Poucos dias antes do casamento, Poppy Wyatt está em pânico. Acaba de perder o anel de noivado, uma herança de família do noivo e uma jóia de considerável valor. E, como se não bastasse, em pleno momento de crise, o seu telemóvel é roubado. Por isso, quando encontra um telemóvel esquecido no caixote do lixo do hotel, Poppy pensa que está perante um golpe de sorte. O problema é que o telemóvel tem dono. Pertence à empresa de Sam Roxton e foi abandonado pela sua assistente, que se despediu à pressa. Agora, a única forma de Poppy preservar o telemóvel - que parece ser a única salvação possível na tentativa de encontrar o anel - e estabelecer contacto com Sam e tratar de lhe reencaminhar os assuntos que lhe chegarem ao telemóvel. Mas, entre os preparativos para o casamento, alguma intervenção bem-intencionada na vida de Sam e uma outra crise prestes a rebentar, Poppy está prestes a descobrir que a perda do anel é apenas uma pequena parte dos seus problemas.
Leve e descontraído e com um enredo repleto de situações caricatas, este é um livro que tem no humor o seu grande ponto forte. Numa história que é feita, em grande medida, de mal-entendidos e das inevitáveis consequências, a história de Poppy está cheia de incidentes peculiares. E estes incidentes, narrados com leveza e relativa simplicidade, proporcionam uma leitura divertida, à qual o ocasional momento emotivo acrescenta também um agradável toque de empatia para com as personagens.
Também interessante neste livro é que, para além do romance improvável, há um elemento intrigante no desenvolvimento da vida profissional de Sam. As intrigas a decorrer na sua empresa, com a forma como se Poppy se vê envolvida, acrescentam um pouco mais de intensidade ao enredo, ao mesmo tempo que, de forma discreta, introduzem um lado sério (mas não demasiado) que torna a história mais equilibrada. Claro que este acaba por ser um elemento relativamente secundário, o que deixa a impressão de que mais poderia ser dito sobre o assunto. Ainda assim, acaba estar na base de uma das melhores partes da história.
Quanto aos episódios caricatos, surgem em abundância. E, se a vasta maioria deles faz sentido, há alguns que parecem ser algo exagerados. Não deixam de ser divertidos quanto baste, mas acabam por parecer um pouco forçados, o que prejudica um pouco a caracterização das personagens - de Poppy, em particular.
Por último, falando das personagens, há, nalguns aspectos, um pouco de exagero, mas há também um lado positivo que sobressai. É que, entre Sam, o homem de poucas palavras e aparentemente indiferente, e Poppy, efusiva e ansiosa por agradar, surgem duas personalidades que se completam à medida que aprendem um com o outro. E isto acaba por ser particularmente interessante tendo em conta a forma como as coisas acabam para ambos.
Cativante e divertido, Tenho o teu Número pode ter, por vezes, os seus momentos de exagero, mas não deixa de proporcionar uma leitura leve e agradável. E, com alguns episódios inesperados e um toque de sentimento a surgir por entre a estranheza, acaba por ter também as suas boas surpresas. Tudo somado, a impressão que fica é a de uma boa leitura para descontrair. Gostei, portanto.
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