A libertação dos virais, como resultado de um projecto governamental que correu mal, despoletou o caos. À medida que o vírus se espalha, deixando mortos - e novos virais - no seu rasto, os últimos resistentes lutam pela sobrevivência. Lila prende-se no seu próprio mundo para lidar com a devastação. Kittridge procura refúgio, levando consigo os que encontra no caminho. Grey, sem memórias do que aconteceu, busca apenas uma fuga, apesar da voz que fala dentro de si. Numa corrida contra o tempo, todos tentam lidar, tanto quanto possível, com a calamidade e sobreviver. Mas há algo mais que caos na acção dos virais. E a passagem do tempo, com os novos acontecimentos, revela os contornos de uma mente com uma intenção maior.
Depois da intensidade e da complexidade de A Passagem, as expectativas para este livro eram as mais elevadas. E a verdade é que Os Doze supera-as em todos os aspectos, mantendo todos os pontos fortes e acrescentando ainda novos desenvolvimentos, num livro que talvez ainda mais complexo que o anterior, apresenta também mais de tudo o resto: mais surpresas, mais emotividade, mais acção. E também, e acima de tudo, um contexto cada vez mais vasto e cada vez mais fascinante, em que cada nova revelação abre portas a uma nova perspectiva - e a novos e surpreendentes acontecimentos.
O que vinha de A passagem, quer de explicações, quer de acontecimentos e de personagens, é agora complementado com novos elementos. O autor recua, até, aos primórdios da propagação do vírus, para apresentar novas personagens, ligando-as com todo o sistema já conhecido. Esta conjugação vem acrescentar complexidade ao enredo, ao mesmo tempo que lhe aumenta o impacto, já que as novas personagens são tão capazes de gerar empatia como as anteriores e o equilíbrio entre ambas, entre o novo e o familiar, torna a história bem mais intensa. Além disso, os saltos na linha temporal permitem ainda adensar o mistério, levantando novas perguntas para cada resposta dada e revelando novas ligações entre personagens e acontecimentos.
No centro de tudo isto, há dois pilares que se distinguem. De um lado, Amy, a Rapariga de Nenhures, do outro Os Doze e o fascinante ciclo da sua existência. Mas há um elo de ligação. Aqui, talvez mais que em todos os restantes momentos - e há, de facto, momentos impressionantes em abundância - sobressai a sempre constante, ainda que sempre mutável, presença de uma personagem que, presente, mas discreta, desde o início, acaba por ser fundamental na evolução do enredo.
Escusado será dizer que ficam ainda perguntas sem resposta. Das muitas personagens importantes nesta narrativa, e de tudo o que há de marcante nas suas histórias, surge uma perspectiva global que é, ainda, muito mais vasta do que foi revelado. Ainda assim, há uma espécie de final para este segundo livro. Um futuro a considerar, é certo, mas mais como uma nova fase do percurso, depois de completa a fase que foi contada. Este equilíbrio, quase que de portas que se encerram para que outras se possam abrir, é ainda um outro ponto forte neste muito interessante livro.
Com um sistema vastíssimo e uma história complexa, mas também com personagens marcantes e um enredo riquíssimo em momentos intensos, este é, pois, um livro que corresponde em pleno às expectativas, elevando-as ainda mais para o volume final. Impressionante em todos os aspectos, um livro que recomendo sem reservas.
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Ainda vou a meio e estou a gostar tanto como da Passagem. Depois de tantas variações imbecis sobre o tema de vampiros (sobretudo no cinema) é agradável encontrar um livro que acerta no essencial, quer se trate de vampiros ou de zombies.
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