sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Lunar Caustic (Malcolm Lowry)

Bill Plantagenet tem um problema de alcoolismo e, depois de, ao que tudo indica, ter perdido tudo, dá por si num hospital psiquiátrico, sem perceber muito bem o que aconteceu ou o que o rodeia. É aí que conhece a verdadeira loucura, a de um abismo em que os sãos e os loucos não são assim tão diferentes. E é também aí que percebe que a estrada para a recuperação pode ser impossível quando se tem tão pouco a perder.
Denso, elaborado e tudo menos linear, este é um livro difícil de descrever. Talvez porque, sendo uma história sobre a loucura, confunde, em muitos momentos, a realidade e o delírio, fazendo com que as personagens e os acontecimentos deixem de parecer reais. Ou talvez porque, enquanto reflexo dessa loucura, seja feito mais de momentos do que propriamente de uma linha narrativa definida. Independentemente disso, o certo é que é um livro que, apesar da brevidade, exige máxima concentração e nem assim deixa de ser difícil de assimilar.
Claro que a estranheza faz sentido - e estranheza é coisa que não falta neste livro. O protagonista acaba de aterrar, sem saber bem como, num hospital psiquiátrico, e é apenas expectável que aqueles que o rodeiam reflictam algum tipo de delírio. Mas chega-se a um ponto em que toda a história se funde numa sucessão de histórias improváveis, de momentos delirantes, de uma realidade onde é, afinal, a loucura o elemento universal. 
Sim, isto levanta questões pertinentes, sendo a maior de todas a força ou fragilidade da fronteira que separa a sanidade da loucura. Mas a verdade é que é tal a fusão entre o real e o imaginado na mente das personagens que tudo se torna confuso. E, por causa da confusão, tudo se torna distante. Acaba por ser difícil sentir seja o que for pelas personagens.
No meio de tudo, sobressai a escrita, que, sendo também ela densa e exigente, acaba por cativar pela fluidez com que se adapta aos ritmos confusos do enredo. Nem sempre é fácil compreender a história, e muito menos o é entender as personagens. E, apesar disso, há frases que ficam na memória, e a sensação de uma estranha harmonia na forma como dá voz a tanta loucura.
A impressão que fica de tudo isto é a de um livro confuso, que, no seu estranho reflexo da loucura, se torna, por vezes, quase impossível de assimilar por completo. Ainda assim, há algo de cativante em toda a sua estranheza. E isso basta, apesar de tudo, para prender a atenção.

Título: Lunar Caustic
Autor: Malcolm Lowry
Origem: Aquisição pessoal

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