A caminho de Londres e em fuga de um passado conturbado, Helene Delornay viu-se presa, durante um fim-de-semana, na companhia de um homem sedutor e impetuoso, mas com inesperados laivos de cavalheirismo. Partilhou essa noite com Philip Ross e foi quanto bastou para descobrirem a paixão. Mas não o suficiente para ficarem juntos. Helene tinha nos ombros o peso do passado e Philip o das exigências paternas. Agora, dezoito anos mais tarde, Helene é a dona da casa de prazer mais exclusiva de Londres e um dos seus sócios acaba de morrer, deixando a sua parte do negócio... a Philip. Mais uma vez, os caminhos de ambos voltam a cruzar-se. E, mais diferentes ainda do que quando se conheceram, têm ainda em comum uma paixão devastadora. Mas poderá sobreviver a tudo o que os separa?
Situado no mesmo cenário do livro anterior, e com personagens em comum, este livro surpreende, em primeiro lugar, por um inesperado equilíbrio entre a componente erótica e os restantes elementos do enredo. Se em Escravos da Paixão o erotismo era o aspecto dominante, com o restante da história a surgir como complemento, neste livro tudo é desenvolvido de uma forma mais equilibrada, com a história e a caracterização das personagens a desempenharem um papel tão relevante como as cenas sensuais que, ao longo do enredo, vão surgindo.
Nada se perde, a nível de desenvolvimento do lado erótico da história, devido a este cruzar de novos elementos. Muito pelo contrário. Ao desenvolver mais o passado dos protagonistas, a autora torna-os mais interessantes e mais próximos - até porque esses passados conturbados dão, por si próprios, uma bela história. E ao acrescentar ao enredo uns quantos elementos de intriga e de perigo, tudo se torna muito mais intenso, já que a relação dos protagonistas se forma com base não apenas na atracção e no contacto físico, mas também no que cedo se revela como um genuíno afecto.
Tudo isto é narrado de uma forma relativamente simples, sem elaborações desnecessárias, mas com todos os elementos essenciais à caracterização - seja de ambiente ou de personagens. Além disso, há uma curiosa evolução nas interacções entre os protagonistas, já que as suas diferenças de temperamento ocasionam quer momentos de tensão, quer situações curiosamente divertidas. Também isto contribui para uma impressão de leveza, o que torna a leitura especialmente agradável. E, mesmo que, na questão da intriga, seja relativamente fácil reconhecer o responsável, a forma como tudo acontece não deixa de ser interessante.
Envolvente e equilibrado, Escravos do Desejo apresenta um cenário intrigante e personagens interessantes. E, com eles, constrói uma história cativante, com muito de erotismo, mas também com muito de interessante para lá do erotismo. O resultado é uma leitura leve e sempre agradável. E uma boa história, em suma.
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