terça-feira, 9 de julho de 2013

Death Ain't But a Word (Zander Marks)

Wilkin tem um problema de drogas e uma vida que é tudo menos tranquila. Mas essas não são senão questões menores, comparadas ao facto de que ele consegue ver fantasmas, um dom – ou maldição – difícil de gerir. Especialmente se um desses fantasmas for um amigo de infância que foi assassinado. E quando o assassino subitamente decide recuperar os ossos do rapaz, é inevitável que as coisas se compliquem ainda mais. Wilkin é agora um alvo. E é também possível que ele tenha de aceitar algumas verdades difíceis, como a de que o seu melhor amigo se tornou num espírito vingativo e que o único rumo possível interfere com os seus planos.
Uma das coisas mais interessantes neste livro é que o protagonista não poderia estar mais longe do habitual protagonista heróico. Wilkin tem problemas – e muitos – e isso é parte do que o torna humano. O resto define-se no seu comportamento, nas atitudes e, principalmente, nos valores e ideias que o movem, invulgares no seu ambiente e, por isso mesmo, impressionantes.
Também toda a questão dos fantasmas é interessante. Os yardwalkers, tal como Wilkin tão apropriadamente designa os que conseguem ver os espíritos, têm, com o seu conjunto de capacidades peculiares, uma boa base de características cativantes e a relação que têm com os fantasmas contribui também significativamente para que a história flua com um ritmo envolvente. Além disso, surge, associado a estas relações, um muito invulgar sentido de humor, que cria um agradável contraste com os elementos mais sombrios do enredo.
Quanto à escrita, o estilo é bastante directo, mas há algumas descrições mais elaboradas. Episódios como o primeiro contacto com a Liz May e o cenário global dos acontecimentos sobrenaturais dos últimos capítulos são particularmente bem descritos, enfatizando a aura sombria – e estranhamente cativante – que se manifesta ao longo de toda a história.
Por último, há a questão sentimental. Para lá da acção – que é muita – e dos momentos negros – que são alguns - , há algo nas personagens e nas suas histórias que as torna próximas, de certa forma. É fácil compreender o que sentem, apesar da estranheza da situação em que se encontram, e as ligações que os unem vivem de sentimentos fortes. Dos mesmos sentimentos que tornam intensos os grandes momentos do enredo.
Sombrio e intrigante, com personagens fortes e uma visão bastante peculiar de certos elementos sobrenaturais, este é, assim, um livro que não desilude. Uma boa história, uma leitura envolvente e, sem dúvida, uma muito boa surpresa.

1 comentário:

  1. Eu gostei muito deste livro, algo que não estava a espera, é de facto sombrio e bastante envolvente. :)

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