e descontraída e partiu para a Irlanda, em busca de respostas. Mas o que encontrou foi algo de bem diferente. Agora, está ligada a um aliado que a deixa seriamente desconfortável, movido por prioridades duvidosas, mas que é a sua melhor hipótese de sobrevivência. É que Mac, tal como a irmã, é uma vidente de sidhe, o que a torna um alvo a abater para a vasta maioria dos Fae. E, como se não bastasse, há uma grande mudança a preparar-se no mundo sobrenatural... e o dom de Mac pode ser fulcral para impedir uma catástrofe.
Apesar de ter alguns pontos em comum com a outra série da autora (começando, desde logo, pela presença dos Fae), este é, em tudo o resto, um livro muito diferente. Primeiro, os elementos sobrenaturais surgem de uma forma mais desenvolvida, e com uma caracterização bastante mais sombria (e, em certos aspectos, ameaçadora). Além disso, a própria construção do enredo é bastante diferente: menos centrada no romance, e partindo de um núcleo de personagens principais que manterão o seu papel de destaque ao longo de toda a série, esta é uma série que, a julgar por este primeiro livro, se centrará mais na acção que propriamente numa relação entre o casal protagonista.
Sendo estas diferenças visíveis desde o início, é de esperar que todo o desenvolvimento da história seja bastante diferente, e é, de facto, isso que acontece. A história centra-se essencialmente no mistério em torno da morte de Alina e no mundo sobrenatural com que Mac colide assim que chega à Irlanda. O seu percurso centra-se, portanto, na procura de uma pista e na simples necessidade de sobreviver, o que leva a que os elementos dominantes no enredo sejam a acção e o mistério, não havendo grandes sinais de romance e apenas ocasionais - mas bastante cativantes - momentos de sensualidade.
Este ritmo de acção intensa é uma de várias características que tornam a leitura viciante, sendo as restantes o interessante desenvolvimento dos elementos sobrenaturais e a caracterização e evolução das personagens. Quanto ao sistema, surpreende a diversidade de criaturas Fae (e a presença curiosa e não totalmente explicada de alguns elementos divergentes), bem como a forma gradual como Mac assimila cada revelação, diga ela respeito ao seu poder, aos possíveis aliados e aos evidentes (e em número considerável) inimigos. Da caracterização das personagens, e ainda que também algumas figuras secundárias revelem um certo potencial, sobressaem os protagonistas. Completamente diferentes em natureza e temperamento, Mac e Barrons parecem ser os mais improváveis aliados, até porque realçam os defeitos um do outro. Curiosamente, contudo, esta oposição de personalidades acaba por tornar a sua relação mais interessante, quer porque, em primeiro lugar, não a podem evitar, quer pela forma como a sua convivência forçada acaba por revelar as suas melhores características.
De referir, por último, que, ao narrar a história de Mac na primeira pessoa, a autora consegue criar uma maior empatia para com a sua protagonista, bem como transmitir melhor a sua evolução da inocência com que chega à Irlanda à forma como encara as coisas na fase final do enredo. Também esta perspectiva pessoal abre muitas possibilidades - e perguntas - para o livro seguinte, o que cria vontade de ler mais.
Viciante, com uma boa história e personagens carismáticas, Anoitecer abre em beleza uma série com muito potencial, proporcionando uma leitura envolvente, com um ambiente sombrio e misterioso e uma abordagem particularmente interessante ao sobrenatural. Cativante, surpreendente e de leitura compulsiva... um óptimo início.
Gostei de muito ler a tua opinião que ao início me parecia ser bastante diferente da minha, porque viste uma relação onde eu não vi nenhuma.
ResponderEliminarEu li este livro o ano passado e adorei: tem todos os bons elementos de uma boa fantasia urbana, a autora retrata Dublin de uma forma muito interessante e é sem dúvida viciante a leitura.
Lamento mesmo a opção da editora por esta capa: não faz sentido nenhum com o conteúdo do livro e pode levar muitos leitores a achar que estão a comprar "gato por lebre".