A descoberta de um manuscrito antigo, que parece pôr em causa as regras da Igreja, desperta a polémica entre os poderosos. Para os que defendem o fim do celibato e um papel mais activo da mulher na Igreja, o manuscrito pode ser a arma que faltava. Para os mais conservadores, é um perigo a eliminar a todo o custo. No centro de tudo, Valéria Del Bosque e Luís Borges contam com aliados poderosos para desempenhar a sua missão de recuperar o manuscrito. Mas também com poderosos inimigos...
Com as mesmas características do anterior Inferno no Vaticano, este é um livro que, tal como o anterior, deixa sentimentos ambíguos, já que apresenta vários pontos fortes e também algumas fragilidades. E também estes são, em grande medida, os mesmos do anterior, ainda que, nalguns casos, se note uma clara evolução.
Começando pelos pontos fortes. Mais uma vez, a escrita leve e directa faz com que a leitura nunca deixe de ser agradável. Juntem-se a isto alguns momentos particularmente bem conseguidos e uma premissa bastante interessante, e temos o suficiente para que a leitura não deixe de ser cativante, apesar dos pontos fracos. E, falando na ideia que serve de base à história, sobressaem dois elementos: primeiro, a presença do manuscrito perdido como forma de veicular uma mensagem inegavelmente positiva, e, segundo, a conjugação de diferentes forças em conflito como base para um enredo em que são os acontecimentos o centro de tudo.
É precisamente deste foco na acção que emerge a principal fragilidade. Se o facto de haver sempre alguma coisa a acontecer contribui em muito para conferir ao enredo um ritmo intenso, fica, ainda assim, a impressão de outros aspectos que ficam por desenvolver. Acima de tudo, há a questão das personagens, que nunca chegam a dar-se verdadeiramente a conhecer, e cujas circunstâncias, nalguns casos, são deixadas por explicar. Claro que a história pessoal dos protagonistas é secundária relativamente ao contexto global, mas, apesar disso, teria sido interessante saber mais, não só para conhecer melhor as personagens, mas também para que as suas interacções parecessem um pouco menos forçadas.
A impressão que fica, portanto, é a de uma história que poderia ter sido algo de muito mais vasto, mas que, apesar disso, proporciona uma leitura agradável e interessante. Sobressaem, portanto, a acção e a mensagem, numa leitura que, apesar das muitas perguntas sem resposta, consegue, ainda assim, cativar.
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