Em tempos, Constance escolheu o dever em vez do amor e resignou-se ao casamento acordado pela sua família, para manter a paz. Consigo, guardou a memória de perigos que se transformaram em paixão e o segredo que lhe restou desses dias. Agora, muitos anos passados, a sua única filha cresceu para se tornar uma mulher e muitas atenções convergem para ela, ou não fosse Leonor a herdeira de Águas Santas. Mas nem todas as atenções são desejadas e, de todas, a mais perigosa é a de Tomás Rebelo. Odiado por muitos, mas com grande influência junto do rei, Tomás Rebelo cobiça a posse de Águas Santas e está disposto a tudo para a obter. E é possível que nem todas as forças sejam suficientes para combater um homem cujo poder não é apenas aquele que todos lhe reconhecem.
Primeiro volume de uma nova história, o que primeiro cativa para este livro é que permite reconhecer, desde logo, os pontos fortes que cativaram na Saga das Pedras Mágicas, mas também algo de diferente, que intriga e desperta curiosidade para este novo cenário.
As diferenças notam-se, em primeiro lugar, no contexto histórico, que surge, numa fase inicial como elemento dominante. A magia, por sua vez, é um elemento que vai surgindo de forma gradual, em harmonia com o avolumar de uma situação cada vez mais sombria e perigosa. Cria-se assim, entre os dois elementos, mágico e mundano, um equilíbrio interessante, em que as revelações vão surgindo, aos poucos, de entre uma aura de mistério que nunca deixa de cativar.
Também a nível de caracterização de personagens há um bom equilíbrio, com figuras que facilmente despertam empatias a contrastar com um vilão que tanto consegue inspirar ódio como manipular com o seu carisma. Há, é claro, figuras que permanecem envoltas em mistério. Mais haverá a dizer sobre elas, seguramente, no segundo volume. Mas, deste conjunto de personalidades tão diferentes, e dos papéis relevantes que têm a desempenhar, cria-se uma base de proximidade que aumenta em muito a intensidade emocional dos grandes momentos.
E é também essa intensidade emocional que importa referir como um outro ponto forte deste livro. A história surge a um ritmo inicialmente pausado, mas em que certas circunstâncias criam, à partida, a curiosidade em saber mais, e cresce em impacto a cada nova reviravolta das circunstâncias. Dos perigos, dos momentos de conflito e das situações de perda surgem episódios verdadeiramente intensos. Além disso, se há força na forma como as personagens encaram as provações, há também vulnerabilidades que as humanizam, sendo Leonor o melhor dos exemplos disso. E, a partir daí, há também espaço para crescer, o que promete muito de bom para o volume que se seguirá.
Com um novo cenário e novas personagens, mas com a mesma escrita envolvente que é característica da autora, O Olhar do Açor apresenta uma história cativante, repleta de momentos marcantes e que promete ainda muito de bom para o que falta contar. Muito bom.
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