«Creio que, com o tempo, mereceremos que não haja governos. Nunca escondi as minhas opiniões, nem sequer nos anos difíceis, mas nunca permiti que elas interferissem na minha obra literária, salvo quando me foi imperioso exaltar a Guerra dos Seis Dias. O exercício das letras é misterioso. Aquilo que opinamos é efémero e opto pela tese platónica da Musa e não pela de Poe, que razoou, ou fingiu razoar, que a feitura de um poema era uma operação da inteligência. Não deixa de me admirar que os clássicos professassem uma tese romântica e que um poeta romântico adiantasse uma tese clássica.»
Do Prólogo
Nas listas de maiores escritores do século XX, há vários nomes omnipresentes: Proust, Joyce, Kafka. Jorge Luis Borges é um deles. A sua ascensão ao panteão literário foi lenta, mas com o reconhecimento do prémio Formentor, em 1961, fixou-se aí definitivamente. Borges tornou-se uma lenda, um arquétipo do escritor erudito e de infinitos conhecimentos enciclopédicos.
Bibliotecas, tigres, espelhos e labirintos: não é possível pensar em qualquer destes substantivos sem que o nome de Borges nos ocorra de imediato. São elementos de um universo único que gerou uma multidão de admiradores e imitadores, embora nenhum tivesse atingido o nível do mestre. Tal como os escritores referidos no início, Jorge Luis Borges não recebeu o Prémio Nobel.
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