domingo, 20 de julho de 2014

A Vida Secreta de Stella Bain (Anita Shreve)

1916. Uma mulher desperta num hospital de campanha, ferida, ainda que aparentemente sem gravidade, e sem outra memória que não a de um nome que julga seu, mas que lhe parece estranho. Stella Bain não sabe quem é nem como chegou àquele cenário de guerra. Tem apenas memórias vagas, sem grande sentido. Mas basta o reconhecimento de uma palavra para a lançar numa busca por quem é. Do Marne, Stella parte para Londres. Aí, encontra ajuda onde menos espera, um ponto de partida para uma dura caminhada... e a resposta para quem verdadeiramente é.
Um dos aspectos mais cativantes deste livro é a forma como a autora conjuga um estilo de escrita simples, sem grandes elaborações e com uma forma de contextualização que é feita ao ritmo dos acontecimentos, com a emotividade e a empatia facilmente geradas pelas circunstâncias da protagonista. A história de Stella Bain, enquanto mulher sem memória e, depois, como a pessoa que realmente é, está repleta de momentos difíceis, quer no percurso da sua vida pessoal, quer nas experiências vividas durante a guerra. E acaba por ser esta forma directa de apresentar as coisas que lhes realça o impacto, já que as circunstâncias acabam por falar por si próprias.
Mas a mulher que aqui é apresentada como Stella Bain não é uma personagem nova dos romances da autora e este livro é, afinal, uma sequela para um outro romance. O que acontece, portanto, é, por vezes, a impressão de alguma falta de informação relativamente ao passado da protagonista. A história propriamente dita faz todo o sentido, mesmo não tendo lido o outro livro, mas, quanto à caracterização, ficam questões em aberto que, possivelmente, terão a sua resposta na outra parte da história.
Apesar disso, e independentemente das ligações passadas, o essencial da história da protagonista, do despertar para o vazio até à descoberta da identidade, está bem presente. E, ao longo deste percurso, há um vasto conjunto de momentos marcantes, de tristeza e de ternura, de perda e de superação. Momentos que são mais que suficientes para manter, desde o início e até às últimas linhas, a envolvência da leitura.
A soma de tudo isto é uma história que, contada de forma simples, marca pelo percurso da protagonista, pela emotividade dos grandes momentos e pelo enquadramento da luta individual num cenário de demasiada perda. Uma boa leitura, em suma.

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