Loch tem como máxima ambição vingar-se do homem que matou a
sua família. Mas isso não é propriamente um objectivo fácil, principalmente
estando presa. Ainda assim, Loch é uma mulher de recursos e, com a ajuda de
Kail, o único a quem confiaria a vida sem hesitar, ela define um plano de
evasão. Mas fugir é apenas o primeiro passo. O plano é regressar ao centro da
República, o mesmo lugar de onde fugiu, e recuperar um objecto que é, por
direito, parte da sua herança. E, para fazer isso, Loch precisa de uma boa
equipa. Então, com os seus diversos talentos e personalidades invulgares, o
grupo poderá entrar em Heaven’s Spire, não apenas para recuperar o manuscrito,
mas também para se encontrar no centro de uma profecia que lhes exige que
intervenham no destino da República.
Um dos aspectos mais cativantes deste livro é o facto de ser
bastante intenso, com muita acção e sempre muita coisa a acontecer, mas sem
nunca perder a leveza. A diversidade de elementos na equipa é, por si só, razão
para muitos momentos divertidos. E, à medida que a relação - e o conhecimento
que têm uns dos outros - evolui do ligeiro desconforto ao verdadeiro
companheirismo, as coisas tornam-se sempre mais e mais divertidas. Ainda que
também mais perigosas para os protagonistas.
Também interessante é o desenvolvimento a nível de contexto
e caracterização. Este está muito longe de ser um livro descritivo e, por isso,
os elementos de contextualização – quer do mundo quer das personagens – surgem explicados
gradualmente e ao ritmo do decorrer da acção. Disto resulta um ritmo mais
rápido e, ao mesmo tempo, uma impressão de mistério relativamente a Loch e aos
restantes membros da equipa, bem como à forma como se enquadram no sistema.
Apesar de ser, no essencial, uma leitura leve, há, neste
livro, algumas questões relevantes. A primeira é, claro, a do racismo, com os
Urujar e os Imperiais a serem olhados de cima pelos elementos da República. Ainda assim, a forma como Loch – e, em menor
grau, outras personagens – lidam com isso tem um encanto especial. Além disso,
o resultado das suas acções para com a República acabam por resultar na
resposta perfeita.
A outra questão prende-se com as consequências de ter um
líder disposto a tudo para preservar ou aumentar o seu poder. Silestin é um
muito bom exemplo das consequências de cruzar certos limites, com o acordo que
estabelece a provar bem esse facto. Por outro lado, a inocência de Dairy mostra
o outro lado dessa forma de estar. Este equilíbrio de opostos acaba por
contribuir em muito para que o final se torne mais impressionante.
Somados todos estes elementos, o que fica deste livro é,
essencialmente, a impressão de uma leitura leve e envolvente, repleta de acção
e com a medida certa de humor. E também a de uma história de inocência e de
coragem, de poder e justiça, de ambição e de sacrifício. Muito bom, em suma.
Tive a oportunidade de ler este livro graças à organização dos David Gemmell Legend Awards. Obrigada!
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