terça-feira, 12 de maio de 2015

Eve e as Trevas (Sylvia Day)

Passaram dez anos desde a noite que passou com Alec Caim e as consequências desse momento só agora se fazem sentir. E tudo começa com o que devia ser uma perfeitamente normal entrevista de emprego, mas que acaba por ser um breve episódio escaldante nas escadas do edifício, do qual decorre a recepção da Marca de Caim. Ora, Eve nem sequer é crente e está longe de imaginar o que a espera. É que, escolhida para dar caça aos demónios no seio de um sistema meticulosamente organizado, Eve não só acaba de perder a vida tal como a conhecia, mas também de se tornar no centro de um triângulo amoroso de proporções bíblicas.
A primeira coisa a chamar a atenção para este livro é, inevitavelmente, a premissa. Sendo sobejamente conhecida a história bíblica da rivalidade entre Caim e Abel, a ideia de um triângulo amoroso envolvendo estas duas personagens, ao mesmo tempo que as suas ligações e... aversões... são contadas de uma perspectiva diferente não pode deixar de ser um bom ponto de partida. E é-o, de facto, e tão mais interessante por colocar os dois irmãos num cenário bastante peculiar, em que a caça aos infernais é feita num sistema empresarial e em que o papel de ambos em toda a situação não é tão claro como seria de esperar. 
É este o ponto de partida para uma história em que acção e sensualidade são elementos igualmente dominantes. A relação passada de Eve com Caim, e a forma como tudo começa no seu contacto com Abel, implicam uma elevada medida de erotismo na forma como certas ligações se desenvolvem, mas, apesar disso, continua a haver missões a desempenhar e e inimigos a combater, o que faz com que, aos elementos de sensualidade - e, sim, aos ocasionais laivos de romantismo - se junte uma boa medida de acção e intriga que em muito contribui para tornar as coisas mais interessantes. Claro que nem tudo fica esclarecido, ou não fosse este apenas o primeiro volume da série. Ainda assim, o que é revelado é mais que o suficiente para manter viva a curiosidade em saber mais.
Quanto ao desenvolvimento das personagens, ficam, em certos aspectos, sentimentos ambíguos, já que há muito da história dos dois irmãos antes de Eve que permanece envolta em mistério. Ainda assim, apesar do ocasional episódio mais exagerado e das perguntas que ficam ainda por esclarecer, há na relação entre os dois irmãos e Eve uma estranha impressão de proximidade, já que, para cada momento mais brusco ou menos empático, há uma situação mais emotiva ou enternecedora que compensa o afastamento dos episódios anteriores. Além disso, entre as personagens sumamente detestáveis e as absolutamente adoráveis, há toda uma vastidão de possibilidades a explorar e uma discreta, mas relevante, base para ponderação sobre a questão das escolhas e das suas consequências.
O que fica, portanto, deste Eve e as Trevas é a impressão de um início muito promissor, com uma premissa interessante, personagens carismáticas e uma história que, leve quanto baste, mas com muito potencial, cativa desde o início e promete muito de bom para o que se seguirá. Uma boa leitura, em suma. 

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