Dificilmente as coisas podiam ficar piores… mas estão
prestes a piorar. A chegada de um grupo de mercenários, completamente armados e
prontos a limpar Perdition dos seus habitantes lança o lugar no caos. E pior. O
comandante dos mercenários promete perdões aos últimos cinco sobreviventes,
caso estes ajudem a eliminar os outros condenados. É este o cenário em que Dred
tem de combater. Mas, com novos inimigos no exterior e velhas ameaças no
interior, não sabe em quem pode confiar. E Jael… Apesar de ter dado provas mais
do que suficientes da sua lealdade, parece estar a derrubar as suas barreiras.
E não é agora o melhor momento para mostrar o seu lado humano.
Se o primeiro volume desta série tinha muito de bom para
descobrir, Havoc leva tudo isso a um novo nível. Novos inimigos, intrigas no
interior, acção e tensão em rota de colisão com um algo desejado laivo de
afecto a crescer entre os protagonistas… Há sempre alguma coisa a acontecer
nesta história, e é precisamente isso que a torna tão viciante. As diferentes
forças em conflito providenciam material mais que suficiente para uma série de
batalhas intensas, conspirações intrigantes e uma crescente necessidade de agir
que se expande da simples necessidade de sobreviver a uma razão mais forte para
lutar.
Mas se o ritmo intenso dos acontecimentos é mais que
suficiente para satisfazer o leitor, há, ainda assim, muito mais para
descobrir. E grande parte – mas não tudo – vem de Dred e Jael e da sua
estranhamente envolvente relação. Ambos estão quebrados e prontos a ser traídos…
outra vez. E, contudo, tudo neles que os puxa um para o outro. Ainda mais
interessante é a forma como a autora desenvolve a relação entre ambos, com as
medidas certas de tensão, sensualidade, amizade e profundo afecto. E é isso que
faz com tudo pareça tão natural. Há paixão a nascer entre ambos, mas ainda
estão no meio de uma guerra, o que significa que há mais factores a considerar.
E, ao ultrapassar as dificuldades, os protagonistas tornam-se mais fortes – o mesmo
sucedendo com a sua relação.
Também o facto de haver outras relações a surgir contribui
para tornar a história viciante. Nem tudo é sobre Jael e Dred, mas também sobre
os seus aliados e inimigos. E há outras personagens a revelar-se,
protagonizando até alguns dos momentos mais impressionantes. Além disso, ao
ganharem uma maior relevância, personagens como Martine e Calypso servem de
base a um novo conjunto de relações. De amizade, de companheiro, de uma certa
dedicação… Também elas fazem parte de Queensland e, por isso, contribuem também
para tornar mais complexa a sua aventura.
Tudo isto se conjuga em mais um livro muito bom, intenso e
viciante, com personagens memoráveis a fazer o melhor que conseguem num cenário
incrivelmente perigoso. Um livro onde acção e emoção – e o toque exacto de
humor – dão forma a uma história perfeitamente equilibrada, e que promete ainda
mais para o último livro. Mal posso esperar para ver o que se segue.
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