Quatro livros num. Primeiro, o primeiro conjunto de poemas da autora escrito em inglês. Os outros, a tradução dos seus três livros de poesia escritos em sueco. O que têm em comum? A voz. A mesma voz que funde as mais peculiares visões de uma paisagem com os sentimentos e percepções pessoais da autora. E tudo se soma num conjunto de poemas que é, ao mesmo tempo, estranho e familiar, inesperado e evocativo de lugares aqui tão perto.
Um dos principais aspectos invulgares neste livro é a fusão entre o exterior e o interior, como se os sentimentos e sonhos e impressões e ideias que dão forma à essência pessoal do poema se fundissem na estranha paisagem que nele é descrita. É como ver o mundo por uma lente diferente, que mostra, ao mesmo tempo, o que acontece no interior e o que a mente vê do exterior.
Tudo isto é construído numa série de poemas em que a única estrutura é a forma como as ideias ganham vida. Não há rima, nenhuma imposição de ritmo. E, contudo, as palavras encontram um ritmo próprio. Os versos flúem em uníssono com os pensamentos, emoções e imagens a que os poemas dão vida. E, assim, tudo se torna mais livre, mais natural, mais vivo.
Há, de certa forma, um universo pessoal escondido nestes sentimentos e cenários. E este aspecto pessoal, pode, por vezes, criar uma impressão de distância, como se a voz que vive nos poemas estivesse num lugar muito distante. Mas há também impressões familiares que, em contraste com a distância, criam um equilíbrio interessante. Ela, a voz nos poemas, é ela só e mais ninguém. Mas há algo dela em cada um de nós.
Tudo isto resulta num conjunto muito interessante. Poemas curtos, em que alguns versos bastam para dizer o que é preciso, e poemas mais extensos, que projectam uma imagem ou uma nova e estranha aventura. Alguns brilhantes, outros menos impressionantes, mas todos bastante interessantes. E isso basta para fazer com que todos eles sejam algo que vale a pena ler.
Título: Cuts & Collected Poems 1989-2015
Autora: Maria Haskins
Origem: Ganho num passatempo