Novamente separados, Eliah e Matilde estão determinados a esquecer o que viveram juntos e a seguir cada um o seu caminho. Ainda a recuperar do que aconteceu no Congo, Matilde sabe que magoou Eliah, mas não consegue engolir o orgulho que se ergue entre ambos. O mesmo acontece com Eliah que se tenta convencer de que a sua obsessão por Matilde só lhe fará mal. Mas o amor fala mais alto e, por mais que tentem seguir caminhos diferentes, os seus pensamentos continuam presos um no outro. E, sem que saibam bem como, os perigos e as ameaças que os rondam conspiram também para voltar a unir aquilo que o orgulho separou.
Volume final da longa e tortuosa jornada de Eliah e de Matilde, este é um livro em que, tal como nos anteriores, o amor é a força dominante, mas o enredo é algo muito mais complexo que a simples história de uma relação conturbada. Há um cenário de mudanças iminentes em redor dos protagonistas, um contexto em que as grandes questões condicionam e completam a história pessoal das personagens. E em que, desde o conflito israelo-palestiniano ao potencial de destruição de um ataque nuclear, passando ainda por outras circunstâncias de conflito já abordadas nos volumes anteriores, mas cujas repercussões se estendem a este terceiro livro, evoca - nas personagens e no leitor - um conjunto de questões relevantes.
É do equilíbrio entre as circunstâncias delicadas que caracterizam o contexto global e a também delicada e conturbada relação entre os protagonistas que surge a intensidade que torna esta história tão cativante. A vida de Matilde é tanto a de mulher de Al-Saud como da médica capaz de mudar o rumo de um conflito. E a de Eliah é tanto a do homem obsessivamente apaixonado como a do antigo soldado de volta a uma missão quase suicida.
Há todo um vastíssimo conjunto de elementos - acontecimentos, acções, personalidades - que se conjugam numa história intensa e equilibrada, em que a intensidade das situações de perigo se associa aos episódios mais comoventes ou aos momentos mais sensuais. Tudo nas medidas certas, com situações de levar às lágrimas ou ao riso e personagens que, com um papel mais ou menos discreto, mas sempre relevante, expandem e completam a história dos protagonistas.
Sendo este livro a conclusão da trilogia, é também aqui que tudo se encaminha para as respostas finais. E tudo tem, de facto, uma resposta, seja na história de Eliah e Matilde, seja nas dos que os rodeiam. Para todos há um final e alguns deles são inesperados, mas todos, de uma forma ou de outra, acabam por ser os mais adequados. E é também por isso que esta história fica na memória. Porque, no fim da aventura, fica a sensação de um capítulo que se encerra na vida das personagens, e a ideia de que algo de melhor os espera a seguir.
Intenso e emocionante, este é, portanto, o livro que dá às personagens carismáticas a que a autora já nos habituou a conclusão perfeita para as suas longas e fascinantes aventuras. Marcante e memorável, uma conclusão mais que satisfatória. Brilhante.
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