quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Scarlet (Marissa Meyer)

Todos falam de Cinder, do baile e de como toda a sua terrível verdade foi revelada - ou talvez não toda. Mas, do outro lado do mundo, Scarlet Benoit tem outros problemas com que se preocupar. Passaram três semanas desde que a avó desapareceu e apenas Scarlet parece preocupada com isso. Mas também a sua situação está prestes a complicar-se. Na sua busca por alguma informação que a leve até à avó, Scarlet cruza-se com Wolf, um lutador de rua que parece ter alguma relação com os responsáveis pelo rapto. Talvez não devesse, mas Scarlet sente-se inclinada a confiar. E cada passo que dá aproxima-a um pouco mais das respostas, mas também do perigo. Porque todos têm segredos e ninguém é o que parece. E o segredo que desconhece pode estar também muito próximo daquele que faz de Cinder a fugitiva mais procurada do planeta.
Dando continuidade aos acontecimentos do primeiro volume, mas partindo de uma nova protagonista, este é um livro que introduz novos pontos fortes sem perder qualquer das qualidades do livro anterior. A escrita continua a ser envolvente e agradável, o mesmo acontecendo com o ritmo do enredo, sempre intrigante e viciante. Também as personagens, quer as novas quer as já conhecidas, são figuras carismáticas e de fácil empatia, havendo ainda novos desenvolvimentos a nível de sistema e contexto global. O resultado de tudo isto é um livro que cativa desde as primeiras páginas e que se cedo se torna impossível de largar.
Uma das vantagens de apresentar uma nova protagonista é o facto de permitir explorar também um outro meio dentro da comunidade terrestre. O mundo de Scarlet é bastante diferente do de Cinder, e isso é bem claro, mas há entre ambas vários pontos em comum. O facto de a história se centrar agora mais em Scarlet, mas sem esquecer Cinder, cujo papel nunca deixa de ser fulcral, permite realçar os contrastes, quer nas experiências e personalidades de ambas, quer nos pontos em que as suas histórias convergem ou se afastam.
Esta mudança de protagonista permite ainda o desenvolvimento de certos elementos de romance e de afectos, que introduzem também uma boa abordagem ao inevitável impacto emocional das situações de confiança e traição. Além disso, o desenvolvimento da história de Scarlet e do seu percurso com Wolf cria uma boa base para as grandes revelações, quer do passado de Cinder, quer da origem da própria Scarlet e sem esquecer ainda os planos e possibilidades da corte Lunar.
Há sempre alguma coisa a acontecer, seja a nível global, seja nas histórias pessoais das personagens. Isto é parte do que torna a leitura cativante. Mas nem só os grandes momentos marcam e o desenvolvimento das experiências pessoais e dos choques emocionais consegue, pela proximidade que cria relativamente às personagens, ser tão marcante como qualquer dos grandes momentos da história.
Intenso e cativante, com um sistema interessante, personagens carismáticas e uma boa história, este é, pois, um livro que corresponde inteiramente às expectativas criadas pelo volume anterior. E que não posso deixar de recomendar. 

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