Quando os Outros chegaram, com a sua grande nave no céu, todos se perguntaram porque teriam vindo e o que se seguiria: se alguma espécie de contacto, se uma investida sem tréguas. O que ninguém quis imaginar foi uma detalhada e faseada estratégia de extermínio. Mas, depois de Quatro Vagas e da morte de uma vasta maioria da população humana, torna-se difícil negar os factos. Para os que restam, cada dia é uma luta pela sobrevivência, sem saber se ainda há outros humanos na Terra ou se aqueles que encontram são realmente humanos. Mas o plano dos Outros ainda está longe de terminado. E a Quinta Vaga, quando começar, poderá destruir ainda mais da confiança que resta.
De ritmo intenso, com acção constante e um grande mistério construído em torno dos Outros, de quem são e dos seus planos, este é um livro que facilmente se torna viciante. Ao abrir a história depois da Quarta Vaga, recuando, depois, através das memórias das personagens, para dar a conhecer o caminho até esse ponto, cria-se, desde logo, uma sensação de tensão e de perigo, o que de imediato desperta a curiosidade em saber mais. Além disso, o facto de a história ser narrada na primeira pessoa (por diferentes personagens) cria uma maior proximidade, já que os medos e pensamentos das personagens estão em evidência, bem como aquilo que viveram.
Daqui surge, aliás, um elemento surpreendente. É que, sendo, no fundo, uma batalha pela sobrevivência da humanidade (ou do que dela for possível salvar), o conflito torna-se, em certa medida, algo de pessoal para os protagonistas. As perdas passadas, as mortes inevitáveis ou aqueles que precisam de encontrar funcionam, muitas vezes, como o verdadeiro motivador dos protagonistas. Isto é, também, algo que os aproxima, que desperta uma maior empatia. E é também algo que os humaniza, o que se torna particularmente relevante, dada a forma como certos acontecimentos evoluem.
Em termos de caracterização, também acaba por ser este lado pessoal a sobressair. Há também uma boa base de desenvolvimento no que diz respeito aos Outros, ainda que fiquem também bastantes perguntas sem resposta. Mas também destes, e mais ainda que a capacidade de manipulação na construção do seu plano, as principais revelações surgem de um elemento individual, elemento este que, com o seu posicionamento ambíguo em toda a situação, acaba por criar uma nova perspectiva para o que acaba por ser uma guerra com dois lados (aparentemente) bem definidos.
Intenso e repleto de acção, mas intrigante e emotivo em igual medida, este é, pois, um livro que surpreende desde o início, para logo em seguida se tornar numa leitura compulsiva. Personagens fortes, uma boa história e muitas possibilidades interessantes para o que se seguirá fazem, por isso, de A 5ª Vaga um início muitíssimo promissor. Muito bom.
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