Sophia nunca foi de grandes romantismos nem nunca se imaginou a viver uma relação. Mas a sua vida está prestes a mudar - de todas as maneiras. Quando, num dia de Verão, o seu olhar se cruza pela primeira vez com o de Dinis, Sophia pensa que poderá muito bem ter encontrado o amor da sua vida. Mas, mesmo enquanto descobre a magia dos afectos, há uma tragédia à espera de acontecer. O que parece ter sido um simples desmaio revela-se como o início de uma longa luta, com a descoberta de uma leucemia. E, entre o amor e a morte, Sophia não está disposta a partir sem dar luta... mas será isso o suficiente.
Passado em pleno pico de emoções da adolescência, este é um romance que conjuga dois dos grandes componentes da vida: o amor e a morte. E, vendo-os da perspectiva de uma adolescente, explora-os com todo o impacto que têm na juventude. A história de Sophia é, ao mesmo tempo, a da descoberta do seu primeiro amor e a da sua mortalidade. E, a partir daqui, criam-se as bases para uma história com grande potencial.
Talvez por isso mesmo, por o potencial ser tão vasto, fica a impressão de que tudo é contado de forma demasiado breve. O amor, as amizades, a luta travada contra a doença, a derradeira conclusão... tudo é resumido ao essencial, num conjunto de momentos e revelações importantes, e contados de forma cativante, mas que parecem deixar também bastante por contar. Parte deve-se às inevitáveis limitações de se contar a história - ou grande parte dela - na primeira pessoa. Ainda assim, fica a impressão de que certos aspectos são abordados de forma algo apressada, levando a que algumas mudanças pareçam ser demasiado bruscas.
Há, ainda assim, vários pontos positivos a contrapor a este ritmo acelerado. Primeiro, a escrita, que, bastante simples, mas com um agradável tom introspectivo, confere uma voz credível à protagonista. Depois, o desenvolvimento da história para lá do romance entre os protagonistas, não esquecendo as outras personagens que são importantes na vida de Sophia. E, por último, o cativante crescendo de tensão na forma como o possível resultado da luta contra a doença é apresentado, num delicado equilíbrio entre esperança e resignação que, ao longo do enredo, mantém a impressão de que qualquer final é possível.
Tendo tudo isto em conta, a impressão que fica é a de uma história que talvez pudesse ter sido mais desenvolvida, mas que, apesar disso, proporciona uma leitura cativante e agradável, ao mesmo tempo que leva a reflectir sobre essas tais duas facetas basilares da vida: o amor e a morte. Uma boa leitura, em suma.
Título: Vivo-te
Autora: Mónica Canário
Origem: Recebido para crítica
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