quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Era Uma Vez Uma Rosa

São muitos os significados que se podem atribuir à rosa, enquanto símbolo de romance. E, por isso, a rosa, seja como flor, objecto ou nome de pessoa, pode ser a base de muitas histórias. É isso que acontece nos quatro contos deste livro, todos eles com uma aproximação diferente ao tema, mas tendo em comum uma certa aura de conto de fadas... e o romance, é claro.
No primeiro conto, Rosa de Inverno, de Nora Roberts, um príncipe, ferido em batalha e às portas da morte, vagueia, delirante, por caminhos desconhecidos, para tomar, por fim, às portas de um lugar mítico, onde só uma rainha de coração fechado o poderá ajudar. Trata-se de uma história simples, mas envolvente, que cativa, em primeiro lugar, pelo tal ambiente de quase conto de fadas, em que ciúme e engano ditam os ternos de uma maldição. Tendo em conta que se trata de uma história de amor, o tom parece, por vezes, um pouco distante, talvez devido a algumas questões que são deixadas sem resposta. Quanto à relação entre os protagonistas, tem os seus momentos interessantes, mas alguns dos episódios parecem um pouco forçados, pelo que o mais marcante acaba por estar nos ocasionais momentos mais emotivos, no ambiente mágico e, principalmente, no final enternecedor.
Em A Rosa e a Espada, de Jill Gregory, a única sobrevivente da família real de um reino invadido por um feiticeiro descobre, aos 20 anos, que a magia que a protege está prestes a esgotar-se e que, para sobreviver, tem de encontrar o noivo a quem foi prometida e enfrentar o inimigo. Sobressai, deste conto, uma base interessante, mas, principalmente na fase inicial, tudo parece um pouco forçado, e principalmente os diálogos. Além disso, nenhum dos protagonistas desperta empatia, chegando a haver alguns comportamentos irritantes. Com o evoluir do enredo, o passado de Lucius acrescenta algo de emoção, ainda que não chegue para atenuar a atitude geral. Quanto à escrita, é agradável quanto baste, mas falta fluidez no enredo, apesar de uma melhoria considerável na fase final.
As Rosas de Glenross, de Ruth Ryan Langan, apresenta, no rescaldo de uma batalha com um preço demasiado elevado em vidas, o percurso de dois sobreviventes que procuram recuperar de feridas físicas e emocionais. Partindo de um início algo apressado, o enredo acaba por encontrar uma cadência envolvente. As circunstâncias dos protagonistas geram empatia, ao mesmo tempo que o elemento sobrenatural acrescenta mistério. Fica a impressão de que aspectos como os traumas dos protagonistas e o contacto inicial entre ambos poderiam ter sido mais desenvolvidos. Ainda assim, a história não deixa de ser cativante e, apesar de alguns momentos um pouco forçados, uma leitura agradável, com um final bonito.
Por último, em A Rosa Mais Bela, de Marianne Willman, um amor destruído pelo feitiço de uma rainha ambiciosa exige um feitiço de esquecimento para proteger a criança nascida desse amor, até que o seu próprio herói possa surgir. Escrito de forma cativante e com uma história narrada com fluidez, é fácil entrar no ritmo da narrativa, com o prólogo a servir como uma introdução para as circunstâncias da protagonista. Também a aura de mistério relativamente às motivações de Tor desperta curiosidade para uma história que, não partindo de uma ideia particularmente original, evolui, ainda assim, de forma cativante e com a medida certa de emoção. Neste aspecto, sobressai também a evolução da relação entre os protagonistas, mais forte - mas também mais tensa - com o avolumar dos perigos. Envolvente e com um final surpreendente, este é, sem dúvida, o melhor conto do livro.
O que fica, em suma, desta leitura, é a impressão de um conjunto de histórias agradáveis de ler, ainda que nem todas memoráveis, com emoção e romance quanto baste e um toque de magia especialmente cativante. Uma leitura leve, portanto, e envolvente. Gostei.

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