Enquanto terceira filha do rei, ninguém acreditava que Isabel estivesse destinada à glória. Mas a morte do rei e a sua fuga apressada, planeada pela mãe e com o auxílio de aliados insuspeitos, viriam a mudar o rumo das coisas. Pouco mais que uma criança, Isabel cresceria habituada à frugalidade da sua condição, para depois ser chamada à corte e descobrir um mundo de intrigas e de jogadores ocultos. E aí, entre conspiradores e interesses contraditórios, ela aprenderia a ser forte e a defender-se quando ninguém mais ficasse do seu lado. Afinal, estava destinada a grandes honras... mas também a difíceis responsabilidades.
Uma das coisas que primeiro impressionam neste livro é a forma como o autor consegue, a partir de uma figura cujas acções mais conhecidas são, provavelmente, as mais cruéis, criar para essa mesma figura um retrato bem mais humano, colocando até essas decisões mais duras sob uma nova perspectiva. O retrato que o autor traça de Isabel, a Católica, é a de uma rainha, e de uma rainha disposta ao que for preciso pelo bem do seu reino, mas também, e principalmente, o de uma mulher, forte e determinada, mas com as vulnerabilidades que a tornam humana e uma vasta complexidade de pensamento e de sensibilidade. A protagonista deste livro é, pois, uma personagem complexa e, ao narrar a sua história na primeira pessoa, torna-se também mais carismática, pois é possível conhecer uma imagem da sua mente e do seu coração.
Este tipo de narração torna a leitura mais envolvente. Nunca será uma leitura compulsiva, já que o desenvolvimento do contexto histórico - e da inevitável teia de intrigas que rodeia a corte - exige uma considerável componente descritiva. O ritmo do enredo é, por isso, pausado, mas nunca deixa de ser envolvente, quer pela fluidez da escrita, quer pela forma como o autor equilibra o desenvolvimento do contexto e dos cenários com as percepções da protagonista e as suas vivências.
Tudo é interessante, pois, a nível de contexto. Além disso, há um muito bom equilíbrio entre os momentos mais descritivos e as situações mais intensas. Ao longo do enredo, surgem situações de grande intensidade, seja devido a uma circunstância de perigo, seja pelo impacto emocional que representam. Também isto contribui para manter a envolvência da leitura, já que, seja no âmbito mais pessoal, seja nas questões que envolvem todo o reino, há sempre algo de relevante a acontecer.
Conjugando as complexidades da história de Castela com as complexidades da vida da própria Isabel, este é, pois, um livro em que o contexto mais vasto e a história pessoal se fundem numa história equilibrada e envolvente. Com personagens carismáticas, uma escrita fluída e momentos verdadeiramente impressionantes, O Juramento da Rainha traça para a sua protagonista um retrato fascinante. O conjunto de tudo é, claro, muito bom.
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