segunda-feira, 31 de março de 2014

A Minha Segunda Vida (Christiane F.)

Figura central de uma história trágica e difícil, Christiane F. tornou-se famosa em todo o mundo como o exemplo da perfeita anti-heroína da vida real. Mas, tal como acontece com todas as histórias reais, os acontecimentos do final de Os Filhos da Droga não foram o final da história. O que aconteceu depois, então? Décadas passadas sobre o sucesso e a fama, este livro revisita Christiane F. para dar voz à sua história depois do livro. E longe, apesar de tudo, de um final feliz, pois raros são os que existem na vida real, o que marcou na primeira fase da história de Christiane continua bem presente neste segundo livro.
Parte do que chama a atenção para este livro resulta do que ficou por dizer no anterior. A conclusão de Os Filhos da Droga é totalmente aberta (mais uma vez, tal como acontece em muitas histórias reais), pelo que fica sempre a curiosidade em saber o que aconteceu depois. E, neste caso, há muito para contar sobre o depois, um futuro que não é nem fácil nem linear, e em que as questões levantadas pelo percurso de Christiane continuam igualmente relevantes.
A questão da dependência, no percurso pautado pelas sucessivas recaídas e recuperações, bem como pelas situações a elas associadas, continua a ser um elemento fulcral sobre o que há a retirar desta biografia. Mas outras questões emergem, desde a fama à intervenção do sistema, passando pela forma como as pessoas em redor de Christiane lidam com a sua presença, sejam amigos, aliados de circunstância ou simplesmente oportunistas. E, neste aspecto, sobressai uma faceta curiosa. Ainda que tudo ou quase tudo o que aqui é contado suceda depois da fama, Christiane F. não lhe atribui assim tanta importância, ou pelo menos não enquanto aspecto central do seu percurso. Os elementos mais relevantes acabam por ser, por isso, os que menos se esperam, o que coloca a sua história sob uma nova perspectiva.
Claro que, mais uma vez, ficam perguntas sem resposta, não só sobre o futuro como sobre certos acontecimentos cuja verdadeira explicação é desconhecida para a própria Christiane. Mas tudo isso é de esperar, tendo em conta que se trata da história de uma vida real, que, por isso, não termina simplesmente com uma frase. Além disso, há alguma divagação na ordem com que os acontecimentos são narrados, o que torna, por vezes, confuso o acompanhamento da linha temporal das situações, mas que, por outro lado, torna mais real o registo de memória, contada ao ritmo da recordação.
É possível que este não seja um livro com o mesmo impacto de Os Filhos da Droga, até porque os tempos - e as reacções - mudaram. Ainda assim, traz respostas que faltavam e o registo de uma nova fase, em que as mesmas - e outras - questões mantêm a relevância e a actualidade. Vale a pena ler, portanto.

Novidades Planeta

O caminho para o trono da jovem rainha Isabel I foi muito arriscado, e acabada de ser coroada já enfrenta uma crise perigosa. 
Tropas francesas desembarcaram na Escócia para dizimar um exército protestante rebelde, e Isabel teme que por estarem entrincheirados na fronteira, possam invadir a Inglaterra. 
Isabel Thornleigh voltou para Londres após regressar do Novo Mundo com o marido espanhol, Carlos Valverde, e o filho. Sempre foi uma serva fiel da rainha e é recrutada para fazer chegar dinheiro aos rebeldes escoceses. 
No entanto, a confiança de Isabel I é limitada, e para que tudo corra como pretende, faz do filho desta refém, até que acabe a missão que lhe foi atribuída. 
Mas a situação agrava-se quando o marido de Isabel é contratado como conselheiro militar dos franceses, colocando assim o casal em lados opostos e numa guerra-fria mortal.

Jason tem um problema. Não se lembra de nada antes de acordar num autocarro escolar de mãos dadas com uma miúda. Aparentemente é a sua namorada Piper; e o seu melhor amigo é um rapaz chamado Leo, e os três são alunos da Escola Wilderness, um internato para «crianças más». O que terá feito para acabar ali, Jason não tem a mais pequena ideia, excepto que tudo parece muito errado. 
Piper tem um segredo. O pai está desaparecido há três dias, e os pesadelos vívidos revelam que corre um perigo terrível. Agora o namorado não a reconhece, e quando uma estranha tempestade e estranhas criaturas atacam durante uma viagem da escola, ela, Jason e Leo são levados para um lugar chamado Campo dos Mestiços. O que está a acontecer? 
Leo tem jeito com ferramentas. A nova cabana no Campo dos Mestiços está cheia delas. Este lugar é selvagem, com treinos com armas, monstros e raparigas bonitas. O que o incomoda é a maldição de que todos falam quando desaparece um jovem. O mais estranho é que os companheiros insistem que são todos, incluindo Leo relacionados com um deus.

domingo, 30 de março de 2014

Laços de Vida (Debbie Macomber)

O grande objectivo da vida de Libby Morgan sempre foi o de se tornar sócia na grande empresa de advogados em que trabalha. Para esse fim, dedicou-se de corpo e alma ao trabalho, deixando para trás todas as distracções, incluindo a possibilidade familiar. Mas, quando julga que o grande marco está finalmente a concretizar-se, a notícia que recebe é uma surpresa: acaba de perder o emprego. Sem saber o que fazer consigo mesma, Libby acaba por descobrir que o convívio e as distracções que até então descurou podem bem melhorar a sua vida. A relação com as amigas melhora e uma entrada quase acidental numa retrosaria traz-lhe à memória um passatempo perdido e desperta-lhe uma faceta solidária. Desta resultam ainda novos conhecimentos. E, talvez, a possibilidade do amor. Mas, enquanto a sua vida muda, a procura de um emprego mantém-se. E a possibilidade de um regresso à antiga vida não está descartada - mesmo que, agora, Libby tenha muito mais a perder.
Um dos aspectos mais cativantes deste livro é que toda a história se define por um optimismo reconfortante, mesmo quando as personagens estão a atravessar um momento difícil. O percurso de Libby, definido tanto pelas dificuldades como pela sua superação, é um exemplo de mudança mas, principalmente, de uma capacidade inerente de encontrar forças mesmo quando as situações se tornam complicadas. Além disso, desta jornada de mudança, sobressai, além da mensagem positiva, um conjunto de momentos ternos e emotivos que, numa história que nunca deixa de ser envolvente, acabam, ainda assim, por lhe acrescentar algo de especial.
Um outro elemento que se destaca é, claro, a actualidade de todas as questões em torno da situação de Libby. A experiência do desemprego e a forma como, a princípio, Libby lida com ela, reflectem bem as dificuldades - não tanto do ponto de vista financeiro, mas mais emocional - que podem resultar dessas circunstâncias. Nesse aspecto, torna-se, às vezes, um pouco difícil acreditar em pleno numa visão tão optimista como a que, por vezes, surge ao longo do enredo. (Tudo se resolve por si.) Ainda assim, a ideia geral é cativante, o que abre caminho para que se crie empatia para com as personagens, alimentando a curiosidade em saber mais sobre o seu percurso, nos momentos bons e nos maus.
Nem todas as perguntas têm resposta, ficando, quanto a algumas das personagens secundárias, uma certa curiosidade insatisfeita (principalmente quanto a Sarah e Amy Jo). Ainda assim, no que  toca ao essencial, a verdade é que não falta nada. Libby encontra o seu caminho e o mesmo acontece com as restantes personagens mais relevantes, num final que, sem ser propriamente surpreendente, não deixa, apesar disso, de ser enternecedor. Como o são, também, de resto, vários outros momentos ao longo do enredo.
Cativante e emotivo, Laços de Vida pode não trazer a mais surpreendente das histórias. Mas o que traz é um percurso cativante para personagens empáticas, um mensagem muito positiva e um enredo cheio de momentos ternos. E isso é mais que o suficiente para que valha a pena conhecer esta história envolvente e reconfortante. Gostei.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Convergente (Veronica Roth)

O sistema de facções foi derrubado, mas os que tomaram esse lugar parecem determinados a exercer a mesma autoridade opressiva. Mas a mensagem que Tris revelou a todos desperta divisões. Os sem facção, liderados por Evelyn Johnson, pretendem ficar na cidade e criar uma nova ordem, baseada na abolição e tudo o que existia antes. Por outro lado, os Leais querem repor as facções e atender ao apelo de Edith Prior, enviando para o exterior alguns dos seus. Não inteiramente convencidos pelos argumentos de nenhum dos lados, mas cientes de que têm de fazer alguma coisa, é neste grupo que partem Tobias e Tris. Mas o exterior não é nem o que imaginavam, nem o que a mensagem prometia. O que encontram são novas divisões e novos conflitos. E, mais uma vez, uma revolução é necessária. E, com ela, novas escolhas e novos sacrifícios. O caminho é, por isso, mais uma vez, de luta. Mas, enquanto as diferenças se avolumam, cresce também o amor que tudo move.
Volume final de uma série repleta de momentos intensos, Convergente é um livro feito, em muito, do surpreendente e do inesperado. Toda a percepção que Tris tinha do mundo foi sendo alterada ao longo da série e este livro vem acrescentar ainda novas revelações. Ao expandir o enredo para o exterior da cidade, a autora coloca muitos dos acontecimentos prévios sob uma nova perspectiva. Isto, aliado a toda uma sucessão de acontecimentos inesperados, traz muitas surpresas e grandes mudanças - quer no contexto, quer nas personagens.
De todas estas surpresas e do facto de haver sempre algo a acontecer, resulta um enredo que facilmente se torna viciante. Mas resulta também uma percepção gradual, fundada tanto na reflexão como na emoção, de uma mensagem mais vasta que está subjacente a todos os acontecimentos. Todo o sistema, desde a divisão em facções à separação entre os geneticamente puros e os danificados, levanta questões sobre o preconceito e o medo da diferença. E quanto ao percurso de Tris e de Tobias, e da revolução em geral, há todo um conjunto de considerações sobre a necessidade de escolher e de escolher bem, de superar, de definir lutas e sacrifícios segundo o que é verdadeiramente importante.
E é considerando tudo isto que se chega a um final que está longe de ser o que se deseja para um duo de personagens carismáticas e que tanta empatia despertaram, mas que, considerando quer a mensagem, quer as complexidades da situação, não deixa de ser o mais adequado. Além disso, e depois de uma evolução na relação que se faz tanto das divergências entre os protagonistas como daquilo que os aproxima, os acontecimentos finais culminam num crescendo de intensidade emocional que é também, em grande medida, parte do que torna memorável esta leitura.
Intenso e surpreendente, fortíssimo do ponto de vista emocional e com uma grande mensagem a emergir do enredo, Convergente encerra, pois, de forma brilhante, uma trilogia com muito de marcante e de memorável. E, assim, da melhor forma possível, cativa e comove desde o início até às derradeiras palavras.

Novidade Topseller

A vida pacata de Lizzy Tucker está prestes a ser virada do avesso, quando Diesel, o seu espectacular e maravilhoso parceiro nas investigações do sobrenatural,  a desafia para salvar o mundo. Uma vez mais.Depois de terem encontrado a Pedra da Gula, a chef de pastelaria e o mais sexy caçador de recompensas do oculto de Boston continuam à procura das restantes seis pedras Saligia que, segundo as lendas, detêm o poder de cada um dos sete pecados mortais.
 Quando Gilbert Reedy, professor da Universidade de Harvard, é misteriosamente assassinado e atirado da varanda do 4.º andar da sua casa, pistas ligam o homicídio a Wulf Grimoire, uma figura do lado negro com quem Lizzy e Diesel já se haviam cruzado. Wulf está determinado em reunir as sete pedras para, com o seu poder, dominar o mundo, e desconfia-se precisamente que Reedy foi morto às suas ordens por estar a investigar a Pedra da Luxúria.
Seguindo as pistas que constam de um críptico livro de sonetos do séc. XIX, Lizzy e Diesel partem à descoberta da Pedra, que se pensa estar investida do poder da luxúria, deixando atrás de si um rasto de sepulturas profanadas, distúrbios da ordem pública e o caos generalizado.
Uma caça ao tesouro divertida, cheia de acção e de leitura imparável, ao estilo inconfundível e original de Janet Evanovich.

Janet Evanovich é a autora de policiais mais vendida em todo o mundo e a escritora mais bem-sucedida actualmente, segundo a revista Forbes (Top 5 mundial), com mais de 75 milhões de livros vendidos em todo o mundo. Os seus policiais, repletos de personagens caricatas e inesquecíveis, e recheados de intrigas complexas, já criaram uma verdadeira legião de fãs em todo o mundo. 

segunda-feira, 24 de março de 2014

Noites Escaldantes (Sylvia Day)

Connor Bruce sempre se sentiu satisfeito com a sua vida no Crepúsculo. Combater os Pesadelos e realizar as fantasias das sonhadoras sempre lhe deu tudo aquilo que de precisava. Mas a descoberta de uma intenção oculta no comportamento dos seus líderes abalou a sua fé. Agora, Connor lidera os rebeldes, enquanto, no mundo mortal, o seu amigo, Aidan Cross, procura os objectos que lhes trarão as respostas em falta. Mas uma nova informação obriga Connor a deslocar-se, também ele, ao mundo mortal. E aí descobre que a sua vida sem emoções está prestar a sofrer uma grande mudança.
Apesar de ter um novo casal como protagonista, um dos pontos fortes deste livro é que quase todas as personagens mais relevantes são já conhecidas do volume anterior. Assim, e apesar dos elementos mais peculiares do sistema - também eles um aspecto particularmente interessante nesta série - , é fácil entrar no ritmo da história, quer porque as linhas gerais do mundo são já familiares, quer porque é maior a proximidade para com as personagens.
Outro aspecto interessante é o equilíbrio entre a parte do enredo que se define pela intriga e pela acção, com os aliados e inimigos de Aidan e Connor - e respectivas intenções - a servirem de base a uma agradável aura de mistério e a alguns momentos de acção especialmente intensos, e o elemento de romance e sensualidade que caracteriza a história dos protagonistas. O elemento sobrenatural, com os perigos e a estranheza que lhe estão associados, acrescenta algo de surpreendente ao romance, impedindo que este se torne repetitivo. Além disso, os momentos de perigo tornam mais intensa - e mais emotiva - a relação entre os protagonistas, o que confere à sua história uma força maior.
Tendo em conta todos estes elementos e a forma como a história evolui, deixando, mais uma vez, questões em aberto, fica, por vezes, a impressão de que, em certos pontos, haveria mais a desenvolver. Ainda assim, o que fica por explorar desperta curiosidade acerca de um possível futuro para estas - e outras - personagens. E, quanto ao essencial na relação entre os protagonistas, o mais importante está lá.
Assim, a ideia que fica deste livro é a de um romance aparentemente simples passado num cenário de complexidades insuspeitas. E, por isso, de uma leitura que, mesmo no que deixa em aberto, não perde nem a envolvência nem a capacidade de intrigar. Uma boa leitura, pois.

Novidade Asa

Roma, ano 89 DC. As regras ditam que uma mulher deve ser submissa e modesta. Não deve levantar a voz, vestir roupas extravagantes, sair à noite, beber ou desafiar a autoridade… e muito menos envolver-se em assuntos criminais.
Flávia Albia contraria todas estas normas (e mais algumas). Vive sozinha na zona boémia de Roma, cultiva amizades pouco recomendáveis e não se coíbe de lutar pelos seus direitos. Filha de um detective, Flávia decidiu desde cedo seguir os passos do pai. Mas a investigação é uma profissão masculina. Para ser respeitada, ela sabe que terá de ser a mais rápida, a mais perspicaz, a melhor.
 Flávia é a única a reparar que o número de mortes inexplicáveis tem vindo a aumentar na cidade. Por não terem ligação entre si nem indícios de violência, não levantaram suspeitas. As denúncias de Flávia são ignoradas pelas autoridades, que estão demasiado ocupadas com a organização dos Jogos de Ceres, o momento alto do ano. E até mesmo a própria Flávia, distraída com a perspectiva de um novo romance, não vê que a morte está demasiado perto de casa…

Lindsey Davis nasceu em Birmingham, Reino Unido, e estudou Literatura Inglesa em Oxford.
Os seus romances policiais passados na Antiguidade Clássica granjearam-lhe fama mundial e diversos prémios literários, nomeadamente o Crimewriters’ Association Dagger, o Ellis Peters Historical Dagger e o Sherlock Award. Em 2009, a cidade de Saragoça atribuiu-lhe o Prémio internacional pela sua carreira de escritora histórica. Graças à notoriedade que Roma ganhou com a sua obra, a cidade honrou-a com o Premio Colosseo, em 2010.
Em 2011 foi distinguida com o prémio de carreira Cartier Diamond Dagger pela Crimewriters’ Association.

Novidade Esfera dos Livros

Morrer por amor. Numa fria madrugada, num acto de loucura, João e Beatriz decidem suicidar-se para eternizar o seu amor, tornando-o assim perfeito. Imortal. Na escuridão da planície alentejana entram nos seus carros e aceleram vertiginosamente um contra o outro. Mas João, no último momento, decide reescrever o seu destino. Para isso será necessário uma despedida. Do casamento, de Beatriz, de uma relação perigosa, baseada na obsessão e no ciúme descontrolado. Despedir-se sem olhar para trás e partir numa longa viagem em busca de si próprio, da sua essência e de uma nova forma de amar, até agora desconhecida. Um amor puro, sem sofrimento, nem ameaças, capaz, quem sabe, de o fazer verdadeiramente e apenas feliz. Depois do êxito do seu primeiro romance, O Último Navegador, o actor Virgílio Castelo regressa à escrita com este poderoso romance sobre as relações humanas. Até onde podemos ir quando nos apaixonamos? Ao longo destas páginas somos questionados e impelidos a descobrir diferentes formas de amar. Do amor obsessivo e doentio, capaz de nos arrastar para o lado mais obscuro e desconhecido do nosso ser, capaz de nos levar à loucura e até à morte, ao amor são, onde a entrega, a esperança e a paixão, dão novos significados à palavra amar.

Virgílio Castelo é actor, autor e encenador, tendo sido produtor e consultor de ficção em estações de televisão e produtoras de conteúdos. Fez a sua formação na Escola Superior de Arte Dramática da Universidade de Estrasburgo, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, e estreou-se profissionalmente no primeiro espectáculo realizado em liberdade no nosso país, a 23 de Junho de 1974, num texto de revista intitulado Pides na Grelha. Em 2008, publicou O Último Navegador com a chancela de A Esfera dos Livros.

sábado, 22 de março de 2014

Private: Principal Suspeito (James Patterson e Maxine Paetro)

Ao regressar a casa depois de uma viagem de trabalho, Jack Morgan encontra-se com o caso da sua vida. A ex-namorada, Colleen, jaz morta na sua casa, na sua cama, e não há provas que apontem para outro culpado que não ele. Mais que isso. A polícia parece mais que disposta a aceitar a solução óbvia. Jack não é o principal suspeito. É o único suspeito. Por isso, enquanto a polícia conduz uma investigação que o incrimina cada vez mais, Jack tem de usar todos os recursos da Private - e todos os argumentos do seu pensamento - para descobrir o verdadeiro responsável. E, mesmo assim, a vida não pára e ele e os seus colaboradores têm outros casos para acompanhar. Casos que, como seria de esperar, se tornam mais complicados do que, à primeira vista, se julgaria.
Como já vem sendo habitual nos livros de James Patterson, sobressai deste livro um conjunto de características que contribuem em muito para tornar a leitura viciante. Os capítulos curtos, escritos sem elaborações e com ênfase na acção, juntam-se a um enredo cheio de surpresas e em que há sempre algo de interessante a acontecer. O resultado é, claro, um livro difícil de largar antes do virar da última página.
Mas o grande ponto forte desta série é precisamente Jack Morgan. Carismático, mas com vulnerabilidades e um passado que define as suas escolhas, Jack é uma personagem empática, protagonista de grandes momentos e com uma forma de liderança especialmente cativante. E, neste livro, Jack é a figura central de uma situação complicada, pelo que acaba por estar no centro de alguns dos momentos mais marcantes. Além disso, ao colocar Jack como o principal suspeito, surgem também algumas questões interessantes no que toca ao funcionamento da Private, do qual sobressai um certo sentido de lealdade - mesmo por entre todos os outros problemas a resolver - que acaba por ser particularmente marcante.
Ainda assim, a história não se centra apenas na morte de Colleen e nas possíveis consequências para Jack. Há outros casos a decorrer e todos eles têm algo de interessante, quer nas relações que os protagonistas retiram dele, quer nas respostas ao mistério propriamente dito. Mas há uma contrapartida nesta confluência de enredos. É que o caso de Jack acaba por ficar, por vezes, para segundo plano, o que deixa uma sensação de que, devido à dispersão entre os diferentes casos, há coisas que são deixadas por dizer. Nada de essencial, entenda-se, já que todas as perguntas relevantes encontram uma resposta e há intensidade mais que suficiente ao longo do enredo. Mas, sendo Jack a alma da Private, e sendo tão difíceis as suas circunstâncias, fica a impressão de que a sua parte da história poderia ter tido mais destaque.
A soma de tudo isto é um livro que, apesar de um pouco mais disperso que o anterior, reúne um interessante conjunto de casos, para dar forma a um enredo com qualidades mais que suficientes para proporcionar uma leitura viciante. Intenso, surpreendente e cheio de bons momentos, um bom livro. 

sexta-feira, 21 de março de 2014

quinta-feira, 20 de março de 2014

Dicionário de Insultos (Sérgio Luís de Carvalho)

Insultar - ou, pelo menos, insultar com classe - é uma arte. Mas, dos mais cultos aos mais brejeiros, há, na língua portuguesa, toda uma panóplia de insultos, epítetos e outros que tais, abrindo portas a toda uma possível diversidade na tal arte de insultar. O que este livro apresenta é um breve percurso por esses vocábulos e expressões, analisando, de forma sucinta, as suas origens e significados. E não haja dúvidas de que esta viagem de A a Z pelo mundo dos insultos nacionais tem muito de interessante a oferecer.
Uma das coisas mais cativantes neste livro - como noutros, aliás, do mesmo autor - é a forma como o conteúdo é apresentado, conjugando uma exposição clara e sintética das origens e usos de cada termo com um toque de humor que torna a leitura particularmente agradável. É possível ouvir, nas explicações, uma voz própria, com a perspectiva pessoal do autor - e o atrás referido sentido de humor - a colocar as coisas sobre um ponto de vista. Isto não só torna a leitura mais agradável - e divertida, diga-se - como facilita a assimilação dos elementos essenciais, já que há algumas observações que ficam na memória, associadas a alguns termos em particular.
Claro que, além da forma como é apresentado, é preciso considerar o conteúdo em si. E o conteúdo é deveras interessante. Nenhuma das explicações é longa, mas nenhuma deixa de fora seja o que for de essencial. Algumas são mais seguras, outras fazem parte de um conjunto de possibilidades. Mas, de tudo isto, há bastante a aprender, seja na origem de algumas expressões mais que familiares, seja numa ou noutra que caiu em desuso, mas que é interessante aprender. Além disso, o conjunto de contextos históricos, literários, religiosos ou outros que tais permite um novo olhar sobre o insulto e as suas origens.
O que acontece, pois, terminada esta leitura, é que se fica com um vocabulário enriquecido, e também com um estado de espírito mais leve. É que, divertido e interessante, este é um bom livro para enriquecer a cultura geral - ou, bem, a parte que se refere à origem específica de certos termos. Mas é também uma leitura agradável e descontraída, capaz de arrancar algumas gargalhadas, seja pelas histórias mais caricatas, seja simplesmente por um comentário mais oportuno. E é por tudo isto que vale a pena ler este livro surpreendente. Muito bom.

Novidade Porto Editora

Sam tinha a vida resolvida. Abandonara o cargo de agente da CIA, após uma demorada negociação sobre os termos da rescisão, e finalmente podia dedicar-se a uma existência pacata com o filho… Até que uma mulher misteriosa, Diana Keene, entrou no seu bar e num repto surdo deitou por terra toda a sua ambição de normalidade: «Ajude-me.»
De repente, e sem aviso prévio, Sam vê-se obrigado a lutar pela sua própria sobrevivência contra os mandantes do assassinato de Diana – uma associação organizada numa rede global e com negócios obscuros, formada por pessoas influentes e poderosas,que faz uso da sua autoridade e riqueza para comandar os desígnios do mundo. Agora, a organização não mais descansará até capturar o homem que ousou interferir com os seus planos, e fará tudo para conquistar mais um nível de poder que só Sam, com os seus conhecimentos, lhe pode garantir. 
Ameaçado por tudo e por todos, resta apenas a Sam uma alternativa se quiser recuperar a sua paz de espírito: aniquilar o homem que se esconde por detrás da máquina de influências que controla o mundo.

Escritor norte-americano, Jeff Abbott é licenciado em História e Inglês pela Universidade de Rice e trabalhou como director criativo numa agência de publicidade antes de se dedicar à escrita. Autor de treze livros de suspense e mistério, já esteve nomeado três vezes para o Mystery Writers of America's Edgar Allan Poe Award e duas vezes para o Anthony Award, atribuído pela World Mystery Conference. Atualmente vive em Austin com a mulher e os dois filhos. 
Obras como Pânico, Medo, Colisão ou Adrenalina tornaram-no famoso em todo o mundo.

quarta-feira, 19 de março de 2014

A Partir Deste Momento (Bella Andre)

Responsável e protector, Marcus Sullivan sempre foi o refúgio e o apoio da família, aquele que ocupou o lugar do pai quando a mãe se viu sozinha com oito filhos para criar. Mas agora, depois de descobrir, da pior maneira, o desprezo que a namorada sente por ele, Marcus quer apenas esquecer, tanto a mágoa como a responsabilidade, e deixar-se levar, por uma noite, ao ritmo da loucura. É nesse espírito que se cruza com Nicola Harding, ou Nico, a famosa cantora. Para muitos, a sua reputação precede-a, pois um acontecimento no passado granjeou-lhe uma certa - e indesejável -  fama. Mas Marcus parece ser o único homem no mundo a não saber quem ela é e, quando ambos se encontram pela primeira vez, há algo que os atrai um para o outro. Daí resulta um plano. Entre ambos, não deve haver senão uma noite de prazer sem consequências, nada mais. Mas talvez a atracção que os une seja a raiz de algo mais forte e mais profundo...
Sendo Marcus uma personagem já conhecida do primeiro volume desta série, o que primeiro cativa para este livro é uma certa sensação de familiaridade e de empatia para com ele e as suas circunstâncias. A personalidade cativante, feita em simultâneo de discrição e instinto protector, é já conhecida da história de Chase e, por isso, é muito fácil entrar na sua pele e simpatizar com aquilo por que está a passar. Além disso, não havendo grandes desenvolvimentos a nível de caracterização de personagens, este conhecimento prévio torna a sua história mais cativante.
Outro aspecto positivo é o contraste que se cria entre as personalidades e as formas de vida dos dois protagonistas. Nicola e Marcus são diametralmente opostos, ainda que com mágoas passadas a surgirem como elo comum. Assim, o contraste entre a fama de Nico e a vida discreta de Marcus, além de colocar barreiras numa história que, sendo relativamente simples, não o poderia ser demasiado, torna mais interessantes as suas histórias individuais, ainda que pudesse, talvez, ter havido um maior desenvolvimento nesse aspecto.
Ainda um outro ponto interessante - e que poderia, também, ter sido mais explorado - diz respeito às ligações familiares. Há entre os Sullivan um ambiente de afecto e de camaradagem - sem esquecer os inevitáveis atritos entre irmãos - que, além de revelar uma das facetas mais cativantes de Marcus, acrescenta ao enredo uma emotividade diferente. Além disso, criam-se expectativas para a história dos restantes irmãos, o que desperta curiosidade para os próximos volumes.
Quanto a pontos fracos, o mais evidente é alguma pressa no desenvolvimento de alguns aspectos da história. O essencial está lá e, no que toca ao romance entre os protagonistas, há momentos bastante bons, mas fica a impressão de que muito mas haveria a dizer sobre alguns dos elementos que completam esta história. Além disso, importa referir algumas escolhas de tradução algo estranhas. Sendo certo que não é fácil encontrar uma tradução para alguns dos termos, fica a impressão de que, num livro que é mais romântico que erótico, optar por certas palavras mais grosseiras cria um choque desnecessário.
Considerando tudo isto, a impressão que fica deste livro é a de uma história que poderia, provavelmente, ser bastante mais vasta, mas que, mesmo na sua simplicidade, consegue ser cativante e interessante quanto baste. Gostei, portanto.

terça-feira, 18 de março de 2014

Novidade Porto Editora

Durante anos, o objectivo de vida de Libby Morgan foi tornar-se sócio-gerente da conhecida e competitiva firma de advogados onde trabalha. Para tal sacrificou tudo – amizades, casamento e o sonho de criar uma família. Quando finalmente é chamada à administração, Libby mal contém a sua felicidade, mas não está preparada para a notícia que irá receber: face às dificuldades económicas, Libby é despedida. 
Sem perspectivas de trabalho, Libby aproveita para cuidar das amizades que descurou. Assim, enquanto retoma velhos hábitos, passa a frequentar uma loja de malhas local onde nutrirá amizades que lhe mudarão a vida. É ali que conhecerá a doce e sensível Lydia, a proprietária da loja e a sua espirituosa filha adolescente, Casey; bem como a melhor amiga desta, Ava, uma jovem muito tímida e ingénua, que carrega um segredo que não ousa contar a ninguém. Não tardará que Libby considere aquela loja a sua segunda casa e aquelas mulheres inspiradoras a sua nova família.

Debbie Macomber é uma das grandes autoras bestseller do NewYork Times. Presença assídua nos tops de várias publicações, é das escritoras mais lidas em todo o mundo, com mais de 170 milhões de exemplares vendidos. 
Galardoada com inúmeros prémios RITA e Holt Medallion, já venceu o RT Book Reviews Lifetime Achievement Award, o B. Dalton Award e em 2010 a associação Romance Writers of America atribuiu-lhe o Nora Roberts Lifetime Achievement Award.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Half Bad - Entre o Bem e o Mal (Sally Green)

Num mundo em que o que separa Bruxos Brancos e Bruxos Negros é uma guerra mortal, a existência de Nathan é, por si só, perigosa. Filho de uma dotada Bruxa Branca e do mais temível entre os Bruxos Negros, ninguém sabe ao certo de que lado reside o seu futuro. Mas o Conselho dos Bruxos Brancos não está disposto a deixar nada ao acaso. Controlado em todos os aspectos desde a mais tenra idade, Nathan atravessa sucessivas provações, que culminam no confinamento a uma jaula, sob a égide de uma tutora cujo treino severo o deve preparar. Para quê, Nathan não sabe. Mas, à medida que os seus dezassete anos se aproximam, e que o interesse do Conselho parece crescer, Nathan sabe que não pode ficar simplesmente à espera. É que, por muito que digam o contrário, o Conselho dos Bruxos Brancos não é, propriamente, um lugar de bondade. E tudo indica que têm grandes planos para Nathan.
O primeiro aspecto a surpreender neste livro, e principalmente tendo em conta a aparentemente clara divisão entre Bruxos Brancos e Bruxos Negros, é que a linha que separa o bem do mal é tudo menos clara. Na verdade, no que à bondade diz respeito, às escolhas certas, à necessidade de agir segundo valores e princípios correctos, ambiguidade é o que não falta neste livro. Ora, para um sistema com separações (aparentemente) absolutas, esta perspectiva de moralidades dúbias - de ambos os lados - torna as coisas consideravelmente mais interessantes. Até porque, mais do que simplesmente questionar linhas definidas entre bem e mal, a autora leva o assunto mais longe, ao colocar os Bruxos Brancos a agir de tal forma que a empatia chega a pender substancialmente para o outro lado, mesmo tendo em conta que nada nos Bruxos Negros é inocente.
No centro de  tudo isto, está Nathan, grande força de uma história toda ela muito interessante. Criado nas mãos dos Bruxos Brancos - e, contudo, firmemente posicionado na linha que separa os dois lados - Nathan é a base de toda uma reflexão sobre a diferença, sob a forma de todas as tribulações e humilhações que tem que atravessar. Tudo nas suas circunstâncias gera empatia, sendo que a fase inicial é de uma intensidade seriamente perturbadora. Além disso, toda a história é narrada na primeira pessoa, o que, ao criar uma maior impressão de proximidade, confere a todos os acontecimentos - mais ou menos relevantes - um maior impacto.
Ainda no que toca à caracterização, sobressai um outro aspecto da natureza de Nathan. É que, num cenário em que quase todos se movem por interesses, seus ou dos que os comandam, a inocência de Nathan funciona quase como uma luz no meio do caos. E por isso, ainda que a sua perspectiva das restantes personagens seja limitada, há nele uma capacidade de ver os melhores traços dentro do cenário possível, que, numa história tão sombria, acaba por ser algo de especial.
Sendo este o primeiro volume de uma trilogia, ficam, naturalmente, várias perguntas sem resposta, o que, associado ao ritmo quase compulsivo do enredo e ao impacto emocional dos momentos mais intensos, cria grandes expectativas para o que se seguirá. Quanto às muitas respostas que já foram dadas, abrem-se vastas possibilidades para o futuro de Nathan, cujas aventuras e tribulações, ainda que já cruzadas por grandes sombras, parecem estar ainda a começar.
A soma de tudo isto é uma história envolvente e surpreendente, fortíssima do ponto de vista emocional e com uma aproximação muito própria à fina linha que separa o bem do mal. Um livro intenso e viciante. Muito bom.

Para mais informações sobre o livro Half Bad - Entre o Bem e o Mal, clique aqui.

Novidades Planeta

Paris 1774.
Na tenra idade de dezoito anos, Maria Antonieta ascende ao trono francês ao lado do marido, Luís XVI. Mas por detrás da extravagância da jovem rainha, com vestidos de seda elaborados e vertiginosos penteados, escondem-se medos profundos em relação ao seu futuro e ao da dinastia Bourbon. 
Das dores do casamento à alegria de conceber uma criança, da paixão por um militar sueco, Axel von Fersen, ao devastador Caso do Colar de Diamantes, Maria Antonieta tenta elevar-se acima dos boatos e rivalidades do seu círculo. Mas a revolução floresce na América e uma ameaça muito maior paira junto dos portões dourados de Versalhes, que pode afastar a monarquia francesa para sempre.

Tudo o que amamos pode ser levado pela corrente... 
NUNCA, NUNCA CHORES... 
A mãe de Eureka Boudreaux instilou esta regra na filha há anos. 
Mas agora a mãe partiu, e onde quer que Eureka vá, ele está lá: Ander, o rapaz alto, de cabelo louro-claro, que parece saber coisas que não devia, que diz a Eureka que ela corre um grande perigo e que a deixa sempre à beira das lágrimas. 
Mas Ander ignora o maior segredo de Eureka: desde que a mãe se afogou num acidente bizarro, Eureka deseja morrer.
Resta-lhe pouco que lhe desperte o interesse, apenas o amigo mais antigo, Brooks, e uma estranha herança: um medalhão, uma carta, uma pedra misteriosa e um livro de outras eras que ninguém compreende. 
O livro encerra uma história assombrosa sobre uma rapariga que ficou destroçada e chorou tanto que formou um continente no mar... e há algo na história que é misteriosamente familiar.
Eureka está prestes a descobrir que a narrativa antiga é mais do que uma história, que Ander pode falar verdade... e que a sua vida é muito mais obscura e oculta do que alguma vez imaginou.

Manual de Teatro nasceu de uma vontade e de um repto lançado por Antonino Solmer (actor, encenador, professor de teatro) a um grupo de profissionais, alguns dos quais haviam sido seus alunos. O repto foi: «Vamos fazer aquele livro que cada um gostaria de ter tido para consultar quando fomos estudantes de Teatro, quando somos professores de Teatro ou, simplesmente, quando temos curiosidade em relação ao universo teatral e aos processos de construção do espectáculo». 
Assim nasceu esta obra, que 15 anos depois do seu lançamento, a avaliar pelos pedidos dos leitores, parece ter quase sempre estado em falta nas livrarias. O que não é verdade, uma vez que esta é a sua quarta edição, mas revela bem a dimensão da falta que fazia – e continua a fazer – a todos aqueles a quem se dirige. 
De facto, neste volume estão reunidas informações, sugestões e pistas para o trabalho teatral que o leitor só a muito custo e em muitas fontes diferentes conseguiria, até agora, reunir. 
O leitor interessado encontrará neste Manual, não só um valioso quadro cronológico comparativo de toda a história do teatro, como uma perspectiva sucinta da evolução dos estilos e formas de representação e um glossário de termos teatrais.
Encontrará também ferramentas de trabalho teóricas e práticas para todo o processo de construção e promoção de um espectáculo, desde o espaço cénico vazio até à organização da bilheteira e ao spot promocional - formação de actores, produção, dramaturgia, encenação, cenografia, maquinaria de cena, figurinos, maquilhagem, som, luz, entre tantos outros.

Vencedor do passatempo Half Bad - Entre o Bem e o Mal

Terminado mais um passatempo, desta vez com um total de 102 participações, é chegada a altura de anunciar quem vai receber em casa um exemplar de Half Bad - Entre o Bem e o Mal.

E o vencedor é...

86. Madalena Almeida (Guimarães)

Parabéns e boas leituras!

quinta-feira, 13 de março de 2014

Fernando Pessoa em Espanha

A presença de Fernando Pessoa e da sua obra no país vizinho, quer durante a vida do autor, quer postumamente, é, possivelmente, um tema pouco conhecido, pelo menos fora dos círculos académicos. Foi também assunto de uma exposição e de um colóquio, cujos conteúdos se reúnem agora neste catálogo, que conjuga as comunicações do colóquio com um conjunto de imagens dos itens da exposição. O conjunto é um livro relativamente breve, mas com muito de interessante para descobrir.
O que primeiro chama a atenção para este livro é, naturalmente, a sua associação com o evento que lhe serviu de base. Desta perspectiva, é possível, através deste catálogo, ficar a conhecer o essencial da exposição e do colóquio, mesmo para quem não os tenha acompanhado. Além disso, ao tratar uma faceta menos conhecida da temática pessoana, acrescenta, naturalmente, algo de novo, sendo de destacar as comunicações, sucintas, mas esclarecedoras, das quais sobressai a diversidade de perspectivas, quer na recepção à obra de Fernando Pessoa em Espanha, quer nas próprias relações do poeta com os criadores espanhóis do seu tempo.
Sendo centrado num aspecto específico de um tema que é, no seu todo, vastíssimo, é natural que seja necessário, para apreciar em pleno o desenvolvimento dos temas, algum conhecimento prévio no que diz respeito à obra e percursos de Fernando Pessoa. Ainda assim, duas questões surgem como centrais, neste livro. E, estando elas muito relacionadas com a dita presença em Espanha, toda ela percorrida de forma bastante clara neste livro, é possível ficar com uma ideia clara do essencial, em grande parte devido a um equilíbrio entre alguns artigos mais gerais e outros de cariz mais específico.
O que fica, então, deste livro, é a ideia de uma boa forma, sempre interessante e acessível quanto baste, de conhecer ainda uma outra faceta da vastidão de temas e sub-temas subjacentes à obra e à história de Fernando Pessoa. Muito interessante, pois.

Novidade Porto Editora

Seria difícil para Dell Parsons imaginar o quanto a sua vida se alteraria no dia em que os pais, desesperados, decidem assaltar um banco. A consequente detenção lança sérias ameaças sobre o futuro incerto de Dell, que se verá ainda mais desamparado após o repentino desaparecimento da sua irmã gémea. 
Mas Dell não ficará sozinho: uma amiga da família decide resgatá-lo do desnorte, levando-o numa viagem de autodescoberta ao longo da fronteira do Canadá, com o objetivo de lhe oferecer novas perspetivas de vida. É durante essa viagem pelas pradarias de Saskatchewan que Dell é recebido por Arthur Remlinger, um norte- -americano que transporta doses iguais de carisma e mistério. 
A procura de harmonia e paz, debaixo do vasto céu azul da pradaria, parece revelar-se infrutífera à medida que Dell vai cedendo à vertigem de Remlinger e aos tormentos e impulsos homicidas que inspira. Conseguirá Dell descobrir a força de carácter necessária para reencontrar um rumo para a sua vida?

Autor de sete romances e três coletâneas de contos, Richard Ford nasceu em Jackson, Mississípi, em 1944. 
Reconhecido pela crítica como um dos grandes retratistas dos temas estruturantes da sociedade norte- -americana, mantém o recorde de ter sido o único autor distinguido em simultâneo com os prémios Pulitzer e Pen/Faulkner para uma mesma obra. 
Publicado originalmente em 2013, Canadá foi agraciado com o Prix Femina Étranger em França e o Andrew Carnegie Medal for Excellence.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Vejo-te (Irene Cao)

Sem vícios, nada aventureira, dedicada ao trabalho e pouco interessada em relações amorosas, Elena corresponde, em tudo, à imagem da menina bem-comportada, por vezes, até demasiado. Mas tudo muda quando o palácio onde está a restaurar um fresco recebe um novo inquilino. Leonardo Ferrante, chef de cozinha, é um indivíduo misterioso e sedutor, e Elena sente-se imediatamente atraída. E, se é certo que ambos querem coisas diferentes, nem mesmo assim ela consegue resistir ao pacto que o atraente Leo lhe propõe ao oferecer-se para quebrar todos os seus tabus, conduzindo-a por uma jornada de descoberta sexual, mas onde nunca, em circunstância alguma, poderá nascer o amor. Seduzida pela ideia e pelo homem, Elena aceita o pacto. Mas é possível que o seu lado desconhecido não seja inteiramente bom, e ainda menos quando o tal sentimento proibido começa a insinuar-se no seu caminho.
Centrado essencialmente nos protagonistas e com o pacto entre ambos como linha essencial, este é um livro em que a relação se define, em grande medida, pelo elemento físico, ainda que complementado pelas dúvidas e hesitações, justificadas quer pela mudança, quer pela existência, ainda que relativamente discreta, de um triângulo amoroso. E, tendo isto como ponto de partida, o que surge desta leitura é uma história que consegue ser cativante e agradável, mas que, em certos aspectos, deixa sentimentos ambíguos.
No que diz respeito aos pontos fortes, sobressai, em primeiro lugar, a envolvência de uma escrita simples, mas agradável, que, mesmo quando os acontecimentos resvalam para a estranheza, nunca permite que a leitura se torne penosa. A isto junta-se uma cativante aura de mistério em torno da vida de Leonardo, da qual muito pouco é revelado, já que a história é narrada pela voz de Elena e ela pouco sabe. Neste aspecto, muito é deixado por explicar, mas cria-se uma certa expectativa para os próximos volumes da trilogia, o que torna a leitura bastante intrigante. Além disso, a mudança acelerada da vida e de forma de estar de Elena coloca-a perante algumas questões interessantes, principalmente no que diz respeito a quanto, nessa mudança, é efectivamente bom.
Os pontos fracos surgem, principalmente, em dois aspectos. O primeiro prende-se com uma fase inicial em que Elena acaba por ser arrastada entre as vontades de uma amiga não muito empática e a persuasão não muito esforçada de Leonardo. Daqui, fica a impressão de uma personalidade algo apagada e pouco segura, que, felizmente, vai evoluindo com o enredo, mas que perde um pouco pela falta de empatia. O outro ponto fraco vem da impressão de que certos elementos - de caracterização de personagens, mas também de desenvolvimento de certos episódios - não são tão aprofundados como poderiam ter sido. A ligação entre as personagens sente-se nos grandes momentos, mas parece-se apagar-se no espaço entre eles, deixando a ideia de que mais haveria a explorar sobre as suas histórias e modos de pensar.
Do equilíbrio entre forças e fragilidades, a impressão que fica é a de um início que está longe de ser perfeito, mas que, entre a escrita agradável e alguns momentos mais marcantes, consegue, ainda assim, apresentar um enredo interessante e com muito espaço para evolução. Fica, por isso, a curiosidade em saber como irá crescer a história destas personagens.

Novidade Porto Editora

A sociedade de facções em que Tris Prior acreditava está destruída – dilacerada por actos de violência e lutas de poder, e marcada para sempre pela perda e pela traição. Assim, quando lhe é oferecida a oportunidade de explorar o mundo para além dos limites que conhece, Tris aceita o desafio. Talvez ela e Tobias possam encontrar, do outro lado da barreira, uma vida mais simples, livre de mentiras complicadas, lealdades confusas e memórias dolorosas. Mas a nova realidade de Tris é ainda mais assustadora do que a que deixou para trás. As descobertas recentes revelam-se vazias de sentido, e a angústia que geram altera as vontades daqueles que mais ama. Uma vez mais, Tris tem de lutar para compreender as complexidades da natureza humana ao mesmo tempo que enfrenta escolhas impossíveis de coragem, lealdade, sacrifício e amor. Convergente encerra de forma poderosa a série que cativou milhões de leitores, revelando os segredos do universo Divergente.

Veronica Roth estudou Escrita Criativa na Northwestern University. Nosseus tempos de faculdade, preferiu dedicar-se a escrever o que viria a ser a sua primeira obra, Divergente, e deixar de lado os trabalhos de casa – uma escolha que acabou por transformar totalmente a sua vida. Veronica Roth foi considerada a melhor autora pelo GoodReads Choice Awards em 2012. Divergente foi eleito o melhor livro de 2011 e Insurgente o melhor livro de fantasia para jovens-adultos em 2012, pela mesma entidade, a única cujas distinções são atribuídas exclusivamente pelos leitores.

A história começa em Divergente.

terça-feira, 11 de março de 2014

Robopocalipse (Daniel H. Wilson)

Tudo começa com um novo passo na experiência de criação de uma inteligência artificial, momento em que Archos ganha vida e assume o controlo do sistema construído pelos seus criadores. Ao princípio, ninguém se apercebe do sucedido e os sinais são ténues, difíceis de interpretar. Mas tudo muda a partir do momento em que, num mesmo instante, todas as máquinas se voltam contra os humanos e começam a espalhar caos e morte em seu redor. No centro de tudo está Archos e uma intenção que parece ser reformular o mundo sem o domínio dos humanos. Mas não está na natureza humana deixar-se cair sem luta. E, na guerra pela sobrevivência, todos serão importantes. Mesmo aqueles de quem nada se espera.
Considerando que a história que serve de base a este livro se baseia, essencialmente, no conflito entre humanos e máquinas que se voltaram contra os seus criadores, não se pode dizer que a ideia geral seja algo de particularmente inovador. Ainda assim, e apesar de se tratar de um conceito já explorado, o autor consegue conferir-lhe uma voz própria, ao dar voz a vários dos intervenientes no conflito, deste os primeiros momentos à derradeira conclusão. Não havendo grande ênfase num protagonistas, ainda que, em certa medida, se possa considerar Cormac Wallace como tal, a história expande-se para várias perspectivas, o que a torna cativante, mesmo nos elementos mais previsíveis.
Outro elemento que cativa para a leitura é o impacto emocional de certos momentos pontuais, não necessariamente nos grandes acontecimentos, mas mais em pequenas coisas. Ao percorrer fases da história de diferentes personagens, cria-se, por vezes, a sensação de uma certa distância, mais evidente à medida que o conflito se expande para uma perspectiva mais global. Mas há, no percurso de cada personagem, todo um conjunto de pequenos sucessos, perdas irreversíveis e gestos de coragem, momentos que compensam esse afastamento ao realçar as características humanas e a individualidade dessas personagens. E nem sempre estas situações se prendem com o conflito propriamente dito, mas acabam por ser, por vezes, esses pequenos momentos o que mais marca.
Ainda um outro aspecto que importa referir é que, partindo de uma relativa dispersão entre várias personagens, a história vai-se concentrando, com o evoluir do conflito, no grupo de Cormac. Disto resulta, por um lado, uma maior intensidade na fase final dos acontecimentos, mas também um conjunto de perguntas sem resposta, não só relativas às razões que motivam alguns acontecimentos, mas principalmente ao que terá acontecido a algumas personagens que vão ficando para trás. Fica, por isso, a impressão de que mais haveria a dizer sobre algumas dessas figuras relevantes, ainda que, na perspectiva global da guerra entre humanos e máquinas, todos os elementos essenciais estejam presentes.
Não sendo, pois, propriamente uma história surpreendente, Robopocalipse apresenta, ainda assim, um enredo cativante, com personagens fortes e um conjunto de momentos particularmente marcantes. Uma boa história, portanto, e uma boa leitura.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Prazer Ardente (Lisa Kleypas)

Passadas três temporadas sem qualquer sucesso no desígnio de arranjar um marido, Daisy Bowman vê-se perante um ultimato. O pai dela não tolera bem o fracasso - e ainda menos as despesas associadas a este fracasso em particular - e, por isso, decidiu que, caso Daisy não arranje um marido até ao final da temporada, ele mesmo lho arranjará. E a sua escolha já está decidida - e, à primeira vista, não é agradável. Matthew Swift, o protegido do pai de Daisy, é tudo o que ela considera indesejável, por lhe associar as características do pai. Mas, no momento em que se reencontram, Daisy descobre que a figura que recordava detestável e um pouco diferente do que pensava. E há algo entre ambos, entre atritos e divergências, que os compele irresistivelmente um para o outro.
Quarto livro de uma série, ainda que a história essencial do casal protagonista surja, toda ela, neste volume, este livro tem como primeiro ponto forte o facto de ter uma forte presença das personagens dos anteriores. Uma dessas personagens é a própria Daisy, evidentemente, pelo que a já presente familiaridade torna mais fácil entrar na sua história e criar empatia para com as suas circunstâncias. Mas sobressai também, e principalmente na fase inicial, em que os conflitos de personalidades são mais evidentes, a intervenção mais ou menos discreta de outras personagens, com ênfase para Lillian e Westcliff, que têm um papel determinante no enredo, mas também para as amigas de Daisy. Destas relações já conhecidas resultam não só vários momentos divertidos, mas um entrelaçar de afectos que complementa o romance central, tornando a leitura bastante mais interessante.
Outro ponto positivo é que, partindo de uma base relativamente previsível, com a passagem dos protagonistas do quase ódio à atracção e depois a algo mais forte, a autora pontua o seu percurso por momentos divertidos e episódios emotivos, criando pequenas surpresas e abrindo caminho para um final particularmente forte. Além disso, há um certo mistério em torno de Matthew Swift que o torna cativante e que, com o evoluir dos acontecimentos, se transforma, ante circunstâncias complexas, numa revelação do que de mais carismático tem a sua natureza. No fim, a história cativa tanto pelos desentendimentos como pela forma como se moldam em amor. Além disso, a tensão da fase final confere ao elemento emocional todo um novo impacto.
Tudo isto é narrado com leveza e fluidez, sem momentos mortos nem pressas exageradas. A escrita é, como a história, equilibrada, com as descrições necessárias e sempre algo de interessante a acontecer, num ritmo sempre agradável e em que a voz que conta a história se adapta da melhor forma ao momento, seja ele de emoção ou de humor.
Leve e divertido, mas com emoção em abundância e um muito agradável toque de mistério, Prazer Ardente é, pois, um livro que não desilude. Uma boa história, escrita de forma cativante e com personagens carismáticas. Muito bom.

Novidade Guerra e Paz

Com a autoria de Clara Queiroz, «Quem Tem Medo de Frankenstein?» vai ser o grande acontecimento literário de Março. Esta biografia, com o subtítulo «Viagem ao Mundo de Mary Shelley», revela a história trágica de uma grande escritora, figura marcante das letras inglesas do início do século XIX.
 Em 392 páginas, com uma escrita viva e apaixonada, Clara Queiroz abre aos leitores o mundo íntimo de uma mulher sensível e de uma cultura e de uma imaginação invulgares. Mary Shelley foi, como este livro mostra de forma profunda, uma mulher determinada a lutar contra um papel social imposto às mulheres, batendo-se pelo seu direito à escrita e à criação.
Clara Queiroz, a autora, é professora e investigadora do Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa. O seu último livro, «Se Não Puder Dançar Esta Não É a Minha Revolução» é sobre a figura de Emma Goldman.
 «Quem Tem Medo de Frankenstein?» chega às livrarias, no dia 19 de Março. Um grande acontecimento editorial.

sábado, 8 de março de 2014

My Secret Fantasies (Joanne Rock)

A vitória num reality show não trouxe a Miranda a paz que ela procurava, mas deu-lhe o dinheiro de que precisava para recomeçar. Em fuga de tudo aquilo que conhece, Miranda espera, agora, encontrar na pequena propriedade que Damien Fraser tem para vender um lugar para construir uma nova vida. O que não espera é descobrir que Damien corresponde na perfeição ao homem dos seus sonhos, em tudo o herói que idealizou para protagonista do romance erótico que está a escrever. Também vindo de Hollywood e tendo virado costas à antiga vida, Damien encontrou na quinta a sua própria paz. Mas a chegada de Miranda vai mudar a serenidade do seu mundo. Ainda que, talvez, não para pior.
Com o romance como centro do enredo e, assim sendo, com a relação entre os protagonistas a surgir como elemento dominante, a história deste livro vive essencialmente de duas coisas: sensualidade e emoção. Não é difícil adivinhar, no que diz respeito à interacção entre os protagonistas, o rumo que a história vai tomar e, por isso, também é bastante fácil prever a conclusão do romance. Assim sendo, em termos de grandes acontecimentos e de conclusões, não são de esperar grandes surpresas.
Mas, mais que o fim do caminho, o que torna esta história interessante é o percurso em si. E, neste aspecto, a história torna-se bastante viciante, com os momentos eróticos a serem complementados com a medida certa de emoção e um agradável toque de humor. Além disso, há algo de especialmente cativante na busca dos protagonistas por uma vida longe da fama, o que cria empatia e, ao mesmo tempo, realça a forma como as suas personalidades se completam.
Também um ponto interessante é o desenvolvimento das questões relativas à fama e ao direito à privacidade. Tanto Damien como Miranda têm um passado de invasão das suas vidas pessoais e uma história comum que os devolve a esse caminho. Esta situação leva, naturalmente, a algumas considerações sobre o preço da fama, tornando as suas histórias mais interessantes e o enredo mais intenso.
Não sendo propriamente uma história surpreendente, mas de leitura leve e envolvente, este livro apresenta, em suma, dois protagonistas interessantes, para os quais constrói uma boa história, com as medidas certas de romance e sensualidade e um bom equilíbrio entre acção e emoção. Uma boa leitura, portanto.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Vitória de Inglaterra (Isabel Machado)

Chegada ao trono com uma determinação inabalável e disposta a moldar o seu reino aos ideais que trazia consigo, Vitória de Inglaterra traz no coração um afecto profundo ao reino de Portugal e à jovem soberana que, em tenra idade, viu pela primeira vez. Mas os anos virão a trazer inúmeras tribulações e perdas insuperáveis, ainda que o afecto de rainha e de mulher deva prevalecer. Um abismo separa, contudo, os interesses dos homens e das diferentes potências das afeições que definem os assuntos de coração. Coroada na flor da juventude, Vitória reinará durante décadas, dividida entre o papel de rainha e o da mulher que quer ser. E, mesmo quando as mais duras tribulações se erguerem, terá sempre Portugal no pensamento. Assim o diz esta sua história.
Um dos primeiros aspectos a chamar a atenção neste livro é a forma como é narrada, em parte na terceira pessoa, mas parcialmente pela voz da própria Vitória. Esta forma de construir a história abre, desde logo, uma perspectiva sobre o fluir dos acontecimentos, já que a voz de Vitória acrescenta um ponto de vista mais pessoal a um todo em que as posições de algumas outras personagens também são relevantes. Sobressai também, desta estrutura, um outro elemento relevante. É que as partes narradas por Vitória são também, na maioria, as que mais dizem respeito à sua vida sentimental, pelo que a narração na primeira pessoa destes episódios - de sucessos, de perdas ou de desilusões - cria uma impressão de maior proximidade, o que contribui em muito para que a leitura se mantenha envolvente.
A nível de contexto histórico, é preciso considerar, em primeiro lugar, que o reinado de Vitória se estende por várias décadas, pelo que há muitos acontecimentos relevantes a mencionar. Neste aspecto, fica, por vezes, a sensação de que alguns temas poderiam, talvez, ter sido mais aprofundados, principalmente no que diz respeito aos acontecimentos na Índia ou em África. Ainda assim, esta brevidade faz algum sentido, tendo em conta que a história se centra mais na figura de Vitória, e não tanto nas acções do reino, como um todo.
E, tendo isto em conta, importa, naturalmente, falar da caracterização da protagonista. Neste aspecto, o que sobressai é o delicado equilíbrio entre o papel de mulher e o de rainha, com todas as dificuldades inerentes em conciliar ambos. Assim, a imagem construída para Vitória é a de uma mulher dividida entre responsabilidades e afectos, nem sempre correcta nas suas escolhas, mas tão forte, nalguns aspectos, como vulnerável nos sentimentos que acolhe. O retrato que fica é o de uma figura humana e complexa, protagonista de grandes momentos, mas também de pequenos episódios marcantes que, pela emoção que contêm, acabam por se contar entre os mais memoráveis.
Tudo isto se conjuga para dar forma a um livro cativante, interessante do ponto de vista do contexto histórico e marcante, principalmente, pela dualidade entre os afectos e as responsabilidades, personificada na sua figura central. Uma boa leitura, portanto. Gostei.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Wolves (Simon Ings)

Quando eram jovens, Michel imaginava o futuro depois do fim dos tempos, e Conrad seguia-lhe as teorias e os preparativos para a luta pela sobrevivência. A passagem dos anos mudou as suas vidas, mas as histórias de possíveis apocalipses permaneceram presentes para ambos. Agora, Michel escreve-as como forma de vida, enquanto Conrad, a trabalhar no meio da Realidade Aumentada, as torna reais ante os olhos dos seus clientes. Mas, no reencontro que ocorre passados tantos anos, o que deve acontecer e o que será da sua relação é, inevitavelmente, um mistério. Juntos no seu trabalho, é possível que tenham uma fortuna há espera. Mas há, no passado, segredos por revelar…
Importa dizer, antes de mais, sobre este livro, que não é uma leitura fácil. Alternando entre o presente e o passado dos protagonistas, torna-se, por vezes, um pouco confuso, pelo que requer atenção constante para assimilar todos os pormenores. Além disso, o cenário em que a história decorre pode ser, a espaços, bastante estranho, com a sua mistura de normal e de surreal. Reconhecer o real e assimilar os vários conceitos subjacentes requer uma boa medida de concentração.
Dito isto, a história é muito interessante. Não uma leitura compulsiva, principalmente porque tudo é estranho, a início, mas uma história que se torna mais cativante e interessante à medida que as personagens se começam a revelar, bem como o que escondem e o que desejam. A narração do passado dá às suas personalidades uma nova perspectiva, enquanto que a relação entre eles, e com os que os rodeiam, levanta novas questões sobre quem são e o que fizeram. E, quanto ao mundo em que vivem, feito de uma realidade crua e da tecnologia para lhe fugir, levanta uma série de questões relevantes, principalmente acerca de expectativas e realidades.
E, depois, há a escrita, aparentemente sem grandes complexidades, mas surpreendendo, por vezes, com algumas frases ou a construção de um episódio de maior impacto, quer a nível emocional, quer simplesmente inesperado. Há, na verdade, algumas frases brilhantes ao longo do livro, o que torna o fluir da narrativa bastante mais impressionante.
A soma de tudo isto é um livro interessante, com uma boa história e uma cativante fusão entre o estranho e o intrigante. Envolvente e surpreendente, uma boa leitura.

O Estranho Caso de Benjamin Button (F. Scott Fitzgerald)

Estranhezas e impossíveis como base para algumas considerações sobre a natureza humana e o que a define: assim se poderia explicar a linha geral que une os quatro contos incluídos neste livro. Contos em que o peculiar e o improvável são, em muitos aspectos, dominantes, mas que, aliados a uma escrita sempre cativante e a enredos intrigantes e envolventes, oferecem sempre algo de interessante a considerar. Diferentes na história e nos protagonistas, todos eles têm estes elementos em comum e bastam para que a leitura valha a pena. Mas vamos por partes.
Em O Diamante Tão Grande Como o Ritz, um jovem estudante trava amizade com o filho de um homem incrivelmente rico, mas cujos segredos são também vastos e inimagináveis. Bastante descritivo, mas magnificamente escrito, este conto, de longe o melhor do conjunto, conjuga uma interessante reflexão sobre a riqueza com um enredo envolvente, num ambiente que, a princípio, parece quase mágico, mas que se vai transformando.Um pouco surreal, é a estranheza que define o ambiente deste conto, contrastando com a quase normalidade com que tudo é descrito. Esta leveza realça, também, o impacto de um lado sombrio que vai sendo revelado e que abre caminho para um final impressionante.
Segue-se O Estranho Caso de Benjamin Button, história de um recém-nascido com o aspecto de um septuagenário e da sua vida enquanto cresce - e rejuvenesce. Peculiar, como seria, aliás, expectável, tendo em conta a premissa do conto, mas cativante, surpreende principalmente pela forma como considera as diferentes reacções da sociedade ante a diferença. Bizarro por natureza, não deixa, ainda assim, de ser relevante na forma como coloca as personagens a aspirar à normalidade, mesmo quando isso implica ignorar os factos. Perde um pouco pela forma apressada como percorre algumas das fases da vida de Benjamin, mas compensa com a emotividade de um final melancólico e marcante.
O Tarquínio de Cheapside trata de uma perseguição falhada e da busca de refúgio junto de um afamado leitor. Intrigante, com uma aura de mistério quase irresistível, cria expectativas e um ambiente de tensão, mas, quanto às razões para perseguição e fuga, tudo ou quase tudo é deixado por explicar. Interessante quanto baste, acaba por ser demasiado vago.
Por último, Ó Bruxa do Cabelo Avermelhado! fala de um amor platónico entre o funcionário de uma livraria e uma mulher misteriosa, e de como, de absurdo em absurdo, a vida passa. Envolvente e com um ambiente de certa estranheza que, precisamente pelo que tem de improvável, se torna intrigante, também este é um conto bastante descritivo e, por vezes, um pouco confuso. Ainda assim, o mistério em volta de Caroline mantém a envolvência e a vontade de saber mais, enquanto o enredo se encaminha para o final surpreendente que, deixando muitas questões por responder, culmina, apesar disso, numa grande revelação.
O que fica destas quatro histórias, tão peculiares como intrigantes, é, em suma, a impressão de um conjunto surpreendente, repleto de estranheza, mas pautado também por várias considerações relevantes. Agradável de ler, cativante, na generalidade, e com alguns episódios memoráveis, uma boa leitura.

quarta-feira, 5 de março de 2014

O Ano em que Me Apaixonei por Todas (Use Lahoz)

Aos vinte e nove anos, Sylvain está longe de ter a vida responsável e serena que julga que devia ter, na sua idade. Preso a uma relação passada, não consegue definir-se no que deseja do amor e, por isso, muito do que vive são desilusões. Agora, está decidido a recuperar essa relação que o mantém obcecado. Por isso, parte para Madrid, onde deverá ficar um ano e onde espera reencontrar Heike e recuperar ou esquecer o que tinham em comum. Mas não é assim tão simples. Entre novas amizades e as sempre presentes dúvidas, as indecisões de Sylvain continuam a ser uma constante. E, ao encontrar um manuscrito com uma história de amor, cujas figuras centrais desconhece, mas talvez venha a conhecer, começa a ponderar no que realmente quer que seja a sua vida.
Com um toque de surreal e alguns impossíveis a fazerem parte da vida e história das personagens, a primeira impressão que passa deste livro é de estranheza, de um lado improvável que quase transporta a história para outro mundo. Este tom peculiar confere à história uma certa leveza, algo de diferente que se vai manter ao longo do enredo e que, não sendo o seu centro, torna o ambiente um pouco diferente e que, por isso, desperta curiosidade. 
Mas a esta estranheza junta-se-lhe também uma certa medida de normalidade, ou da normalidade possível nas aventuras da juventude, e é do contraste entre ambas que nasce a envolvência que, mesmo nos momentos mais estranhos, mantém viva a vontade de acompanhar as tribulações e as aventuras do protagonista. Neste, aspecto, sobressai a emotividade, patente mesmo nas tais fases indecisas, mas especialmente marcante numa fase final que compensa amplamente toda a estranheza, culminando numa conclusão particularmente bem conseguida.
Ainda um outro ponto forte diz respeito à conjugação entre a história do próprio Sylvain e a que ele encontra e que diz respeito a Metodio Fournier. Interessantes individualmente pelos respectivos percursos, as duas histórias complementam-se pelas semelhanças e diferenças que contêm e, numa fase mais avançada, pela forma como se cruzam na realidade. Das histórias de ambos, é possível estabelecer paralelismos e divergências, tanto em escolhas e acções como nos traços que os caracterizam. E, por ser a história de ambos, e por tudo o que os aproxima, apesar das diferenças, a história deste livro torna-se um pouco maior, crescendo em envolvência ao ritmo do crescimento do próprio Sylvain.
Com tanto de peculiar como de surpreendente, O Ano em que Me Apaixonei por Todas apresenta uma história emotiva, com ternura quanto baste e um enredo que cativa tanto pelos improváveis como pelo que de universal há na vida das suas personagens. Leve e cativante, uma boa surpresa. Muito bom.

Novidade Topseller

Uma ex-namorada assassinada. Investigações à margem da lei.
A Private é a agência de investigação mais eficiente do mundo, criada para resolver de forma discreta os problemas dos ricos e poderosos. Jack Morgan, antigo fuzileiro naval e agente da CIA, é o seu dono. Os agentes da Private são os mais inteligentes e rápidos, e dispõem das tecnologias mais avançadas.
Desta vez, é o próprio Jack Morgan que se torna o principal suspeito da morte da sua ex-namorada. Ao mesmo tempo que é vigiado pela polícia, a Máfia obriga-o a recuperar 30 milhões de dólares em material farmacêutico roubado, e a bela presidente de uma cadeia de hotéis pede-lhe que investigue uma série de assassínios ocorridos nas suas propriedades. Numa luta contra o tempo para provar a sua inocência, Jack tem de enfrentar os inimigos mais fortes e inteligentes de sempre.

James Patterson é, segundo o Guinness World Records, o autor que mais livros colocou no topo da lista de bestsellers do New York Times. Desde que o seu primeiro romance venceu o Edgar Award, em 1977, os seus livros já venderam mais de 295 milhões de exemplares. Para além do sucesso alcançado com os seus policiais e romances para adultos, James Patterson escreveu também diversos livros de grande êxito para jovens, entre os quais estão as séries Confissões, Maximum Ride, Escola e Eu Cómico. Em Portugal, James Patterson é publicado pela Topseller (Alex Cross, Private, NYPD Red,Confissões,Maximum Ride e Primeiro Amor) e pela Booksmile (séries juvenis Escola e Eu Cómico). 

Passatempo Half Bad - Entre o Bem e o Mal

O blogue As Leituras do Corvo, em parceria com a Editorial Presença, tem para oferecer um exemplar do livro Half Bad - Entre o Bem e o Mal, de Sally Green. Para participar basta responder às seguintes questões:

1. Como se chama o portagonista deste livro?
2. Onde vive a autora Sally Green?
3. Para quantos países se encontram vendidos os direitos de tradução deste livro?

Regras do Passatempo:
- O passatempo decorrerá até às 23:59 do dia 16 de Março. Respostas posteriores não serão consideradas.
- Para participar deverão enviar as respostas para carianmoonlight@gmail.com, juntamente com os dados pessoais (nome e morada);
- O vencedor será sorteado aleatoriamente entre as participações válidas;
- Os vencedores serão contactados por email e o resultado será anunciado no blogue;
- O blogue não se responsabiliza pelo possível extravio do livro nos correios;
- Só se aceitarão participações de residentes em Portugal e apenas uma por participante e residência.

Para mais informações, consulte o site da Editorial Presença aqui.