Recrutado à força para servir num navio de guerra, Billy Budd chama as atenções de todos, pela inocente cordialidade, mas principalmente pela inesperada beleza. Mas nem todos o acham agradável. Claggart,o mestre-de-armas, parece ter razões - ainda que, talvez, só suas - para antecipar com o jovem marinheiro. E, ainda que Billy não o veja, a sua história está destinada a acabar mal, quando o ressentimento abrir caminho à intriga e à tragédia.
Sendo uma história bastante breve, uma das coisas que primeiro surpreendem neste pequeno livro é o registo divagativo. Ainda que Billy seja o centro da história, há uma demora em explicar contextos, em caracterizar o ambiente global e os traços individuais - físicos e psicológicos - de umas quantas personagens. Ora, esta informação é relevante, pelo menos nalguns aspectos, mas acaba por conferir à narrativa um ritmo bastante pausado. Dificilmente será, portanto, uma leitura viciante.
Mas é, apesar disso, um livro muito interessante. Ainda que certos aspectos da história surjam a partir de uma perspectiva algo distante, a tragédia de Billy levanta algumas questões relevantes, desde a falibilidade do julgamento humano ou a prevalência (ou não) da disciplina sobre a justiça. Além disso, e mesmo que parte das motivações sejam deixadas por explicar, o contraste entre o comportamento dúbio de Claggart e a inocência quase infinita do jovem Billy impressionam, pelo muito que têm de diferente - e de complementar.
E há ainda um outro ponto a sobressair da forma como esta história está escrita. É que, de entre a divagação e a exposição de contexto e história, surge também o impacto de algumas frases particularmente marcantes, e de um poema final que confere à história a emoção que, por vezes, lhe falta na narração de alguns episódios.
De tudo isto, fica a ideia de uma história breve e aparentemente simples, de ritmo pausado, mas impressionante nalguns aspectos, e cativante, apesar de algumas ambiguidades. Uma leitura interessante, portanto.
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