domingo, 7 de dezembro de 2014

Gata Branca (Holly Black)

Ao despertar no telhado do colégio depois de um episódio de sonambulismo, Cassel Sharpe percebe que a normalidade que tanto lutou para construir acaba por cair por terra. Apesar de pertencer a uma família de manipuladores de maldições, Cassel parece ser o único sem qualquer capacidade. Mas, apesar disso, guarda um segredo sombrio que o deixou numa posição vulnerável perante a sua família. Agora, a sua aventura nocturna acaba de lhe granjear uma expulsão do colégio e o regresso ao não muito harmonioso seio familiar. O que Cassel está longe de imaginar é que, por detrás das sempre presentes promessas de protecção da família, está um plano capaz de revelar tudo o que Cassel não sabe sobre si mesmo e o que lhe aconteceu.
Narrado na primeira pessoa pela voz de Cassel, este livro tem como um dos primeiros pontos fortes a sobressair (e são vários) a forma como, em poucos parágrafos, se desperta curiosidade e empatia para com o protagonista. E isto é interessante, em primeiro lugar, pela situação delicada em que Cassel se encontra, o que desperta a vontade de o saber que razões o puseram lá, e depois pela forma como a sua personalidade se desenvolve. É que a percepção que Cassel passa de si própria é tudo menos simples e directa. Ora parece quase inocente, ora se apresenta como um vigarista experimentado. E, entre um ponto e o outro, surgem, aos poucos, as muitas facetas de Cassel e do mundo em que se move.
O que me leva a outro ponto particularmente bem conseguido: o cenário. A ideia dos manipuladores de maldições, com a história que lhes está associada e um enquadramento muito bem construído na sociedade dita normal, surge como uma base riquíssima para uma história com muito potencial. E a autora desenvolve isto de forma muito equilibrada, já que, ainda que seja Cassel o centro da história, as particularidades do mundo que o rodeia nunca ficam por explicar.
Também no enredo sobressai o equilíbrio entre uma linha de acontecimentos em que o perigo e a surpresa são os elementos dominantes, com a percepção das coisas a mudar a cada nova descoberta, mas em que há espaço para um pouco de tudo, desde a descoberta da amizade à esperar de um amor longamente escondido, sem esquecer uma teia de relações familiares, no mínimo, atribuladas. Tudo conjugado com uma naturalidade cativante e descrito com uma fluidez que faz com que as páginas passem com - também, como tudo o resto neste livro, surpreendente - facilidade.
Com um protagonista carismático, mas, apesar de tudo, humano nas suas vulnerabilidades, no centro de uma história cheia de surpresas, este é, pois, o início de uma história que promete, para os próximos volumes, ainda muito para descobrir. Cativante, com um sistema interessante e um notável equilíbrio entre todos os elementos, um livro muito bom. Recomendo.

Para mais informações sobre o livro Gata Branca, clique aqui.

1 comentário:

  1. Olá :)

    Já li vários comentários positivos sobre este livro. Começo a ficar curiosa!

    Boas leituras

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