Um fora da lei, um ranger e um caçador de recompensas. Todos convergem para um mesmo destino, onde o confronto lhes poderá ser fatal. Move-os um objectivo bem definido e a certeza quase absoluta de que o mundo pertence aos mais fortes. Mas, numa terra sem lei - ou onde a lei pode ser contornada - e em que as armas são o mais eficaz dos métodos de persuasão, não há lugar para escrúpulos, e muito menos para hesitações. Só a missão, e a necessidade de a levar até ao fim...
Típica história do velho oeste, envolvendo índios, bandidos e caçadores de recompensas, este é um livro que cativa, em primeiro lugar, pela aproximação bem clara ao cinema do género. É fácil visualizar o percurso dos protagonistas e antecipar o inevitável confronto que se seguirá e, contudo, é quase inevitável a vontade de saber mais. E é esta capacidade de cativar o primeiro elemento a sobressair desta estreia onde se conjugam vários pontos fortes e algumas fraquezas.
Começando pelas vulnerabilidades, estas prendem-se essencialmente com dois aspectos. O primeiro tem a ver com a escrita, na qual, apesar da relativa fluidez, surgem uns quantos erros que uma revisão atenta facilmente poderia ter detectado. Não sendo frequentes ao ponto de quebrar por completo o ritmo da leitura, criam, ainda assim uma distracção evitável. A outra fragilidade prende-se com a relativa brevidade do enredo, que leva a que, principalmente na caracterização das personagens, fiquem alguns pontos por explorar. Principalmente no que diz respeito ao passado de Texas Red, mas também a algumas personagens mais secundárias, fica a curiosidade em saber mais, curiosidade essa que, mesmo não faltando nada de essencial ao rumo do enredo, acaba por ficar insatisfeita.
Os pontos fortes são, além da tal capacidade de cativar, também outros dois. A construção das personagens, desde logo, surpreende pelo facto de não haver ninguém perfeito, nem sequer remotamente bom. Pode haver boas intenções nalguns gestos, e chega a haver inclusive, um momento quase emotivo, mas não se pode dizer que haja heróis, o que acaba por ser bastante surpreendente. Mas há também algo de particularmente cativante na estrutura do texto, já que, ao acompanhar a perspectiva dos três protagonistas, o autor abre caminho a uma visão mais ampla daquilo que está para acontecer. E, se é verdade que o final não é propriamente inesperado, a forma como o caminho é construído acaba por lhe conferir uma maior intensidade.
Da soma de tudo isto, fica a impressão de um livro que, apesar dos seus pontos fracos, consegue contar uma boa história e, através dela, proporcionar bons momentos de leitura. Uma estreia interessante, portanto.
Título: Segundo a Lei da Arma
Autor: José Casado Alberto
Origem: Recebido para crítica
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